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Érica Sena vive drama na fase final na marcha nos Jogos de Tóquio
A pernambucana Érica Sena viveu um verdadeiro drama na disputa dos 20 km marcha atlética dos Jogos Olímpicos de Tóquio, na madrugada desta sexta-feira (6.08), no horário de Brasília, no circuito montado no Odori Park, na cidade de Sapporo. A brasileira foi punida com a terceira advertência quando estava em terceiro lugar e faltavam cerca de 200m para completar a prova. Teve de ficar parada dois minutos no pit-stop e, com isso, ficou fora do pódio.
A atleta, de 36 anos, mostrou desespero ao ser retirada da prova pela arbitragem, chorando muito e inconformada. Mesmo com a punição, a atleta de 36 anos terminou as 20 voltas no circuito em 11º lugar, com o tempo de 1h31min39.
“Queria muito esse resultado. A marcha atlética brasileira precisava muito disso e dei tudo de mim na competição. Estou contente porque fiz a melhor prova da minha vida. Eu me considero uma vencedora. Tive um ano difícil, treinei com dores, pensei em parar. Agradeço muito ao meu treinador, que me deu muita força para que eu não desistisse”, disse.
“O que ocorreu foi muito inesperado e nunca havia acontecido comigo em grandes competições. A chinesa que estava atrás de mim é a atual campeã mundial e uma atleta muito rápida. A ideia era acelerar antes e ganhar distância dela. Deu certo e quando vi, já estava me aproximando da colombiana e brigando pelo segundo lugar. Depois disso, todos viram o que aconteceu. É duro por tudo que fiz, mas aconteceu. Fiz o melhor que pude e dei tudo de mim por essa medalha”, completou a brasileira.
Érica fez uma prova muito forte, desde a largada, dada às 16h30 no horário local e às 4h30 de Brasília, com uma temperatura de 34 graus e umidade de 54% - condições difíceis para as 58 atletas participantes. Mesmo assim, a pernambucana mostrou estar bem preparada e esteve sempre no pelotão de frente.
Treinada pelo equatoriano Andrés Chocho, seu marido, que a ajudou na hidratação durante a prova, Érica tomou a terceira advertência quando tentava brigar pela segunda colocação. A punição deve ter sido aplicada a menos de 600 metros do final, mas a atleta só recebeu o cartão na reta de chegada, onde fica o local em que as atletas têm de ficar os dois minutos sem marchar.
Em Tóquio, o país tem 52 representantes na modalidade, e 49 deles são integrantes do Bolsa Atleta, como Érica Sena. No ciclo entre os Jogos Rio 2016 e Tóquio 2021, o atletismo recebeu quase R$ 43 milhões de repasses diretos do programa de patrocínio direto do Governo Federal Brasileiro, recursos que foram suficientes para a concessão de 1.935 bolsas.
Érica estava muito perto da colombiana Sandra Arenas, que também tinha duas advertências, foi mais conservadora e acabou conquistando a prata, com o tempo de 1h29min37s. O ouro foi para a italiana Antonella Palmisano, com 1h29min12s, e o bronze para a chinesa Hong Liu, com 1h29min57s.
Na marcha atlética, os atletas são rigorosamente fiscalizados para não dobrarem os joelhos ou tirar os pés do chão, movimento conhecido como flutuar. Antigamente, após a terceira advertência, os participantes eram desqualificados. Agora, de acordo com o regulamento, os atletas precisam ficar parados dois minutos e só são retirados definitivamente da competição na quarta advertência.
Érica era uma das esperanças de medalha do Brasil. Sétima nos Jogos do Rio-2016, ela terminou em quarto lugar nos Mundiais de Londres-2017 e de Doha-2019. Ela fez o último período de preparação para a Olimpíada na cidade de Cuenca, no Equador, onde vive há 10 anos.
Com a vitória de Antonella Palmisano, a Itália sai como o grande destaque da marcha atlética dos Jogos Olímpicos. Afinal na quinta-feira o também italiano Maximo Stano foi o vencedor da prova masculina dos 20 km, com 1h21min05s.
Fonte: Confederação Brasileira de Atletismo