Judô
LIMA 2019
Meio japonês, meio brasileiro, Eduardo Yudy leva o ouro nos 81kg do judô
Ele nasceu no Japão, berço do judô, e ali morou até os 19 anos de idade. Foi no Brasil, contudo, que Eduardo Yudy Santos (81kg) efetivamente cresceu e despontou na modalidade. No ano passado, conquistou o bronze no Grand Prix da Tunísia e o ouro no Mundial Militar, no Rio de Janeiro. Em abril deste ano, foi bronze no Campeonato Pan-Americano, também em Lima, resultado que apenas prepararia o terreno para o desempenho deste sábado (10.08), quando o judoca se consagrou, em uma final de 19 segundos, campeão dos Jogos Pan-Americanos.
“Eu estava bem focado para conseguir essa medalha para o Brasil. Antes de entrar para a final, eu já sabia o que eu queria fazer. Só não sabia se ia dar certo”, brinca Yudy, que nunca havia lutado com o dominicano Medickson Cortorreal. A estratégia deu tão certo que o atleta, hoje aos 24 anos, venceu o rival por ippon no primeiro golpe que aplicou.
Antes de chegar à decisão, Yudy já tinha derrotado o argentino Luis Vega nas quartas de final, ao forçar duas punições no tempo regulamentar e conseguir um waza-ari no golden score. Em seguida, ainda superou o norte-americano Jack Hatton na semifinal, também no tempo extra. Os bronzes da categoria ficaram com Adrian Gandia, de Porto Rico, e Jorge Martinez, de Cuba.
O caminho para o ouro passou por alguns ensaios de competições durante os treinos. Yudy convocava um colega para ser o adversário, e outro para fazer as vezes do árbitro do confronto. Tudo para a situação parecer um pouco mais real. “Praticamente todos os dias eu fazia uma competição, com árbitro e tudo. Acho que isso fez diferença para eu conseguir administrar bem a luta”, avalia o atleta. “Eu tinha muita dificuldade de levar a competição. Era muito forte no ataque, porém não conseguia segurar a luta inteira”, explica.
Apesar de ter nascido no Japão, Eduardo Yudy é filho de pais brasileiros. A avó materna, esta sim japonesa, estava trabalhando no país asiático quando os pais de Yudy decidiram passar um tempo por lá. Após o nascimento do filho, acabaram não voltando para o Brasil. O retorno do atleta foi motivado pelo judô, curiosamente em um caminho contrário ao que seria esperado na arte marcial.
“No meu primeiro ano de faculdade, surgiu a oportunidade de lutar no Brasil, na seletiva júnior. Eu abracei essa oportunidade, ganhei e entrei na seleção. Vi que tinha uma grande possibilidade para o futuro. Tranquei a faculdade, larguei tudo e vim para o Brasil”, conta. Se no judô ele sabia o que fazer, com o idioma não seria tão simples assim. Apesar da família, Yudy não sabia falar quase nada de português. Sobre o Hino Nacional para cantar no pódio? “Eu enrolo um pouco”, brinca.
Na culinária, contudo, ele se encontrou. “Gosto muito de comida brasileira. Quando eu lutava no Japão, era muito fininho. Lutava no 81kg, mas pesava 76kg. Meu técnico me levava para comer para tentar me engordar e não dava certo. Quando cheguei no Brasil, engordei 10kg”, relembra, animado. “Hoje em dia me sinto mais brasileiro do que japonês. Já me acostumei muito com o Brasil e não quero sair. Quando vou para o Japão, aproveito bastante, a comida de lá também é muito boa, mas me considero mais brasileiro”, afirma o judoca.
Aléxia é bronze
Ainda neste sábado (10), Aléxia Castilhos (63kg) conquistou a medalha de bronze para o país. A brasileira venceu a norte-americana Hannah Martin, nas quartas de final, por waza-ari, mas sofreu um ippon da venezuelana Anriquelis Barrios na semifinal, caindo para a disputa do bronze. Para se garantir no pódio, derrotou Estefania Garcia, do Equador, por waza-ari.
“Lógico que queria ter trazido o ouro, mas estou muito feliz com o terceiro lugar. Isso representa um pouco da minha caminhada e o tanto que eu estou crescendo”, comemorou. O ouro ficou com a cubana Maylin Del Toro, a prata com a venezuelana Anriquelis Barrios, e o outro bronze com a americana Hannah Martin.
Nos 90kg, Rafael Macedo estreou com um ippon, em apenas 18 segundos, em cima de Mohab El Nahas, do Canadá. Na semifinal, contudo, não conseguiu superar o vice-campeão mundial Ivan Morales, de Cuba, sofreu três punições e foi para a disputa do bronze. Diante de forte torcida rival, Macedo foi derrotado pelo peruano Yuta Galarreta e terminou em 5o lugar. O ouro da categoria ficou com o cubano Iván Silva, a prata foi para o colombiano Francisco Balanta, e o outro bronze, para o canadense Mohab El Nahas.
Já Ellen Santana (70kg) não teve vida fácil. Nas quartas de final, foi superada por waza-ari pela venezuelana Elvismar Rodriguez, atleta que terminaria com a medalha de ouro. Já na repescagem, não conseguiu derrotar Ebony Drisdale, da Jamaica, terminando a participação no Pan em 7o lugar. A prata foi para a colombiana Yuri Alvear, e os bronzes ficaram com Onix Cortés, de Cuba, e Maria Perez, de Porto Rico.
Neste domingo, último domingo dos Jogos Pan-Americanos, o Brasil terá a bicampeã mundial e duas vezes bronze nos Jogos Olímpicos, Mayra Aguiar (78kg), em ação. Beatriz Souza (+78kg) e David Moura (+100kg), ouro em Toronto 2015, completam o elenco brasileiro no encerramento do judô. As preliminares serão a partir das 11h, e as finais, às 13h (horários de Brasília).
Investimentos
Dos 13 atletas convocados, dez são beneficiados pelo programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, sendo seis na categoria Pódio. Ao todo, o investimento anual é de R$ 919,5 mil no grupo que compete em Lima. Além disso, onze judocas são das Forças Armadas.
Programação
(Horários de Brasília)
Domingo (11)
- Mayra Aguiar (78kg)
- Beatriz Souza (+78kg)
- David Moura (+100kg)
11h – Preliminares
13h – Finais
Ana Cláudia Felizola, de Lima, no Peru – rededoesporte.gov.br