Halterofilismo paralímpico
Evento-teste
Halterofilismo: colombiano bate recorde das Américas e Brasil leva mais duas medalhas
Jainer Cantillo voltará para a Colômbia, após a etapa do Rio da Copa do Mundo de Halterofilismo, com a missão cumprida: havia prometido uma medalha para a filha Liliana, de 8 anos, e o ouro estará na bagagem. Mas, ao levantar 195kg, na tarde desta sexta-feira (22.01), na Arena Carioca 1 do Parque Olímpico da Barra, ele também leva para Bogotá o recorde das Américas na categoria até 80kg.
“Bater um recorde americano em uma competição como esta é muito satisfatório. Queria mais, tentei 200, mas invalidaram a terceira. Estou feliz, porque levo esse triunfo para Colômbia, levo esse triunfo para a minha filha. Não chegarei em casa com as mãos vazias”, disse o colombiano.
Natural de Santa Marta, onde nasceu o famoso jogador de futebol Carlos Valderrama, Cantillo espera também dar orgulho à cidade e ao seu país. Em Londres 2012, o pódio paralímpico escapou por uma posição, e ele ficou em quarto. Em Pequim 2008, havia ficado em sexto. O Rio, segundo ele, é o cenário perfeito para a conquista do pódio.
“Vai ser muito especial. (O Rio) É um ótimo lugar para competir, o clima é bom, ideal para quebrar recordes. Sempre tive uma grande afinidade com Brasil. Quero estar no pódio paralímpico”, disse.
Com a marca de 195kg, Cantillo deve subir para sétimo no ranking paralímpico da categoria. Ele quer levantar 200 kg nas duas competições que faltam, em Dubai (Emirados Árabes Unidos) e em Kuala Lampur (Malásia), e confirmar a vaga paralímpica, já que os oito primeiros do ranking em 29 de fevereiro garantem a classificação. O colombiano trocou de categoria depois do Parapan de Toronto, quando foi ouro na categoria até 72kg, e agora é mais um desafio para o brasileiro Evânio Rodrigues na categoria até 80kg, que ficou com a prata nesta sexta ao levantar 193kg. O bronze foi para o norte-americano Ahmed Shafik (178kg).
“Minha estratégia foi primeiro fazer 193kg e depois tentar 197kg para ficar classificado para os Jogos. Eu levantei o peso, mas não validaram. Agora é treinar mais para fazer o movimento mais perfeito. Hoje estou em nono no ranking. Estou confiante (na vaga)”, disse o brasileiro, que ainda vai participar da etapa de Kuala Lampur da Copa do Mundo, de 24 a 28 de fevereiro, para tentar subir a posição que falta.
Um dos grandes aprendizados do evento-teste para os atletas, segundo o diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro, Edilson Alves, é justamente conhecer mais o trabalho dos árbitros que atuarão nos Jogos em setembro.
“Quando o atleta é avaliado por um árbitro nacional é uma coisa, quando ele é avaliado pelos mesmos árbitros que vão estar nos Jogos Paralímpicos, eles começam entender onde é a falta, o que ele faz para evitar a falta, como eles analisam os movimentos, tudo isso é bastante importante para que o atleta saiba a melhor forma de competir”, disse.
Primeira viagem, melhor marca
O hino de El Salvador ecoou na Arena Carioca na premiação da categoria até 72kg. Herbert Enrique López levantou 145 quilos e fez a melhor marca da carreira. Isso já seria motivo de comemoração, mas um detalhe deixa a conquista ainda mais especial: é a primeira vez que o halterofilista de 30 anos sai de seu país.
“É um presente especial para todo o esforço que tive. É minha melhor marca. É minha primeira viagem internacional e logo tive a medalha. A cidade é linda, as pessoas são muito acolhedoras e ajudam muito os estrangeiros. Isso é muito bonito”, disse o atleta.
A prata ficou o chileno Sebastián Castro (130kg) e o bronze, com Amaro Fica (115kg), também do Chile.
Deixando a lesão pra trás
O vencedor da categoria até 65kg, José David Coronel, não conteve as lágrimas. Com a medalha no peito por ter levantado 130 quilos, o argentino comemorou a primeira conquista após Nlesão que o deixou afastado dos treinos. A recuperação foi difícil, mas a recompensa veio exatamente no evento-teste dos Jogos Paralímpicos.
“É a terceira vez que consigo uma medalha de ouro no Brasil. Tive uma lesão em Toronto, em agosto do ano passado, fiquei três meses sem poder treinar e vim aqui com uma expectativa de melhorar algumas marcas. Acabei conseguindo essa medalha que vale muito para mim. Ainda não posso acreditar. É um renascer. Tenho esperança de que possam aprovar um convite para mim para os Jogos do Rio, porque pelo ranking será difícil. Vou seguir treinando para o caso de que dê certo, ou para qualquer torneio que venha daqui pra frente”, afirmou.
Ele também não mediu elogios à organização. “Estive nos Jogos de Londres 2012 e em Mundial, e esse torneio se assemelha a eles. Está tudo muito bom, os voluntários sempre muito atentos, o palco está muito lindo”, disse.
Takashi Jo, do Japão, ficou com a prata ao erguer 126 quilos, e José Manuel Coronado, da República Dominicana, levou o bronze (115kg).
Outra medalha para o Brasil
Encerrando as competições nesta sexta, o Brasil faturou a segunda medalha do dia, e a quinta no evento-teste: Rodrigo Marques ergueu 186 quilos na categoria até 88kg e ficou com o bronze. O vencedor foi o cubano Oniger Dake Vega (197kg) e a prata foi para a Colômbia, com Francisco Palacios (187kg.)
“Poderia ter ido além, mas estou batalhando para conseguir minha meta que é de 205 a 2010 na Malásia e tentar a vaga para o Rio”, disse.
A etapa do Rio da Copa do Mundo termina neste sábado (23.01) no Parque Olímpico da Barra. Serão realizadas as disputas de uma categoria unificada feminina (-67kg até +86kg) e de uma unificada masculina (-97kg até+107kg).
Carol Delmazo,brasil2016.gov.br