Tenis de mesa
Budapeste 2019
Mundial de Tênis de Mesa esquenta briga por última vaga na Seleção que vai ao Pan
O Campeonato Mundial de Tênis de Mesa, que teve início neste domingo (21.04) em Budapeste, tem significado adicional para três atletas da Seleção Brasileira masculina. Vitor Ishiy, Eric Jouti e Thiago Monteiro sabem que dependem de boas performances na Hungria e nos próximos quatro eventos do circuito internacional, na Eslovênia, na Croácia, na Sérvia e na China, para conquistarem a última vaga disponível nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, que serão entre 26 de julho e 11 de agosto.
Isso porque há um limite de três inscrições. Hugo Calderano, sétimo do mundo, e Gustavo Tsuboi, número 40 na listagem da Federação Internacional (ITTF na sigla em inglês), estão virtualmente garantidos por ranking. Assim, o trio disputa uma última vaga no megaevento continental, a ser definida por critérios técnicos. A posição é mais do que estratégica, porque tem o potencial de servir de ensaio para a montagem da equipe que vai aos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, em 2020, caso o Brasil confirme a classificação do time nas competições pré-olímpicas.
Coincidentemente, os três foram os representantes nacionais nos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba, na Bolívia, em 2018. Na ocasião, Vitor venceu o torneio individual, os três conquistaram juntos o troféu por equipes, a dupla entre Vitor e Eric Jouti faturou o bronze e Vitor e Bruna Takahashi foram ouro na dupla mista.
"É uma escolha técnica. Todos os eventos e a atuação deles nas próprias ligas têm importância. É uma boa concorrência"
Francisco Arado, o Paco, técnico da seleção brasileira masculina
Eric (24 anos) e Vitor (23 anos) são representantes da nova geração do tênis de mesa nacional. Thiago Monteiro encarna a experiência. Com 37 anos e mais de uma década de bons serviços prestados à seleção, vem de uma bela apresentação no Aberto do Catar, em que venceu três adversários bem ranqueados e só caiu na chave principal diante do sul-coreano Jang Woojin, número 10 do mundo.
"Dentre os jogadores que estão nessa coisa de jogar em nível internacional, todos temos esse objetivo de Pan e Olimpíada. Nunca escondi isso de ninguém. São os eventos mais importantes. Mas, por outro lado, o meu foco é o dia a dia, o meu trabalho no meu clube, a minha preparação, os treinamentos para chegar em alto nível nos torneios", afirmou Thiago, 91° do ranking mundial.
Ele e Vitor Ishiy (126° na listagem da ITTF) estreiam ainda neste domingo na chave individual do Mundial. Vitor está no Grupo 35. Encara o neozelandês Nathan Xu na primeira partida, a partir das 12h45 (de Brasília). Na segunda-feira, conclui a fase de grupos diante de Abiodun Lawal, do Congo. Apenas o primeiro colocado do grupo segue para a chave principal do torneio, com 128 atletas. "Estar em Mundial já é uma grande motivação, mas ter essa briga interna é um incentivo. Somos amigos, nos damos muito bem. Cada um está buscando seu espaço, mas é uma disputa saudável e que me motiva", disse Vitor, que hoje atua na primeira divisão da Liga Francesa. Thiago encara Haitham Al-Mandhari, de Omã, pelo Grupo 10.
Melhor ranqueado entre os três, na 74ª posição, Eric Jouti afirma que prefere não se pautar pela disputa, mas pelos objetivos individuais nas competições. "A motivação de cada um tem de vir de dentro. É boa a concorrência. Ajuda bastante a ficarmos sempre ligados. A não nos deixarmos ficar confortáveis, mas prefiro não ficar pensando nisso. O Mundial é muito grande e importante. Cada um quer mostrar serviço. Se eu puder jogar bem e conseguir ganhar de 'top players' será bom para minha carreira e para continuar na seleção", disse o atleta, que já estreia no Mundial individual na chave principal, na terça.
Responsável pela definição do trio nacional, Francisco Arado, o Paco, tem até meados de junho para "bater o martelo", mas preferia poder contar com pelo menos um reserva. "Essa exigência de três é dos organizadores, mas é ruim para nós não termos reserva. E se alguém de machuca?", questiona o treinador. "De qualquer forma, o Calderano, sétimo do mundo, está dentro. O Tsuboi, hoje número 40, pelo que tem mostrado, também. Os outros estão brigando. É uma escolha técnica. Todos os eventos e a atuação deles nas próprias ligas têm importância. É uma boa concorrência", disse o treinador.
No feminino, a decisão do técnico Hugo Hoyama é um pouco mais facilitada. Como o Brasil só tem três representantes no Campeonato Mundial, a tendência é que Bruna Takahashi, Jessica Yamada e Lin Gui sejam referendadas como as representantes nacionais nos Jogos Pan-Americanos de Lima.
Investimento
Sete dos oito atletas brasileiros em Budapeste integram atualmente o Bolsa Atleta, programa da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, num investimento estimado em R$ 274 mil por ano. Jéssica Yamada, assídua como bolsista entre 2010 a 2017, é a única que não está atualmente vinculada.
No ciclo olímpico atual rumo aos Jogos de Tóquio, o tênis de mesa já teve 395 atletas contemplados pelo programa, com R$ 5,6 milhões em investimentos. Atualmente, há 247 inscritos, com 125 atletas olímpicos, 112 paralímpicos e outros dez no Bolsa Pódio (Calderano e nove esportistas paralímpicos).
Galeria de fotos (imagens disponíveis para download em alta resolução e uso editorial gratuito. Crédito: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br)
Gustavo Cunha, de Budapeste, na Hungria - rededoesporte.gov.br