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05/06/2016 13h16

Tour da Tocha

Natal se enche de estrelas na condução da tocha olímpica

Evento permitiu relembrar ao resto do país atletas que tiveram uma carreira bem sucedida nas esferas olímpicas e paralímpicas

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Maria Rizonaide, do halterofilismo paralímpico, antes de conduzir a tocha. Foto: Brasil2016.gov.br
São Pedro até ameaçou colocar em xeque o título que faz de Natal um dos principais atrativos turísticos do Nordeste brasileiro. Mas o sábado (4.05) de revezamento da tocha olímpica na Cidade do Sol foi de azul no céu e uma constelação de estrelas do esporte no asfalto ao longo de 29 km percorridos pelo símbolo dos Jogos Rio 2016. A capital potiguar recebeu seus filhos ilustres, atletas olímpicos e paralímpicos, responsáveis por engrossar o quadro de medalhas no país na história do maior evento esportivo mundial.

Os bronzes de Virna do vôlei em 1996 e 2000 e as conquistas e superações de Oscar Schmidt - na vida e no basquete - se somaram às 11 medalhas paralímpicas já contabilizadas pelo nadador Clodoaldo Silva e a ascendente carreira da halterofilista paralímpica Maria Rizonaide para mostrar que Natal revelou ao resto do país vitoriosos em suas modalidades. Ao todo, 110 pessoas transportaram a chama olímpica pela cidade.

O sol forte que serviria de atrativo para levar moradores e turistas à praia, na verdade, encheu as calçadas de pessoas interessadas em fazer parte do histórico momento. Natal contou com uma grande plateia em quase todo o percurso.

Se é possível eleger um dos pontos altos do revezamento na Terra do Sol, o beijo das tochas de duas das maiores estrelas esportivas do país foi um deles. O encontro da ex-jogadora da Seleção Brasileira de Vôlei Virna Dias com Oscar Schmidt do basquete foi bastante esperado. Primeiro, Virna percorreu com a tocha o trecho que passava em frente à maternidade onde nasceu. "Passa um filme pela minha cabeça de quando eu, ainda menina, comecei a minha carreira de jogadora aqui", recordava.

O Mão Santa Oscar conduz o símbolo olímpico em Natal. Foto: brasil2016.gov.br

Essa não foi a primeira vez que o também potiguar Oscar conduziu uma tocha. Em Atenas, Londres e Vancouver, o Mão Santa experimentou a sensação de participar de um evento similar. Ele, no entanto, garantiu que a sensação em fazê-lo agora no Brasil - e, principalmente na cidade onde nasceu - foi bastante particular. "No momento em que se conduz a tocha acesa você se sente e se torna único. É uma felicidade enorme que não cabe no peito".

Virna, bronze com o vôlei nas Olimpíadas de Atlanta (1996) e Sydney (2000), foi uma das condutoras na capital potiguar. Foto: Brasil2016.gov.br

Menino de ouro

Na infância, o garoto Clodoaldo não recebia tratamento diferenciado em casa. Se andava nos trilhos, ganhava afagos. Se saía, não era poupado dos puxões de orelha. O garoto da vila Mãe Luiza - um bairro pobre e até então dominado pela violência - cresceu, batalhou, prosperou e se consolidou como um dos principais nomes da natação paralímpica no Brasil. Este ano, Clodoaldo Silva, de 37 anos, "pendura a sunga" e se aposenta das piscinas para se dedicar ao jornalismo e às palestras motivacionais que já faz pelo país. "Nunca me percebi como coitadinho e sou feliz por ter o privilégio de conduzir a tocha na minha maravilhosa Natal", disse o sorridente e falante atleta no sofá da casa da mãe, onde recebeu a equipe do Brasil2016.

Clodoaldo se orgulha quando se referem a ele como o brasileiro que conquistou medalhas, mas se sente ainda mais realizado quando se lembram dele como o morador de Mãe Luiza que venceu o ambiente hostil da criminalidade e venceu. "É uma prova de que todos podemos superar as dificuldades e limitações e ir além."

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Vital cuida da saúde dos atletas paralímpicos para ajudar o Brasil a chegar à meta do Top 5 nos Jogos do Rio. Foto: Brasil2016.gov.br

Cuidados pelo Top 5

O sucesso ascendente da equipe de atletas paralímpicos no Brasil tem o dedo do coordenador médico do Comitê Paralímpico Brasileiro, Roberto Vital. Ele é o responsável pelo cuidado daqueles que fazem parte da natação, do tiro, do atletismo, do halterofilismo e da esgrima. A meta é colocar o Brasil este ano entre os cinco melhores do mundo nos Jogos Paralímpicos.

Vital foi um dos últimos a conduzir a tocha, e repassou a chama ao medalha de ouro do vôlei em Barcelona (1992) e ex-jogador Douglas Chiarotti. E São Pedro até que tentou, mas todo o sol que manteve firme o tempo durante o dia se inverteu a dez minutos do acendimento da pira olímpica por Clodoado no largo da Arena das Dunas, que foi palco da Copa do Mundo de 2014, já no começo da noite. "Às vezes uma pessoa que seria um coitadinho e que ficaria dentro de casa sem fazer nada vê sua vida transformada pelo esporte e acaba virando um melhor do mundo, como o Clodoaldo", elogiou ele, que participará este ano de sua quarta olimpíada.

Investimentos

Em Natal, 23 atletas de modalidades olímpicas e 2 de modalidades não olímpicas são patrocinados pelo Bolsa Atleta, programa de incentivo ao esporte do governo federal. Outros três são patrocinados pelo Bolsa Pódio, benefício destinado àqueles de mais alto rendimento e vitórias. Desde 2014, a cidade conta com uma pista reformada de atletismo e um campo de futebol. As obras foram possíveis graças a uma parceria do Ministério do Esporte com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O aporte foi de R$ 11,8 milhões.

Neste domingo (5.6) o cenário por onde passará a chama olímpica será de encher os olhos: durante quase todo o dia, a tocha percorrerá as praias deslumbrantes do arquipélago de Fernando de Noronha.

Hédio Ferreira Júnior, de Natal (RN) - brasil2016.gov.br