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Natacao paralímpica

25/04/2016 02h45

Evento-teste

Gêmeas chamam atenção pela semelhança... de resultados na piscina paralímpica

Débora e Beatriz Carneiro buscam o índice para os Jogos Paralímpicos e se revezam nos lugares mais altos do pódio

As gêmeas Débora e Beatriz Borges Carneiro, de 17 anos, chamaram a atenção no Open Internacional realizado no Estádio Aquático do Parque Olímpico. E não foi pela semelhança física. As duas competem nas mesmas provas, gostam de nadar os mesmos estilos (100m peito, 100m costas, 200m livre e 200m medley) e vivem se revezando nos pódios. Certa vez, em São Paulo, a batida de mão foi igual em tudo.

"Numa competição de peito, a gente parou o Ibirapuera (em São Paulo). As pessoas ficaram assustadas. Nunca tinham visto gêmeas fazendo exatamente o mesmo tempo, inclusive nos centésimos", contou Beatriz.

Em Maringá (PR), cidade natal delas, elas já são conhecidas na natação convencional. São as modelos/musas da União Metropolitana Paradesportiva de Maringá (UMPM) e da UEM. "A gente 'dá trabalho'. Principalmente em competição que as pessoas querem tirar foto. Nem dá para falar muito sobre isso porque nosso pai morre de ciúmes", brincou Débora.

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As gêmeas Débora e Beatriz com as medalhas conquistadas no evento-teste para os Jogos do Rio. Foto: Andrea Lopes/Brasil2016.gov.br

As nadadoras competem na classe S14, que engloba competidores com algum tipo de deficiência intelectual. No Open, já na primeira prova que disputaram, os 200m medley, na sexta-feira, Bia levou a melhor com 2min54s66 e conquistou a prata. Centésimos atrás, com 2min54s83, chegou Débora, medalha de bronze.

Já no sábado de manhã, elas inverteram as posições. Débora ficou com a prata e Beatriz com o bronze nos 100m peito. As duas afirmaram terem feito os melhores tempos da carreira: 1min25s47 e 1min27s96, respectivamente. "Nossa! Tô impressionada. Fui acompanhar a gringa e fiz o melhor tempo da minha vida", disse Débora. "Mesmo que a gente não consiga o índice paralímpico, porque a gente sabe que é difícil, a gente vai seguir em frente! É o nosso sonho", disse Beatriz.

Na última prova disputada pela dupla, no tira-teima, Débora ganhou. Foi nos 200m livre. Agora, as duas seguem treinando em busca da participação nos Jogos Paralímpicos. Se não for no Brasil, quem sabe em 2020. "Eu achei muito bom estar aqui. Ainda tem as outras etapas, mas se não for agora, a gente vai continuar treinando para realizar nosso sonho", concluiu Beatriz.

Renovação e índices

Diante da renovação gradual na seleção brasileira paralímpica, o diretor-técnico de natação do Comitê Paralímpico Brasileiro, Leonardo Tomasello, detalha os planos para os nadadores brasileiros nos Jogos Rio 2016: "A expectativa é de montar uma equipe muito forte. Os meninos estão entrando pra brigar por medalhas. As meninas ainda estão em outro nível. Elas vão com objetivo de lutar pela final. É uma evolução..."

O Brasil tem direito a 32 vagas nas Paralimpíadas. Todos os medalhistas de ouro e prata do Mundial de Glasgow, no ano passado, já estão dentro. A partir do evento-teste realizado, passou a valer o critério do CPB: o índice A (referente ao 3º tempo do mundo em 2015) e o índice B (6º tempo do mundo em 2015). Os atletas têm chances de atingir as marcas em duas etapas do nacional, em junho e julho, além de competições internacionais. Após essas competições, a equipe será confirmada.

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André Brasil pronto para largar: nome forte do Brasil para os Jogos Paralímpicos. Foto: Miriam Jeske/Brasil2016.gov.br

Privilégio é aproveitar

No fluxo contrário das meninas, o recordista mundial e um dos maiores nadadores da natação paralímpica brasileira, André Brasil, considera um privilégio disputar os Jogos Paralímpicos em casa, mas começa a desacelerar a ansiedade e mostra que não sabe se continuará por muito tempo no esporte de alto rendimento após os jogos. "A medalha, objeto, deixou de ser o mais importante. Passou a ser uma coisa mais pessoal, familiar. Agora quero aproveitar esse momento com minha família e amigos por perto", explicou.

Em várias oportunidades durante o Open, ele demonstrou tranquilidade e disse estar se divertindo. "Eu vim para essa competição para me divertir, estou de barba, aproveitando. Quando chegar o momento, nas Paralimpíadas, será uma grande formatura. Todos virão com o melhor traje e preparação".

Andrea Lopes - Brasil2016.gov.br