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Atletismo

15/09/2017 10h12

Jogos Escolares

Jovens do sertão baiano revelam paixão pelo atletismo

Alunos da Escolinha de Atletismo no povoado de Flamengo, do município de Jaguarari (BA), falam sobre a emoção de disputar uma competição que reúne mais de 4 mil estudantes

A história do professor Ferreirinha, como é conhecido Antônio Ferreira Bonfim Filho, da Escolinha de Atletismo no povoado de Flamengo, no município de Jaguarari, no interior da Bahia, emocionou o país ao ser contada em um programa de televisão em rede nacional. A iniciativa começou em 2006, quando Ferreirinha largou tudo para ensinar o atletismo para a sua filha Návine. Não demorou para que outras crianças batessem na porta do professor para experimentar o esporte.

Agora, após 11 anos de dedicação, Ferreirinha participa, em Curitiba, pela sexta vez, dos Jogos Escolares da Juventude. Quatro jovens do projeto disputam esta edição – que reúne mais de quatro mil estudantes, com idade entre 12 e 14 anos – na modalidade que é sinônimo de esperança no sertão baiano.

O professor Ferreirinha e a afilhada Lucinelma Ferreira: paixão pelo atletismo. Foto: Breno Barros/Ministério do Esporte

A primeira participação dos jovens baianos nos Jogos Escolares da Juventude foi em 2011. De lá para cá muitos estudantes passaram pelo projeto. Uns largaram o esporte e outros persistem na busca do sonho de viver exclusivamente do atletismo. Na edição dos Jogos Escolares de Curitiba não é diferente. 

Os alunos, considerados como filhos pelo professor, circulam com olhar de curiosidade, sem esconder a alegria por participar de um evento esportivo nacional. A afilhada Lucinelma Ferreira da Silva, 12 anos, é uma das mais empolgadas do grupo. “É a minha primeira vez nos Jogos Escolares. Nunca tinha imaginado um dia visitar Curitiba. É tudo lindo”, vibra a jovem, que estuda na Escola Municipal de Produção.

“É a minha primeira vez nos Jogos Escolares. Nunca tinha imaginado um dia visitar Curitiba. É tudo lindo”
Lucinelma Ferreira da Silva – Estudante - 12 anos

“Não posso deixar esses jovens, pois criei um compromisso com a modalidade. Eu não posso deixar o projeto acabar. Plantei essa semente do atletismo no meu povoado com a escolinha. Hoje, atendemos cerca de 100 crianças, com idade entre 5 e 18 anos”, diz Ferreirinha.

Para o professor, cada edição dos Jogos Escolares da Juventude renova a esperança dos jovens do povoado, pois as crianças têm acesso a uma realidade diferente daquela que experimentam no sertão baiano. “Eu acho muito legal eles virem para os Jogos Escolares. A visão deles no povoado é muito pequena. Quando eles chegam aqui, eles nem acreditam que existe tudo isso. Em 2011, quando eu vim pela primeira vez, fiquei impressionado, porque é muito diferente do que a gente vê na televisão”, completou o professor. 

A jovem Lucinelma se mudou para casa de Ferreirinha para poder treinar com o padrinho. “Eu amo o atletismo. Se eu não fosse morar com o meu padrinho, não teria como eu ir andando da minha casa, no interior, para treinar no Flamengo. Aí, fui morar na casa dele para poder ficar mais perto do esporte”, conta Lucinelma.

Os alunos da Escolinha de Atletismo do povoado de Flamengo: do interior da Bahia para os Jogos Escolares da Juventude em Curitiba. Foto: Breno Barros/Ministério do Esporte

Além de Lucinelma, outros três jovens do povoado participam dos Jogos Escolares. Maiara Santos, de 12 anos, está iniciando a sua trajetória no esporte. Jane Alves, de 13 anos, participa pela segunda vez do evento. Já o garoto Jefferson Oliveira, de 12 anos, disse que pretende competir em todas as edições do evento até os 17 anos. 

Revelando Talentos

A Escolinha de Atletismo Flamengo já vem colhendo frutos do trabalho com muita dedicação do professor Ferreirinha. A jovem Ticiane Souza Bonfim, de 15 anos, que faz parte da Escolinha, foi convocada pela Seleção Brasileira de Atletismo para disputar a segunda edição dos Jogos Sul-Americanos da Juventude, que será disputada em Santiago, no Chile, entre os dias 6 a 8 de outubro.

Ticiane foi vice-campeã Brasileira dos 2000 metros com obstáculos, no último mês de junho, na competição disputada em Bragança Paulista, no interior de São Paulo. “Tivemos também outra menina que venceu uma prova nos Jogos Escolares do ano passado e que ganhou uma bolsa para estudar em Recife e treinar com mais estrutura. Tivemos outras duas crianças que alguns técnicos de São Paulo estão querendo levar para treinar no atletismo”, revela o professor.

Os Jogos Escolares da Juventude são organizados e realizados pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), com apoio do Ministério do Esporte e Grupo Globo, com patrocínio da Coca-Cola e apoio da Estácio, da Prefeitura de Curitiba e do Governo do Estado do Paraná.

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De Curitiba, Breno Barros – Rededoesporte.gov.br