Atletismo
#PódioTodoDia
Natação faz jus a título de carro-chefe e conquista mais duas pratas nas Paralimpíadas
Nas redes sociais os brasileiros pedem: #PódioTodoDia. Dentro da piscina do Estádio Aquático do Parque Olímpico da Barra da Tijuca, os atletas brasileiros cumpriram, pela segunda noite seguida, o desejo da torcida. Foram duas medalhas de prata na noite desta sexta-feira (09.09). A primeira foi com Phelipe Rodrigues. O nadador subiu ao pódio nos 50 metros livre S10. A segunda foi conquistada pelo quarteto formado por Clodoaldo, Daniel Dias, Joana Maria e Susana Ribeiro, na prova de revezamento 4x50m estilo livre misto.
A prova mista, que encerrou a segunda noite de natação, levantou a torcida. A equipe brasileira entrou na água com o incrível histórico de 30 medalhas Paralímpicas na soma de conquistas dos atletas. Dos medalhistas do revezamento, três recebem o apoio financeiro do Bolsa Pódio e um Bolsa Paralímpica do Ministério do Esporte.
"O meu caminho até aqui foi difícil. Passa um filme na cabeça da gente. Eu lembrei de tudo que aconteceu, toda a minha luta para estar aqui. Essa medalha tem um valor muito especial. A natação paralímpica é a minha vida. Quero agradecer muito a minha família, ao meu técnico Felipe, que me ensinou a nadar de novo e me ajudou a estar aqui. Essa medalha é para eles", dedicou Susana Ribeiro, de 48 anos, que sofre de múltipla falência dos sistemas. Uma doença rara que deteriora dois ou mais órgãos e afeta a mobilidade.
Gaúcha de Porto Alegre, Susana ficou emocionada ao recordar das superações que a impulsionaram até o pódio. "Tenho muita falta de coordenação motora. Então, tenho que pensar muito no que eu estou fazendo. Eu estava muito concentrada, não olhava para ninguém só para a piscina. Assim, o dia 9 de setembro de 2016 é o dia mais especial da minha vida", comemora.
A prova foi vencida pela China, com direito a quebra de recorde mundial, com o tempo de 2min18s03. O bronze foi para a Ucrânia, com 2min30s66.
Phelipe
A segunda medalha de prata foi conquistada por Phelipe Rodrigues, na prova dos 50 metros livre S10, com o tempo de 23s56. Foi o quarto pódio Paralímpico na carreira do atleta, que recebe o patrocínio financeiro do Ministério do Esporte por meio da Bolsa Pódio.
"Eu esperava uma medalha de uma cor diferente, uma medalha de ouro. Eu queria fazer o melhor tempo da minha vida, mas foi uma sensação indescritível estar aqui representando o Brasil. Ganhar uma medalha na frente da nossa nação, do povo brasileiro, que é um povo que gosta de festa, é surreal. Acredito que ainda virão muitas coisas boas pela gente", disse.
No Rio 2016, Phelipe Rodrigues disputa mais três provas, entre elas a de 100m livre, sua especialidade. A medalha de ouro no 50m livre ficou com o atleta da Ucrânia Maksym Krypak, com o tempo de 23s33. O bronze foi para Denys Dubrov, 23s75.
Por três centésimo de segundos
Na final dos 50 metros livre, o Brasil quase teve dois atletas no pódio. André Brasil, que estreou no Rio 2016, ficou a três centésimos de segundo do pódio, ao cravar 23s78, que garantiu a quarta colocação. "Eu não sei o que aconteceu. A prova não encaixou. Essa é a melhor explicação. Tenho certeza de que poderia fazer muito melhor. Erros acontecem e não vou tirar os méritos dos adversários, do meu companheiro de trabalho, Philipe, que é meu amigo. Mérito daqueles que souberam aproveitar as oportunidades", avaliou.
O nadador é o atual recordista mundial nos 50, 100 e 800 metros estilo livre e nos 50 e 100 metros borboleta. O atleta conta com sete medalhas de ouro em Jogos Paralímpicos.
Outros brasileiros
Oito brasileiros entraram na piscina do Parque Aquático na noite desta sexta (09). Talisson Glock foi primeiro a pular na água. O catarinense disputou a prova dos 50 metros borboletas S6, prova que não é a sua especialidade. Ele terminou na oitava colocação, com o tempo de 33s14. O pódio foi todo Chinês. Com o recorde paralímpico, 29s89, Qing Xu levou a medalha de ouro. A prata foi para Tao Zheng (29s93) e o bronze para Lichao Wang (30s95).
"Eu sabia que não tinha chance de medalha. A prova não é minha especialidade. Eu uso ela pensando nos 200m medley. Foi uma boa prova, pois nadei perto da minha marca pessoal. Não gostei do meu 100m costas de ontem e hoje consegui colocar a cabeça no lugar", analisou Talisson.
Para o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Andrew Parsons, o desempenho dos chineses nas Paralimpíadas é incrível. "A gente está sempre preparado para eles virem com surpresas. Eles usam como estratégia ficar quatro anos competindo praticamente dentro da China, pouco internacionalmente. Os nadadores disputam somente o necessário fora do país para conseguir a classificação para os Jogos. Eles têm 200 milhões de pessoas com deficiência e trabalham muito bem o esporte paralímpico", informou.
Na prova feminina de 100 metros livre S10, o Brasil foi representado por Mariana Ribeiro. A nadadora terminou na sétima colocação, com o tempo de 29s30.
Apoio
Desde 2010, o Ministério do Esporte celebrou 17 convênios com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que somam R$ 67,3 milhões. Os convênios contemplam a preparação das seleções permanentes de várias modalidades, entre elas a natação. A preparação incluiu a realização de treinamento no Brasil e no exterior e a participação em competições internacionais.
A natação é a segunda modalidade que mais rendeu glórias ao Brasil ao longo das edições dos Jogos Paralímpicos. Ao todo, o país soma mais de 80 pódios. Na primeira edições dos Jogos, em Stoke Mandeville 1984, foram sete medalhas.
Breno Barros e João Paulo Machado - brasil2016.gov.br