Halterofilismo paralímpico
Jogos Paralímpicos
Motivado pelo filho-treinador, Joseano Felipe está perto da vaga no halterofilismo
“Eu tinha um treinador e ele saiu para outros compromissos. Quem está me treinando é meu filho. Como ele está cursando a faculdade de Educação Física, encaixou. Isso para mim foi um estímulo a mais. Já era motivado. Com ele junto, a motivação a foi a mil. Ele me dá disposição direto”, explica o atleta, que é paraibano, mas mora em Natal desde pequeno.
A mudança de técnico foi feita em novembro de 2014. Segundo o halterofilista, nunca “o peso subiu na barra de forma tão rápida”. Ótimos resultados vieram, como o ouro no Parapan de Toronto, no Canadá. Enquanto o filho dita o ritmo dos treinos, estabelecendo metas e não deixando baixar a disposição do pai, a comissão técnica da seleção acompanha a distância e cuida dos ajustes técnicos.
“Sempre que o Joseano tem uma dúvida, ele manda e-mail, manda vídeo e nós vamos acompanhando. Uma vez a cada seis semanas, a seleção treina por cerca de 10 dias. O filho ajuda na performance, na motivação. A correção técnica é feita com a seleção. Um exemplo de ajuste: ele pegava na barra de forma muito fechada e isso facilitava o desequilíbrio. Testamos uma pegada mais aberta com ele e melhorou”, explicou Valdecir da Silva, técnico da equipe brasileira que trabalha no Centro de Treinamento de Itu (SP).
Da depressão ao pódio
Joseano é policial militar aposentado. Em novembro de 2000, estava na operação para tentar barrar a fuga do bando de Valdetário Carneiro, famoso criminoso nordestino, do presídio de Alcaçuz, no Rio Grande no Norte. Baleado na troca de tiros, ele ficou paraplégico. Sem o movimento das pernas, a depressão atingiu Joseano. E foi o esporte o responsável pela mudança de vida.
“Foi coincidência. Fui fazer hidroterapia em Natal, e no local tinha uma associação, a Sadef (Sociedade Amigos do Deficiente Físico). Um rapaz viu meu perfil e perguntou se eu queria treinar. Até então eu vivia em depressão, não saía nem na frente de casa. O esporte que me voltou à vida novamente”, contou.
Isso ocorreu em 2005. O primeiro campeonato que Joseano disputou foi no Rio, de onde voltou com o vice-campeonato. Onze anos depois, o halterofilista saiu do evento-teste feliz com o recorde das Américas, mas determinado a melhorar a marca. Atualmente, ele está em sétimo no ranking paralímpico. Como há dois chineses na frente e só vai um atleta por país, hoje ele estaria com a sexta das oito vagas para o Rio 2016. O ranking fecha em 29 de fevereiro e Joseano ainda competirá uma vez. A oportunidade será na etapa de Kuala Lampur da Copa do Mundo, na Malásia, de 24 a 28 de fevereiro.
“Até a Malásia não pode ter folga. Fui (para o evento-teste) pra fazer 210kg. Já venho fazendo nos treinos. Faltou um pouco da técnica no final, mas é coisa que se conserta no treino. Não posso deixar essa chance de ir para as Paralimpíadas escapar de jeito nenhum”, disse.
Carol Delmazo, brasil2016.gov.br