No sufoco, Brasil vence os Estados Unidos e se mantém vivo na Liga Mundial

Atualizada às 19h02

Começou com o hino à capela, os gritos e a energia positiva da torcida brasileira. O ambiente era perfeito. O jogo seria daqueles difíceis, contra os atuais vencedores da Liga Mundial, que haviam deixado o Brasil com o vice em 2014. Só a vitória manteria os anfitriões com chance de seguir na competição. E deu certo: o Brasil não decepcionou no Maracanãzinho e venceu os Estados Unidos por 3 x 1 (28/26, 22/25, 25/22 e 27/25), para o delírio de sete mil pessoas nas arquibancadas.

“O Brasil soube sair de uma situação difícil, com uma pressão enorme depois da frustração de ontem (derrota para a França), e conseguiu retornar a essa luta com uma vitória muito importante. Fico feliz pela postura, atitude, coragem e determinação dos jogadores”, disse o técnico Bernardinho.

"Hoje não tinha como dosar a energia. Eu falei pra eles: confiem e vamos. O mais importante foi isso. Tem momentos e momentos. Hoje era o momento de agressividade 500%. Veio um pouco de ansiedade para sair daquele momento difícil (quando os americanos passaram o Brasil no fim do quarto set). Na hora, a única coisa que a gente falava era: não interessa o que aconteça, temos que pensar para frente. A mentalidade de não se preocupar com o que estava dando errado foi muito importante", avaliou Lipe, que incendiou o jogo a partir do meio do terceiro set, quando entrou e não voltou mais para o banco.

A determinação foi o diferencial também na opinião de Evandro. "Eu estava mais tranquilo do que no jogo de ontem, estava jogando mais feliz.A gente entrou com sangue no olho, sabendo que não podia perder. Temos que entrar sempre como hoje", disse.

Evento-teste

As finais da Liga Mundial são também evento-teste para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Estão sendo observados os trabalhos dos voluntários, como boleiros e enxugadores de quadra, o sistema de entretenimento – sobretudo DJ e locutores – e a montagem da quadra. Também estão sendo testados os procedimentos para exames antidoping e o sistema de resultados.

O balanço dos trabalho, até esta quinta, é bastante positivo, segundo Giovane Gávio, Gerente de Competições do Vôlei do Comitê Rio 2016. "Os voluntários já pegaram o ritmo, já estão mais controlados, porque o grande desafio é que eles fiquem tranquilos ao lado dos seus ídolos. Eles estão trabalhando bem. A parte de entretenimento está indo tranquilamente. O retorno que tive dos testes de resultados é sensacional, porque o nível dos jogos e dos jogadores está exigindo bastante deles e era justamente isso que a gente queria. A operação do antidoping começa amanhã. Hoje fizemos a preparação para começar a coleta na sexta", explicou.

A competição também serve de teste para os jogadores, já que passam a conhecer melhor o ambiente de disputa dos Jogos Rio 2016. “É importante, especialmente porque temos muitos jovens jogadores tendo a chance de jogar aqui. É uma boa experiência para eles um ano antes dos jogos”, disse o capitão dos Estado Unidos, David Lee.

A partida

Murilo começou sacando e Evandro fez o primeiro ponto do jogo, após boa defesa brasileira. Com um ace de Lucão e Isac cravando pelo meio, a torcida foi incendiada: Brasil na frente no tempo técnico (8/7). Quando os adversários empataram em 11/11, Bernardinho parou o jogo e o Brasil chegou a 15/13. Com excelente saque, incluindo dois aces consecutivos, Anderson colocou os norte-americanos na frente (15/17). Aí veio uma sequência de empates, de 19/19 a 23/23. No momento crítico, Vissotto – que havia entrado em quadra há pouco tempo – deu o primeiro set point ao Brasil. Os americanos salvaram três chances brasileiras de fechar. Mas Lucão, sozinho, fez o bloqueio que deu o set aos anfitriões: 28/26.

O jogo seguiu equilibrado e, no primeiro tempo técnico do segundo set, o placar indicava 7/8. Concentrado e vibrando muito a cada ponto, o Brasil não perdia o foco. Do outro lado da rede, uma equipe que não perdoava na virada de bola. Ao empatar em 11/11, Lipe – que estava no banco – quase entrou em quadra de tanto vibrar. Também era visível a raça americana: Christenson veio até a arquibancada para salvar uma bola na sequência. Era 15/16 o placar na parada técnica. O Brasil passou à frente, mas por pouco tempo. Um ataque norte-americano que foi para fora, mas tocou no bloqueio - como confirmado pelo desafio de vídeo - levou o jogo a 18/19. Lucão virou bola fundamental para deixar em 19/22, e o excelente saque de Lipe levou a 20/22. Mas os americanos souberam aproveitar a vantagem, com bons bloqueios e defesa funcionando: 22/25.

A maior tensão era evidente no início do terceiro set, dentro de quadra e nas arquibancadas. O jogo continuou ali, um time colado no outro. Evandro estava virando tudo e Bruninho percebeu. Lucarelli ajudando na defesa e Lucão também definindo na rede garantiam os pontos brasileiros, mas a eficiência do ataque americano, principalmente com Anderson, aliada a um excelente saque, não deixaram o Brasil se afastar no placar. Quando Isac empatou em 13/13, a torcida foi à loucura. Mas os norte-americanos foram atrás e chegaram ao segundo tempo técnico na frente (13/16).  O Brasil terminou bem um longo rali e ficou tudo igual: 19/19. Lipe virou e chamou a energia das arquibancadas. Holt levou a 21/21.  O equilíbrio se manteve, cada equipe virando a sua bola até que um ataque para fora deu o set point ao Brasil (24/22). Os americanos pararam o jogo, enquanto a torcida ensurdecia o ginásio. Na volta, o golpe fatal com Lucarelli: 25/22.

Bernardinho manteve Lipe no lugar de Murilo e ele liderou o Brasil no quarto set, definindo no ataque, sacando e defendendo muito bem. Resultado: 8/3 na primeira parada técnica. A vantagem diminuiu para 11/8, mas Evandro garantiu o 12º ponto levando Bruninho para o saque: ace e 13/8. Os Estados Unidos pararam o jogo. O Brasil chegou a 15/8. Nova parada de jogo americana. Os adversários ganharam dois pontos, mas quem seguraria Lipe? Com mais um ataque preciso, o Brasil foi para o segundo tempo técnico em 16/10. Valentes, os norte-americanos chegaram ao empate em 19/19 e passaram o Brasil em 21/22 ao bloquear Lipe. A emoção não faltaria no final, com empates em 24/24 e 25/25. Mas era o dia de Lipe e de toda a equipe brasileira: 27/25.

Com uma vitória – a de hoje – e uma derrota  para os franceses, os brasileiros agora esperam o resultado de Estados Unidos e França, partida marcada para esta sexta (17.07). Em caso  de 3 x 1 a favor dos norte-americanos, as três equipes empatam e a razão de pontos definirá os classificados. Qualquer outro resultado classifica o Brasil. Os dois melhores do grupo avançam às semifinais.

Outro grupo

Polônia e Itália também se enfrentaram nesta quinta. Os poloneses venceram por 3 sets a 1 (25/15, 20/25, 27/25 e 25/20). No dia anterior, os italianos haviam vencido a Sérvia por 3x2. Nesta sexta, enfrentam-se Sérvia e Polônia para a definição dos dois semifinalistas do grupo.

Tabela

Sexta-feira (16.07)

14h05 - Estados Unidos x França

16h05 - Sérvia x Polônia

Sábado (18.07)

10h00 - Semifinal 1

12h05 - Semifinal 2

Domingo (19.07)

9h10 - Disputa do terceiro lugar

11h30 - Final

Carol Delmazo - brasil2016.gov.br