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Toronto 2015
Futebol de sete ensaia para "último ato paralímpico" no topo do pódio
Os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro já teriam, por definição, uma projeção decisiva nas carreiras dos atletas brasileiros do futebol de sete. Mas há uma chance de que o torneio no Brasil tenha um ingrediente adicional, um tom de "último ato paralímpico" da modalidade. Com o número de países praticantes concentrado na Europa e no continente americano, o esporte está virtualmente cortado do programa de 2020, em Tóquio, no Japão. E, se nada ocorrer de diferente no plano político e de popularização, pode não estar também nas edições seguintes.
"Ao que sabemos, não há condições de reverter em relação ao Japão, para 2020. Estamos focados no Rio. Nosso objetivo é 2016, mas não é porque não vai ter no Japão que o futebol de sete vai acabar. Já se pensa, por exemplo, em um campeonato nos moldes paralímpicos durante a própria Olimpíada do Japão, mas em outra cidade", afirmou Paulo Cabral, técnico da equipe brasileira.
"Foi uma notícia que nos pegou um pouco de surpresa. A questão é que o futebol de sete teria de ter presença forte nos cinco continentes. Hoje temos mais de 30 países praticando, mas em algumas regiões, como o continente africano e o sudeste asiático, não há número suficiente nem campeonatos interno, mas estamos trabalhando forte para que em 2024 retorne ao programa", afirmou Hélio dos Santos, coordenador da Seleção Brasileira de Futebol de Sete no Parapan de Toronto.
De acordo com Hélio dos Santos, as ideias na mesa são fomentar o esporte nos locais onde é incipiente e realizar mini-torneios com grandes forças do esporte, como Brasil, Ucrânia e Rússia. "É um trabalho conjunto com a Federação Internacional e os países de mais tradição, até porque sair do programa paralímpico repercute no apoio de empresas e de patrocinadores", disse. Segundo Hélio, no Brasil, a modalidade praticada por atletas com paralisia cerebral reúne, em torneios nacionais, representantes de até 16 estados.
Intensamente no Rio
Entre os atletas, o efeito é de ampliar ainda mais a dimensão das Paralimpíadas brasileiras. "Independentemente de 2020, o sonho de todos é ganhar em casa. Temos de deixar um pouco de lado essa questão de 2020 e viver 2016 intensamente, que é o mais importante", afirmou Jan, meio-campista da equipe no Parapan de Toronto.
"Já tínhamos a responsabilidade de fazer uma bonita Paralimpíada. Sabendo que provavelmente vamos ficar fora em 2020, aumenta ainda mais a vontade de terminar esse ciclo com um ouro", disse Wanderson, eleito duas vezes o melhor jogador do mundo, em 2009 e em 2013. "Como amante da modalidade, vou sempre acreditar que vai ser possível essa volta", disse.
Coordenador de classificação do Comitê Paralímpico Brasileiro, Claudio Diehl Nogueira explica que a Federação Internacional está trabalhando para atender as demandas do Comitê Paralímpico Internacional. "A princípio, para 2020 a decisão está tomada mesmo, mas estamos encaminhados para reverter em 2024".
Ouro à vista
No Canadá, o país vem confirmando a disparidade técnica em relação ao adversários. Em quatro jogos no campo montado na Universidade de Toronto, foram 28 gols marcados e nenhum sofrido. Nesta quinta-feira, no último duelo da fase de classificação, o Brasil aplicou 6 x 0 nos Estados Unidos, com gols de Maycon (2), Wanderson (2), Gabriell e Jonatas. A final será no próximo sábado, a partir das 12h, contra a Argentina. Na primeira fase, o Brasil venceu os adversários sul-americanos por 7 x 0.
"Ganhamos bem na primeira fase, mas agora é outra história. Eles estavam desfalcados e agora vêm completos. Vamos entrar com atenção para ir em busca desse ouro", afirmou Wanderson.
"A gente sempre entra pensando na vitória e temos totais condições de levarmos o ouro. Mas se você é surpreendido no campo e acontece de a bola não entrar muitas vezes, como aconteceu em alguns instantes hoje diante dos Estados Unidos, as coisas complicam. Então vamos estudar direitinho como temos de entrar, tentar decidir logo no início e depois controlar o jogo, disse o treinador Paulo Cabral.
Gustavo Cunha, de Toronto - brasil2016.gov.br