Você está aqui: Página Inicial / Notícias / Melitina Staniouta treina contra o nervosismo e as rivais russas para o Rio

Ginastica rítmica

20/04/2016 16h18

EVENTO-TESTE

Melitina Staniouta treina contra o nervosismo e as rivais russas para o Rio

Terceira do mundo em 2015, bielorrussa é a principal atração do torneio de ginástica rítmica nesta quinta-feira, na Arena Olímpica

Por trás de todo sonho e do glamour que envolvem uma experiência em Jogos Olímpicos, a participação no maior evento esportivo do mundo pode ser emocionalmente bem complicada. Foi o que aconteceu há quatro anos, em Londres, com a bielorrussa Melitina Staniouta. “Eu estava muito estressada. As Olimpíadas são muito estressantes. Eu me lembro que, na minha primeira apresentação, eu respirei antes do começo e fiz a pose inicial, aí vi escrito ‘London 2012’. Escutei meu coração batendo, foi muito difícil”, recorda. 

Naquele ano, a atleta terminou em 12o lugar no individual geral da ginástica rítmica. Hoje, aos 22 anos e com o retrospecto de três medalhas de bronze conquistadas em campeonatos mundiais na soma dos aparelhos, incluindo Stuttgart em 2015, Melitina treina muito para que sua história no Rio de Janeiro, em agosto, seja outra. “Eu tenho que fazer tudo que eu posso e um pouco mais”, define.

Melitina Staniouta em ação durante os Jogos Europeus de 2015, em Baku (Azerbaijão). Foto: Richard Heathcote/ Getty Images

“Meus treinos são muito pesados. É a minha segunda Olimpíada e não sei qual treino foi mais pesado, o de quatro anos atrás ou o de agora. Acho que o de agora porque não sou mais tão nova para a ginástica rítmica, sou uma das mais velhas. Há as lesões, o cansaço”, explica. “Treino nove horas por dia: cinco de manhã e quatro à tarde. É muito difícil”, conta a ginasta, já garantida nos Jogos. “Se eu não amasse realmente a ginástica como eu amo, eu não poderia administrar tudo isso. Então acho que é só por amor”, ressalta. 

No caminho até o pódio olímpico, contudo, Melitina sabe que precisará enfrentar a soberania das russas na modalidade. Yana Kudryavtseva e Margarita Mamun, ouro e prata no Mundial de 2015, respectivamente, deverão desembarcar no Rio como as favoritas. “Todas as pessoas podem cometer erros. As Olimpíadas são a competição mais inesperada. Então, dedos cruzados e vou fazer o meu trabalho”, afirma a bielorrussa.

Foto: Ana Cláudia Felizola/ brasil2016.gov.br

Sem as rivais por perto, Melitina é a grande favorita do evento-teste de ginástica rítmica nesta quinta-feira (21.4), na Arena Olímpica, no Rio de Janeiro. “Sei que estarei aqui nas Olimpíadas, então aqui eu quero conhecer a arena e aproveitar, por que não? Eu espero que tenha mais público do que ontem (terça) porque no trampolim tinha pouca gente”, deseja.

Encantada com sua primeira visita ao Brasil, a atleta espera contar com a animação da torcida. “Comparados a Londres e aos britânicos, os brasileiros têm mais emoção. Eu vejo as pessoas sorrindo, dançando, aqui tem sol, mar”, diverte-se. “Eu estive na Colômbia em 2009 e foi legal, mas aqui no Brasil... uau! Ontem fui à praia. Sinto muita falta do mar porque nós não temos na Bielorrússia, sinto falta do sol”, conta.

Sabendo das responsabilidades que terá nos próximos meses até os Jogos, a ginasta quer aproveitar a viagem para também marcar presença nos pontos turísticos do Rio de Janeiro. “Quero muito ir à estátua do Cristo porque durante as Olimpíadas nós só teremos treinos, treinos, treinos e estresse. Espero estar viva depois disso!”, brinca. “Então quero aproveitar o máximo que eu puder agora”, acrescenta.

“Eu me lembro de ter quatro ou cinco horas no centro de Londres e de correr para o Big Ben e a London Eye para ver algo”, relembra sobre os dias vividos na Grã-Bretanha em 2012.

Apesar do nervosismo da estreia olímpica, Melitina guardou boas recordações dos Jogos. “Lembro da cerimônia de encerramento, com o Pelé e a Alessandra Ambrósio do Brasil. Quando fecho meus olhos, ainda vejo os fogos e a fênix da cerimônia de encerramento”, relata.

Início aos três anos 

Melitina Staniouta não passava de uma criança quando foi fisgada pelo mundo esportivo. “Sempre falo que não fui que escolhi a ginástica rítmica, mas ela que me escolheu. Quando eu tinha três anos, eu estava andando com a minha mãe perto de um centro esportivo, e minha primeira técnica me viu e disse ‘vamos tentar’. E agora estou aqui. Isso foi em 1996”, detalha.

Duas décadas depois, a bielorrussa tenta administrar as emoções e o intenso calendário de competições. “Depois do evento-teste, tenho o Grand Prix, na República Tcheca. Aí vou para Romênia, Minsk, Espanha, e para o Campeonato Europeu em Israel”, contabiliza, com foco na preparação para os Jogos. “Eu tento não pensar nisso como algo estressante. Tenho sorte de estar aqui, de sentir tudo da arena. Claro que estarei nervosa para as Olimpíadas, mas tento ficar o mais calma que eu posso”, comenta Melitina, que no evento-teste já apresentará uma nova série nas maças, montada há apenas uma semana.

Em relação à pouca tradição da ginástica rítmica no Brasil, sobretudo quando comparado às grandes potências da modalidade, Melitina acredita que país possa evoluir. “Acho que é só trabalhar mais um pouco, ganhar mais experiência. Eu me lembro da Copa do Mundo em Minsk, em 2013, quando as meninas do Brasil conquistaram um bronze no conjunto. Elas podem fazer mais com o tempo”, acredita. 

Ana Cláudia Felizola – brasil2016.gov.br