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Rugby paralímpico

17/09/2016 19h59

Rúgbi em cadeira de rodas

Grito de guerra sela amor entre torcida e seleção na despedida do Brasil no rúgbi

Time verde e amarelo ficou em último lugar na classificação, mas foi aplaudido como se fosse o campeão. Jogadores se emocionam e exaltam legado de exposição para a modalidade

A seleção brasileira de rúgbi em cadeira de rodas não conseguiu vencer um jogo nos Jogos Paralímpicos Rio 2016 – terminou a competição em oitavo, ao perder para a França por 59 x 54 neste sábado (17.09) -, mas a despedida foi sob muitos aplausos, gritos de incentivo e pedidos de foto. O carinho do público que lotou a Arena Carioca 1 foi tamanho que o técnico do Brasil, Rafael Gouveia, quebrou o protocolo, pegou o microfone e convidou os torcedores a ajudarem no grito de guerra da equipe brasileira.

“Hoje nenhum brasileiro desiste”. Essa é a frase que puxa o grito, disparada por Marco Aurélio, membro da comissão técnica. “Depois a gente puxa um ‘raul’ como se fossêmos os 300 de Esparta. Aí o Marco Aurélio grita ‘rúgbi, Brasil!’, ‘rúgbi, Brasil!’, ‘rúgbi, Brasil!’”, conta Rafael, explicando que cada seleção tem seu próprio grito. “É uma tradição do rúgbi. A gente sempre agradece o adversário, gritando o nome dele, e sempre faz o nosso grito no final. Foi uma coisa improvisada, pedi desculpa para a organização, mas a gente precisava reconhecer o apoio que o público deu para a gente e mostrar para eles a cultura do rúgbi. Isso foi sensacional”.

“Eu termino aqui orgulhoso do time, a gente deu o nosso máximo. Infelizmente hoje não deu para vencer e ficar em sétimo, que era o objetivo. A gente tentou beliscar alguma coisa, mas acho que seria dar um passo maior que a perna"
Alexandre Taniguchi

Um dos dois capitães da equipe brasileira, ao lado de Alexandre Taniguchi, o camisa 6 José Higino acrescentou que o grito mostra a união dos jogadores em torno dos mesmos objetivos. “Esse grito é para mostrar união. É um esporte coletivo. Tem quatro em quadra, mas os oito que estão no banco também são importantes, assim como toda a comissão técnica”, disse.

O Brasil tinha o objetivo de conseguir pelo menos uma vitória na Paralimpíada para subir no ranking mundial da modalidade – hoje o país ocupa a 19ª colocação. Embora o resultado desejado não tenha vindo, os jogadores saíram satisfeitos de quadra.

“Eu termino aqui muito orgulhoso do time, a gente deu o nosso máximo. Infelizmente hoje não deu para vencer e ficar em sétimo, que era o objetivo. A gente tentou beliscar alguma coisa, mas acho que seria dar um passo maior que a perna. Somos novos comparados aos outros países, mas fico orgulhoso. O time brasileiro vem crescendo e todas as seleções falaram que a gente vai dar muito trabalho ainda. A gente chegou para ficar”, avisou Taniguchi.

Artilheiro do Brasil na partida, com 19 gols, Julio Braz também festejou a evolução mostrada em quadra pela equipe. “Essa competição não tem time fácil, todas as seleções vieram fortes. Nosso objetivo foi também mostrar para eles que o Brasil é um time competitivo, que não estamos na Paralimpíada apenas por ser país-sede, que estamos crescendo e vamos de cabeça erguida para outras competições”, disse.

Alexandre Taniguchi acredita que visibilidade proporcionada pelos Jogos Rio 2016 vsi contribuir para desenvolver o rúgbi em cadeira de rodas no Brasil. Foto: Alexandre Urch/MPIX/CPB

Intensidade

A outra meta brasileira, de dar mais visibilidade ao rúgbi em cadeira de rodas e despertar o interesse das pessoas pela modalidade, foi plenamente cumprida. “Acho que toda a intensidade que tem o rúgbi foi levada para a arquibancada e o pessoal gostou demais. Esse pessoal que curtiu aqui ou assistiu de casa vai começar a acompanhar mais, torcer pelo rúgbi. Tenho certeza de que gente que não conhecia a modalidade vai começar a praticar”, apostou Alexandre Taniguchi.

“A gente não quer que o rúgbi morra aqui, por isso a gente quis trazer o público para dentro da quadra, para fazer parte do espetáculo. Acho que a gente conseguiu. Fico satisfeito com o tanto de crianças que estavam aqui. Acho que elas agora vão ter ídolos paralímpicos também e ídolos do rúgbi, sem falar que vão crescer tendo outra visão de deficiência física. Eu acho que o rúgbi mostra isso: aqui não tem limitado, não tem coitadinho”, completou o técnico Rafael Gouveia.  

A seleção brasileira de rúgbi em cadeira de rodas já pensa no futuro e mantém inalterados os objetivos a serem buscados durante o próximo ciclo. “A gente tem um Sul-Americano de seleções este ano, que vai valer vaga para o zonal das Américas, e lá a gente vai tentar concorrer à vaga no Mundial de 2018, na Austrália. Vamos para cima. O trabalho não pode parar. O que a gente precisa é ter mais experiência, jogar mais”, disse Gouveia. “Acabamos um ciclo e a partir de amanhã já estamos começando outro, rumo a Tóquio”, acrescentou Julio Braz.  

O técnico Rafael Gouveia abraça jogadores: satisfação por ter dado o máximo em quadra e ter tido o reconhecimento dos torcedores. Foto: Alexandre Urch/MPIX/CPB

EUA e Austrália disputam o ouro

As duas semifinais do rúgbi em cadeira de rodas também foram disputadas neste sábado na Arena Carioca 1. Rivais de longa data, Estados Unidos e Canadá protagonizaram um jogo intenso que empolgou os torcedores após a partida do Brasil. No final, melhor para os EUA, que venceram por 60 x 55 e avançaram para a decisão.

O rival pelo ouro será a seleção da Austrália, que bateu o Japão por 63 x 57 e garantiu a oportunidade de defender seu título paralímpico conquistado em Londres-2012. Os Estados Unidos são os maiores vencedores paralímpicos do rúgbi em cadeira de rodas, com três títulos (Atlanta-1996, Sydney-2000 e Pequim-2008). A partida que vai definir o primeiro lugar do pódio está marcada para este domingo, às 12h30.

Mais cedo, a partir das 9h, Canadá e Japão brigam pela medalha de bronze. Ambos os jogos serão disputados na Arena Carioca 1.

Mateus Baeta - Brasil2016.gov.br