Bocha
Aquece Rio
Evento-teste da bocha termina com sucesso na organização e ouro para o Brasil
Atletas, técnicos e o representante da Federação Internacional de Bocha saíram do Riocentro, na Barra da Tijuca, neste sábado (14.11), satisfeitos com a organização do evento-teste da modalidade e com grande expectativa para os Jogos Paralímpicos Rio 2016. “Tudo está bem organizado. Se continuarem do jeito que estão fazendo, vai ser maravilhoso no ano que vem”, disse o brasileiro Luiz Carlos Ferreira, da classe BC2.
“Tudo está realmente bom. Na hora certa e como programado, isso é ótimo. Fomos recebidos de forma calorosa, o hotel é muito bom e tivemos a oportunidade de dar uma boa olhada nas instalações e como vão ficar para o Rio 2016”, disse o britânico David Smith, prata nos Jogos Paralímpicos de Londres 2012, na classe BC1. “Estamos nos acostumando ao calor e à umidade, para nós é uma forma de aclimatação e estamos jogando um pouco de bocha, então isso é ótimo”, acrescentou.
Para a coordenadora técnica da Seleção Brasileira, Márcia Campeão, a organização foi motivo de orgulho. “Não deixou nada a desejar em relação a outras competições que fomos . Há pontos a ajustar, com certeza, mas é para isso que existe o evento-teste. Estou satisfeita realmente, e olha que sou a primeira a querer consertar as coisas, para que no meu país tudo dê certo”, disse.
» Torneio internacional de bocha avalia equipes e procedimentos de acessibilidade
» Conheça a bocha, modalidade exclusiva do programa paralímpico
» "A medalha que mais queremos é a da consciência do povo brasileiro", diz coordenadora da bocha
» Vídeo: Galeão passa por evento-teste no embarque de atletas da bocha
Pontos de ajuste
A acessibilidade do Riocentro recebeu elogios dos participantes. A delegação brasileira fez apenas uma observação. “Muitos dos nossos atletas não usam o banheiro convencional, precisam passar sondas. Tivemos uma certa dificuldade, mas que depois foi prontamente atendida por um maca, para trocar as pessoas. Não adianta o banheiro ser apenas acessível, precisa ter esse local. Aqui tem uma sala logo depois do lounge (de descanso dos atletas), que seria a sala dos fisioterapeutas, e conseguimos usá-la”, disse Márcia Campeão.
A questão está no radar do Comitê Organizador Rio 2016. Segundo Gustavo Nascimento, diretor de Gestão de Instalações, não só esta como outras necessidades dos atletas de bocha estão recebendo atenção especial do comitê. “Não só o banheiro, a área para se trocar. Eles têm necessidade de descanso diferente, a questão de acessibilidade não se resume à rota acessível, mas no encurtamento das distâncias e em como as rotas são acessíveis, o tipo de piso para se locomover, os tempos de deslocamento. Isso tem que ser computado na gestão da competição. E o objetivo principal do teste é esse, entender essas necessidades”, explicou.
Outro ponto de ajuste para o ano que vem é o piso. O evento-teste foi realizado no Pavilhão 4 do Riocentro, e foi usado um piso antigo, colocado sobre uma estrutura de madeira. A competição paralímpica em 2016 será feita na Arena Carioca 2, no Parque Olímpico, e o piso será semelhante, porém mais novo.
“A bola estava rolando com dificuldade e todos os jogadores acharam as quadras um pouco lentas. Para as pessoas que gostam de fazer arremessos mais ousados, isso não funciona. Eu tive que jogar de forma mais comum, em vez de arremessar da forma mais extravagante que as pessoas querem ver. Esperamos que eles mudem o piso para torná-lo um pouco mais liso e mais rápido”, explicou David Smith.
“Com relação ao piso, tivemos poucas reclamações e que não foram significativas, porque se prejudica um atleta, prejudica o adversário também. Sabemos que o outro (no ano que vem) vai ser mais novo, então isso já foi solucionado”, disse Márcia Campeão.
Para o delegado técnico da Federação Internacional de Bocha, Joaquim Viegas, faltam poucos detalhes para a definição técnica do piso para o ano que vem. “A gente tem que ter garantias de que o piso certo vai ser oferecido, que vai dar para informar com muito tempo de antecedência a todos os países, para poderem treinar com esse tipo piso. Já está acordado, mas faltam detalhes do ponto de vista prático. É esse mesmo tipo de piso, mas imagina um carro que tem 18 anos e um outro que você compra 0 km. É o mesmo modelo, mas não o mesmo carro. Tem que ser totalmente nivelado, para que não haja oscilações”, disse.
Viegas aprovou o evento-teste e destacou o crescente aprendizado das equipes envolvidas na organização. “É muito bom ter essa gente nova com essa capacidade, que desde o dia em que cheguei até hoje já subiu uma bela de uma escadaria (de aprendizado), que vai dar em uma montanha que são os Jogos. Estou muito feliz por essa equipe toda, porque estou vendo que cada dia vai melhorando mais em todos os aspectos importantes”, elogiou.
Viegas não encontrou problemas de acessibilidade. Ele destacou o cuidado com a comunicação como um dos maiores desafios nas competições de bocha paralímpica, já que “o tempo de reposta” dos atletas é diferente. Para ele, o sucesso em 2016 está no planejamento. “Se tem o plano bem feito, em que cada um sabe exatamente o que tem que fazer, é mais fácil. A vontade de fazer e fazer bem é tanta que, algumas vezes, interfere-se onde não se deve. Cada um tem que conhecer exatamente o seu campo de ação para fazer bem, que é o que se espera de cada um de nós”.
Brasil no evento-teste
O Brasil foi campeão por equipes na quinta-feira (12.11). Na sexta e neste sábado, foram realizadas as disputas individuais e o país-sede levou mais um ouro com Maciel Santos, atual campeão paralímpico na classe BC2, ao vencer o português Abílio Valente por 4 a 1.
“Estou no bom caminho, focado nos treinamentos, naquilo que estou almejando, que é repetir isso. Ganhar aqui me dá confiança, ele é um adversário direto e pode estar aqui no ano que vem. Desde Londres eu já imagino a cena aqui em 2016, repetindo a medalha de ouro”, contou.
O evento-teste de bocha contou com 22 atletas do Brasil, Grã-Bretanha, Portugal, Rússia e Israel, além de seis brasileiros que não integram a seleção e que fizeram as partidas da classe BC 3 para ajudar nos testes. O próximo evento será de tênis de mesa, também no Pavilhão do 4 do Riocentro, de 18 a 21 de novembro.
Carol Delmazo, brasil2016.gov.br