Geral
Madri 2018
"No encalço" dos melhores, Brasil encerra participação no kata por equipe
Sabrina, Carolaini e Izabel são sincronizadas até para entrevistas. Uma pega carona e completa o pensamento da outra. Pudera. Há nove anos as jovens treinam juntas o kata por equipe, modalidade que exige um misto de características que parecem até antagônicas, como leveza e força, equilíbrio e agressividade. E muita, muita sinergia entre as atletas.
Nesta quinta-feira, no Mundial de Caratê de Madri, elas fizeram o que sabem melhor. Na estreia, bateram a seleção dos Emirados Árabes, que fez final recententemente em etapa da Premier League, por 5 x 0. Na sequência, tiveram pela frente o tradicional time da Turquia, frequentador assíduo de pódios no circuito internacional. Escolheram o kata mais ousado, o mais difícil. Fizeram tudo na sintonia certa, mas ainda faltou algo para encantar os árbitros. O resultado foi 4 x 1 para as adversárias.
"A gente fez um papel muito bom. Se o Brasil fosse um pouquinho mais conhecido no cenário internacional, a gente poderia ir até mais longe", avaliou Carolaini Zefino. "Nossa equipe é nova. Tem tempo pela frente para agregar. Aqui tem os melhores de cada país. O que a gente treinou, a gente fez", completou Sabrina Zefino, irmã de Carolaini. "Usamos nosso melhor kata, com maior grau de dificuldade. É um kata explosivo e com delicadeza, sutileza. Exige muito equilíbrio", emendou Izabel Cardoso.
"Nossa equipe é nova. Tem tempo pela frente para agregar. O que a gente treinou, a gente fez"
Sabrina Zefino
Para o técnico Klemerson Chagas, a própria feição das atletas turcas depois da competição contra as brasileiras indica que o trabalho nacional está no caminho correto. "Essas meninas da Turquia sobem ao pódio em muitos eventos internacionais. Hoje saíram até um pouco perdidas, reclamando uma com a outra. A arbitragem foi justa, mas elas sabem que a gente está no encalço", afirmou o treinador, que elogiou o trabalho realizado pelas atletas no estado e no período de trabalho com a seleção.
"Elas fazem o trabalho no dia a dia, no estado delas. Quando chegam para a seleção, tentamos colocar tudo num formato mais profissional de trabalho. Começamos a empregar um sistema tático, estratégico de competição. E isso não é só na escolha do que vão fazer, mas no ritmo. Onde coloca mais força, onde tira. A avaliação do kata se divide na parte técnica (oito critérios) e na parte atlética (quatro critérios). Elas absorveram muito rápido. Com maturidade em cima disso, podem ir ainda mais longe", avaliou.
Filmar para superar
Na primeira fila da arquibancada lateral do Wizink Center, um trio de brasileiros filmava de pertinho toda a atividade no tatame 1 do Mundial. Klemerson Chagas, Brendon Almeida e Guilherme Augusto da Silva captavam cada movimento de atletas e arbitragem não com olhar de fãs, mas de quem quer voltar logo ao Brasil e estudar cada movimento para superar os adversários. O trio que representou o Brasil no kata por equipes caiu na primeira rodada, superado pela equipe da Rússia, vice-campeã europeia, por 5 x 0.
Foram eliminados, mas não perderam tempo. "Na verdade, a gente tem de analisar o nível atlético, o nível técnico de cada equipe, para a gente melhorar e ultrapassar. Por isso a gente grava, não para copiar, mas para sentir a diferença entre uma equipe e outra, o que a arbitragem está gostando mais, qual está se destacando, qual mais forte, mais técnica. Tem todo um contexto", afirmou Guilherme.
"Este é o meu segundo Mundial. Estava com o Guilherme em 2016. De lá para cá, muita coisa mudou. Teve equipes que a gente viu há dois anos e os caras estavam em outro nível. Apareceram aqui batendo mais forte, mais rápidos. Esse é o nosso objetivo: observar para ser superior. Corrigir o que houve de errado. E sempre pensar em evoluir", disse Brendon.
Estreante em mundiais, Lucas Santos também captava cada detalhe para não deixar a chance escapar. "É meu primeiro Mundial adulto. Tudo é diferente. É alto demais o nível. Um outro universo. Demos o nosso melhor, mas não deu dessa vez", afirmou o atleta, que treina com os outros dois em Jaboticabal (SP). A definição dos campeões por equipe, no masculino e no feminino, será no domingo.
Galeria do kata no Mundial de Caratê Madri 2018: imagens disponíveis em alta resolução para uso editorial gratuito (crédito obrigatório: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br)
Flickr do Ministério do Esporte: imagens disponíveis em alta resolução para uso editorial gratuito (crédito obrigatório: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br)
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Gustavo Cunha, de Madri, na Espanha - rededoesporte.gov.br