Toronto 2015
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Joaquim Cruz será guia de atleta americana no Parapan
Na quinta-feira, dia 13, quando for dada a largada para a prova dos 1.500m para atletas deficientes visuais da categoria T11, uma cena de viés retrô pode pegar alguns brasileiros de surpresa. Ao lado da norte-americana Ivonne Mosquera-Schmidt estará o último campeão olímpico brasileiro em provas de pista. Medalhista de ouro nos 800m nos Jogos de Los Angeles, em 1984, e prata quatro anos depois, em Seul, Joaquim Cruz, hoje aos 52 anos, será o guia da atleta americana.
A decisão foi tomada por obra de imprevistos. Dois guias dos Estados Unidos tiveram problemas na emissão de passaportes. Como mantém um ritmo de treinos e a forma física na academia onde é técnico da equipe americana, Joaquim Cruz achou que dava para embarcar no desafio. Dedicou os últimos meses à preparação e disse, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, em Toronto, estar pronto para o desafio.
"Como sou um treinador dinâmico, nunca mando meu atleta para casa se o guia dele falta. Eu prefiro eu mesmo guiá-los. Fiz isso com o David Brown e a Ivone faço de vez em quando, quando precisa", afirmou Joaquim Cruz.
Ritmo "macio"
A idade acima dos 50 anos, segundo ele, não será empecilho. "O fato de eu ter mantido minha forma, de ter mantido minhas corridas diárias, ajuda. E o ritmo da Ivone é um pouquinho mais macio, mais lento do que posso fazer, ou pelo menos assim espero", brincou, provocando risadas da atleta.
"É complicado, porque o objetivo é fazer com que ela fique mais rápida e, ao mesmo lado, como guia, tomara que ela não vá muito mais rápido do que posso guiar", afirmou o fundista, que também tem no currículo dois ouros em Jogos Pan-Americanos, conquistados em Indianápolis, nos EUA, em 1987, e em Mar del Plata, na Argentina, em 1995.
A diferença de altura entre os dois é um outro detalhe a ser ajustado. Joaquim Cruz tem 1,87m, enquanto Ivonne Mosquera, de 38 anos, tem 1,52m. "Não vou pensar muito no que poderá acontecer. Vou estar preparado", afirmou o atleta, que em seguida listou, em tom de brincadeira, as diferenças entre guia e técnico.
"O guia participa direto. Faz as corridas com o atleta, os chamados longos, os aquecimentos, as corridas intervaladas. Já o treinador é aquele gordinho que fica ali só dando ordem e marcando o tempo, que seria o meu trabalho", afirmou.
Mosquera, por sua vez, se apega a uma filosofia de vida que aplica diretamente ao esporte. "Nunca deixe uma deficiência, uma dúvida sobre você mesma ou uma energia negativa ficar no caminho para alcançar os seus sonhos e objetivos", disse, em entrevista com Comitê Paralímpico dos Estados Unidos.
Gustavo Cunha, de Toronto - Brasil2016.gov.br