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Atletismo

16/09/2016 23h26

Goalball

Seleção masculina de goalball leva o bronze. Meninas ficam em quarto

Brasil derrota a Suécia por 6 x 5 no gol de ouro, na prorrogação, e sobe ao pódio entre os homens. Equipe feminina perdeu para os EUA por 3 x 2

Foto: Gabriel Heusi/Brasil2016.gov.br

No goalball, a contagem de tempo é regressiva e cada time tem dez segundos para realizar o arremesso. Quando o cronômetro apontava 42 segundos para o fim da decisão do bronze entre Brasil e Suécia, naquele momento empatada em 4 x 4, Jimmy Bjoerkstrand fez um gol que parecia ter zerado o relógio para os brasileiros. Mas Leomon Moreno não queria passar mais uma noite eterna, como a que vivera ontem, após a derrota na semifinal. Foram sete segundos até o craque da seleção voltar a igualar o marcador e levar o jogo para a prorrogação, nesta sexta-feira (16.09). A Arena do Futuro quase veio abaixo.

“Foi emocionante. A torcida nos embalou para buscar o placar. Vocês veem a gente com venda nos olhos, mas por dentro com certeza estava rolando as lágrimas”, agradeceu Leomon. Como na prorrogação a equipe que marcar primeiro sai vitoriosa, os dez segundos de lançamento ganham outra dimensão temporal. Os três minutos da primeira etapa se dilataram. Veio a segunda. Leomon arremessa quando o cronômetro apontava 2:50. A bola para no fundo da rede adversária: 6 x 5. Momento que vai existir para sempre na memória dos brasileiros.

“A noite de ontem foi bem difícil, martelava muita coisa na cabeça. Tentei dormir para me acalmar, até porque tinha um jogo importante hoje”, recordou Leomon, que admitiu ter comprometido a equipe na derrota para os Estados Unidos, quando cometeu oito penalidades. “A de hoje vai ser bem mais tranquila, com a medalha de bronze no peito, mas que tem gosto de ouro, pela maneira como foi o jogo”, prosseguiu o ala, para disparar o cronômetro regressivo novamente. “É não esquecer o ouro jamais. Em 2020 vamos estar lutando por ele”, completou se referindo aos Jogos de Tóquio. O ouro nos Jogos Rio 2016 ficou com a Lituânia, que venceu por 14 x 8 os Estados Unidos.

Leomon faz para o Brasil e companheiros comemoram no banco. Foto: Gabriel Heusi/Brasil2016.gov.br

Redenção

Craque da seleção e um dos melhores do mundo, Leomon começou no banco contra a Suécia. Uma tática do técnico Alessandro Tosim, que percebeu o atleta tenso. “Por causa do jogo de ontem, senti ele um pouco tenso no aquecimento hoje. Então a estratégia foi poupá-lo e colocar dois jogadores mais experientes, o Romário e o Alexsander”. O outro titular da equipe foi Josemárcio, o “Parazinho”, de 21 anos, e estreante em Paralimpíadas.

O brasiliense Leomon, 23 anos, entrou no segundo tempo do confronto que valia o pódio, quando o placar apontava 3 x 0 para os suecos, que anotariam mais uma vez aos cinco minutos da etapa complementar. Um jogo que ia se desenhando à feição da derrota por 10 x 1 do dia anterior. Então, o camisa 4 decidiu que era a hora da redenção. Com ele e “Parazinho” nas alas, o time foi para cima e chegou ao empate com dois gols de cada.

A Arena do Futuro virou um caldeirão. “Quando a torcida começou a gritar: ‘Eu acredito’, veio aquela energia e eu comecei a acreditar mais ainda. Fomos buscar o placar: 4 x 4, depois 5 x 5 e o gol de ouro. Na prorrogação eu estava mais tranquilo porque passei a ter certeza do bronze”, descreveu Alexsander.
“Depois do sofrimento de ontem, essa medalha veio para curar a ferida. E pelas circunstâncias que foi, esse bronze vale ouro”, resumiu José Roberto Oliveira.

Goalball - Jogos PAralímpicos Rio 2016 16.09.2016

Projeção

Atual campeão mundial e parapan-americano, além de prata nas Paralimpíadas de Londres 2012, o Brasil passou a figurar no cenário internacional do goalball recentemente e já se tornou uma referência na modalidade. “Um jogo não conta a história da nossa equipe. Em cinco anos, estivemos em todos os pódios: Pan-americano, Jogos Parapan-americanos, Campeonato Mundial e, agora, estamos conquistando a segunda medalha paralímpica. O goalball não tinha tradição nenhuma no Brasil. Então, é esse contexto do ciclo paralímpico que a gente tem que analisar”, afirmou Alessandro Tosim, técnico da equipe masculina.

O crescimento também vale para o time feminino, que perdeu a disputa do terceiro lugar para os Estados Unidos, nesta sexta-feira, por 3 x 2. Apesar da derrota, a seleção alcançou seu melhor resultado na história das Paralimpíadas. “Fizemos um excelente Mundial em 2014, ganhamos o Parapan em 2015, em cima dos Estados Unidos, que é uma equipe muito forte. Foi um ciclo muito bom para o goalball feminino. E nas Paralimpíadas fizemos um jogo muito equilibrado ontem, contra a China, e hoje também. Uma participação maravilhosa”, avaliou o treinador Dailton Nascimento.

A caçula da seleção feminina, Victoria Amorim, em ação durante a disputa do bronze. Foto: Andre Motta/Brasil2016.gov.br

Na semifinal feminina o Brasil perdeu na prorrogação para as chinesas, que ficariam com a prata após o revés de hoje por 4 x 1 para a Turquia. Contra as norte-americanas, a seleção verde e amarelo saiu atrás no marcador por 2 x 0, sendo um de pênalti. Ana Carolina Custódio descontou antes do intervalo. Na etapa final, mais uma penalidade para as adversárias, que ampliaram o placar. Aos nove minutos, a caçula do time Victoria Amorim descontou. As brasileiras pressionaram, quase empataram, mas as adversárias fecharam a defesa até o cronômetro zerar.

“Os Estados Unidos são sempre um grande rival e elas cresceram muito durante o jogo. Acredito que fizemos uma bela campanha para o goalball feminino brasileiro, ficamos em quarto e isso não é motivo de vergonha. Fico feliz por termos chegado a esse lugar, mas triste porque era um sonho meu e também seria um presente de aniversário para minha mãe”, revelou Victoria. Ela contou com a torcida de Angelita Amorim, que celebra o dia do nascimento na próxima segunda-feira, na arquibancada da Arena do Futuro.

Tanto no masculino, quanto no feminino, o Brasil iniciou e encerrou a campanha nos Jogos Rio 2016 contra os mesmos adversários. Os homens venceram as duas partidas contra os suecos, enquanto as mulheres ganharam apenas o duelo de estreia, por 7 x 3. Uma trajetória que marcou a primeira de muitas voltas no relógio para alguns dos nossos atletas. “Eu tenho apenas 18 anos, então acredito que tenho muito tempo ainda para conquistar a medalha inédita para o Brasil”, projetou Victoria.

Goalball Feminino - Jogos Paralímpicos Rio 2016 - 16.09.2016

Gabriel Fialho – Brasil2016.gov.br