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Canoagem paralímpica

03/09/2021 04h41

Canoagem

Luís Cardoso conquista no caiaque a primeira prata da paracanoagem do Brasil em Jogos Paralímpicos

Depois do quarto lugar na KL1 200m na Rio 2016, atleta fica atrás apenas do favorito da atualidade, o húngaro Peter Kiss. O brasileiro ainda vai brigar por pódio na canoa VL2

O piauiense Luís Cardoso fez história na paracanoagem brasileira na manhã desta sexta-feira, (3.09), no Sea Forest Waterway, em Koto. O atleta conquistou a primeira prata da paracanoagem velocidade do Brasil em Jogos Paralímpicos na final do caiaque KL1 200m. O primeiro lugar foi do húngaro Peter Kiss, favorito da competição e que cruzou a linha de chegada com novo recorde paralímpico. O bronze foi do francês Remy Boulle. Agora, o brasileiro tem mais um desafio pela frente, dessa vez na segunda categoria em que compete: a canoa VL2. A disputa será neste sábado (4.09).

Luís Cardoso no pódio em Tóquio: evolução. Foto: Helano Stuckert/ rededoesporte.gov.br

Na estreia em Jogos Paralímpicos, na Rio 2016, ano que se disputou a modalidade pela primeira vez, Luís ficou em 4º lugar KL1 200m. No primeiro dia das competições em Tóquio, foi direto para a final. Nos últimos 15 segundos da bateria eliminatória, assumiu a dianteira contra Boulle e se classificou direto. Na final, contudo, o favoritismo do húngaro se confirmou.

“A sensação é indescritível porque foram muitos dias de trabalho duro, tanto no físico como no psicológico, em duas categorias diferentes. A canoa e o caiaque possuem técnicas distintas, e junto com toda a equipe que me acompanha, vejo que toda essa dedicação deu certo e que estamos no caminho certo"
Luís Cardoso

“A sensação é indescritível porque foram muitos dias de trabalho duro, tanto no físico como no psicológico, em duas categorias diferentes. A canoa e o caiaque possuem técnicas distintas, e junto com toda a equipe que me acompanha, vejo que toda essa dedicação deu certo e que estamos no caminho certo. Eu já sabia que o húngaro poderia ganhar, mas estou feliz com a minha evolução. Agora é focar no que posso melhorar para 2024. Em 2016, perdi por centésimos porque a minha largada não era boa. Aprimorei, treinei muito e acho que foi o que fez diferença aqui em Tóquio. A meta agora é baixar o tempo”, assinala Luís que terminou a prova em 48s031, valor 2,5 segundos atrás do primeiro colocado.

O medalhista, que é da categoria Pódio, falou sobre a importância do programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do esporte do Ministério da Cidadania.

“Sem esse apoio do Governo eu não conseguiria chegar onde cheguei. Muito do que invisto na canoagem é com esse recurso, desde a própria embarcação e participação nas provas, até os custos com o treinador, que agora faz parte da seleção, mas antes era investimento meu. Esse apoio, que chega direto aos atletas, é muito importante para a nossas conquistas. A gente chega no limite, são momentos difíceis que a gente acha que não vai conseguir. Mas deu certo. Eu estou feliz de ter conseguido essa medalha aqui. É o resultado de todo o trabalho duro que tem sido feito há anos. Ver a bandeira do Brasil sendo hasteada é um privilégio”, diz.  

Foto: Helano Stuckert/ rededoesporte.gov.br

Cardoso era dançarino profissional quando contraiu esquistossomose em 2009. A doença culminou numa infecção da medula e o atleta perdeu os movimentos das pernas. Dois anos depois, durante o processo de reabilitação, descobriu a canoagem. Luís cresceu na modalidade e herdou a vaga do tetracampeão mundial da KL1 200m, Fernando Fernandes. Na caminhada do ciclo Rio - Tóquio, foi prata na canoa e bronze no caiaque no Mundial na Hungria 2018; prata no caiaque e na canoa no Mundial de Montemor-o-Velho 2018 (Portugal); prata no caiaque e na canoa no Mundial em Racice 2017 (República Tcheca), além de bronze na canoa nos Jogos Paralímpicos Rio 2016.

 

Investimento

Os sete atletas da modalidade que estão em Tóquio são apoiados pelo Bolsa Atleta. No ciclo Rio - Tóquio (2017 - 2021), o investimento direto nesses sete atletas foi de R$ 2,598 milhões. Já o investimento total na modalidade foi de R$ 3,93 milhões, o que permitiu o pagamento de benefícios a 41 atletas, com 82 bolsas entre 2017 e 2021.

Caio Ribeiro ficou com a quinta posição na final da KL3. Foto: Helano Stuckert/ rededoesporte.gov.br

Outras provas

Nas outras participações do Brasil no penúltimo dia de finais da paracanoagem em Tóquio, Caio Ribeiro ficou em 5º lugar na final da KL3. Fernando Rufino, o Cowboy, no KL2, e Débora Benevides, na VL2, ficaram em 7º lugar. No primeiro dia de competição, Rufino se classificou direto para a prova principal dele, a  VL2, com direito a recorde paralímpico. Ele disputa a final neste sábado (4.09) No mesmo dia, Caio tem nova chance de medalha na KL3 junto com Giovane Vieira de Paula. No feminino, Adriana Gomes de Azevedo e Mari Christina Santilli disputam as semifinais da KL1 e Kl3.

A canoagem paralímpica surgiu em 2009, por iniciativa da Federação Internacional da modalidade convencional (ICF, na sigla em inglês). O primeiro mundial foi disputado em 2010, na Polônia. Participaram atletas de 31 países. A estreia da modalidade no programa paralímpico ocorreu nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016. Na ocasião, foram disputadas somente as provas de caiaque velocidade 200 metros (m). Mas, em campeonatos nacionais, ocorrem também provas de 200m da canoa Va'a e de velocidade 500m de caiaque e de Va'a.

Cristiane Rosa, de Tóquio, no Japão – rededoesporte.gov.br