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Triatlo

20/08/2016 18h27

Em Copacabana

Gwen Jorgensen confirma o favoritismo no triatlo e Chile faz história no Top 5

Corrida da norte-americana bicampeã mundial fez a diferença na disputa acirrada com a suíça Nicola Spirig, que tentou “jogo mental” para frear a adversária. Brasileira Pâmella Oliveira ficou em 40º

Gwen Jorgensen comemora a vitória no Rio 2016. Foto: Getty Images

Foram quatro anos sonhando com o dia 20 de agosto de 2016. Quatro anos almejando nada além do que o ouro no Rio 2016. Bicampeã mundial e favorita ao topo do pódio nos Jogos Olímpicos, Gwen Jorgensen correspondeu às expectativas do mundo do triatlo. Em uma Copacabana com público animado na praia e nas ruas, a norte-americana terminou a prova em 1h56m16s neste sábado (20.08) e cruzou em primeiro a linha de chegada. Estava em prantos. O objetivo traçado não só por ela havia sido cumprido.

“É muito louco quando  finalmente chega o dia e você realmente consegue cumprir aquilo que desejou durante quatro anos. O meu marido e meu treinador investiram muito mais em mim do que qualquer um possa pensar. Essa medalha é muito mais deles do que minha”, disse a triatleta sobre o primeiro ouro dos Estados Unidos em triatlo olímpico. Em Londres 2012, ela teve um pneu furado na prova e ficou em 38º.

Jorgensen terminou a etapa da natação em 19m23s, onze segundos atrás da então líder da prova, a espanhola Carolina Routier. No ciclismo, cumpriu os quarenta quilômetros no primeiro pelotão, que se manteve a maior parte da etapa com 18 atletas. Quando terminou a segunda transição, já haviam se passado 1m21m07s.

Em quase toda a prova de corrida, Jorgensen esteve lado a lado com a suíça e então campeã olímpica Nicola Spirig. As duas travaram uma disputa acirrada até a última das quatro voltas, que somam dez quilômetros. Foi quando a “corrida fatal” fez a diferença e a norte-americana conseguiu abrir 40 segundos de diferença para a suíça. Spirig ficou com a prata ao completar o percurso em 1h56m56s.

Nicola Spirig (prata), Gwen Jorgensen (ouro) e Vicky Holland (bronze). Foto: Getty Images

Jogos mentais

A suíça liderou a prova a maior parte da etapa de ciclismo, que conta com uma pesada subida, mas ela sabia que Jorgensen se destacaria na corrida, então tentou o que chamou de “jogo mental” para tirar o foco da norte-americana na reta final.

“Na terceira volta, no contravento, nenhuma de nós queria liderar. Então eu disse: ‘vamos lá, Gwen’, e ela falou: ‘eu já estive na dianteira também’. Foi quando eu falei que eu já tinha uma medalha, então basicamente era ela quem tinha que dar duro ali. São jogos mentais, mas no final ela foi mais forte e mais rápida”, revelou Spirig.

“Ela realmente falou isso e é totalmente válido. Agora ela tem mais uma medalha e eu tenho uma. Espero que tenha sido emocionante para o público”, disse Jorgensen.

Jorgensen e Spirig lado a lado na corrida: foi assim até a última volta, quando a norte-americana disparou. Foto: André Motta/brasil2016.gov.br

Melhores amigas e o bronze

Na última volta da corrida, já se sabia que o bronze ficaria com a Grã-Bretanha: a disputa estava entre as amigas Vicky Holland e Non Stanford. A poucos metros da chegada, Holland deu o famoso “sprint final” e ficou com o terceiro lugar (1h57m01s), três segundos à frente de Stanford.

“Após cinco quilômetros, ficou bem claro que eu disputaria a medalha com minha colega de quarto, companheira de treino e melhor amiga. Só uma teria a medalha, e estou feliz em levá-la para a Grã-Bretanha, mas grande parte desta medalha também é dela”, disse Holland.

Bárbara Riveros conquistou o melhor resultado latino-americano no triatlo olímpico. Foto: André Motta/brasil2016.gov.br

América Latina no Top 5

Campeã pan-americana em Toronto 2015, a chilena Bárbara Riveros fez história neste sábado. Ela conquistou o quinto lugar na prova (1h57m29s), o  melhor resultado de um atleta latino-americano no triatlo olímpico, que entrou o programa dos Jogos em Sydney 2000. Naquele ano, a brasileira Sandra Soldan havia ficado em 11º, e nenhum latino havia feito melhor do que isso até a performance de Bárbara no Rio 2016.

“Sempre aspirei muito mais do que a América Latina, sempre quis ser competitiva em relação às grandes potências. Até queria um resultado melhor hoje, mas está bom e vou continuar a almejar mais. Estou feliz por ter lutado. As inglesas tem um excelente preparo e contam com muita tecnologia, então acabamos tendo um pouco de desvantagem. Mas estou muito agradecida à minha equipe, pude estar em muitos aspectos no nível das grandes potências, sobretudo na questão mental”, afirmou.

Subida do Cantagalo tirou de Pâmella Oliveira as chances de brigar por um resultado histórico para a modalidade. Foto: André Motta/brasil2016.gov.br

Brasileira fica em 40º

A brasileira Pâmella Oliveira chegou para a prova disposta e preparada para lutar pelo top 10. Para encarar a subida da etapa de ciclismo, realizou diversos treinos em montanhas, sobretudo na Europa. Ela tinha consciência de que o ciclismo definiria a sua prova: se conseguisse se manter no primeiro pelotão, as chances de obter um resultados histórico seriam grandes. Na corrida, que não é o seu forte, daria a raça, teria o apoio da mãe que veio do Espírito Santo, dos amigos e de todos os brasileiros que a incentivavam ao longo do percurso.

Ótima nadadora, Pâmella deixou o mar em quarto lugar, apenas três segundos depois da então líder da prova. Ela fechou a primeira volta de bicicleta no primeiro pelotão, mas ficou pra trás já na segunda volta. Enquanto 18 atletas dispararam na frente, a brasileira lutava para se manter ao menos na dianteira do segundo pelotão. Mas a subida foi mais forte que ela. Pâmella foi perdendo potência e chegou a cair para 36º após a sexta volta. Quando completou o percurso de ciclismo, era a 27ª. Na corrida perdeu mais treze posições e cruzou a linha de chegada em 40º (2h04m03s).

“Fiz o que eu esperava na natação e saí bem colocada, sem grande esforço, para me guardar para a subida do Cantagalo, que é muito íngreme. Eu sabia que ela podia me tirar completamente da disputa ou salvar a minha prova. Eu me dediquei muito aos treinos de subida, mas infelizmente não foi suficiente. A subia me venceu, ou elas subiram mais forte do que eu. Fiquei bem triste por ter saído tão cedo da disputa, porque as meninas na frente abriram muito, e por ter tido pior resultado do que Londres 2012 (30º), quando eu caí”, detalhou.

A atleta se emocionou na reta final da prova enquanto agradecia o apoio do público “A torcida veio em peso, estava maravilhosa, medalha de ouro para ela, que não me deixou nenhum minuto. Isso me deixou emocionada e, ao mesmo tempo, triste, por não ter conseguido responder ao nível que a torcida estava, mas foi o que deu”, resumiu.

Carol Delmazo, brasil2016.gov.br