Atletismo
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Odair Santos conquista primeira medalha do Brasil no Rio 2016
No Mundial de Atletismo Paralímpico de Doha, em 2015, Odair Santos sofreu com uma hipertermia, caiu três vezes, levantou-se e completou os 5.000m T11 (deficientes visuais) carregado por seu guia. Menos de um ano depois, Odair correu até o fim, completou o percurso em 15m17s55 e conquistou a medalha de prata nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, a primeira do Brasil no evento. O ouro ficou com o queniano Mushai Kimani (15m16s11), enquanto o bronze foi para Bil Wilson, também do Quênia, com 15m22s96.
“Tenho tempo mais baixo que o de hoje, 15m11s, infelizmente não consegui repetir. Mas foi minha segunda melhor marca no ano, então estou muito satisfeito. Fico frustrado pelo fato de não ter vencido, mas fico feliz por ter conquistado a primeira medalha para o meu país”, disse Odair.
O drama vivido no Catar no ano passado é um borrão na memória do brasileiro. Odair disse não se lembrar direito da prova no Mundial. “Me disseram que fui bastante ovacionado. Eu estava inconsciente, desmaiado. Acordei e estava no hospital”, lembrou.
No Engenhão, a história foi outra. Odair liderava na última volta e acabou ultrapassado, mas desta vez pôde comemorar e ouvir os aplausos que vieram da arquibancada para o primeiro medalhista do país nos Jogos Rio 2016. “Hoje foi a redenção. Entrei bastante focado e acabei conquistando a medalha”, comemorou, destacando o público brasileiro no estádio.
“É uma energia fantástica. O povo brasileiro é diferenciado, inigualável. Em nenhum lugar do mundo você vai encontrar esse calor humano. Só tenho que dar parabéns a todo esse pessoal que veio prestigiar o esporte paralímpico”, comentou o medalhista de prata, que correu com fotos das filhas Júlia e Milena estampadas nas lentes dos óculos.
“Elas correm comigo na lente e no coração. Hoje não ia ser diferente. Quis fazer essa homenagem. Elas estão aqui no estádio e têm muita participação nessa medalha”, destacou Odair.
Com o resultado no Engenhão, Odair conquistou sua oitava medalha paralímpica, a quarta de prata. Ele ainda tem outras quatro de bronze. O brasileiro lamentou ter sido ultrapassado por Kimani na última volta dos 5.000m, mas não deixou de comemorar mais um pódio em sua carreira.
O brasileiro volta à pista do Estádio Olímpico no domingo (11.09) para disputar os 1.500m T11. Odair é o atual bicampeão mundial da distância e conquistou a medalha de prata nos Jogos de Londres 2012. “Agora é focar e descansar. Vou entrar com tudo e, quem sabe, conquistar mais uma medalha para o meu país”, declarou.
A prova
O percurso de 5.000m tem 12 voltas e meia. Odair se manteve na maior parte da prova em quarto lugar, mas no primeiro pelotão junto com os outros três atletas quenianos. Quando faltavam menos de três voltas, o brasileiro assumiu a ponta e levou o Engenhão à loucura. Ele liderou até os últimos 150m, quando o queniano Mushai Kimani acelerou para vencer. Odair cruzou a linha de chegada em segundo e garantiu a primeira medalha brasileira nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. O bronze foi para o queniano Bil Wilson.
“Adotei essa estratégia de dosar um pouco mais no início para fechar um pouco mais forte. Infelizmente acabou não dando certo. O queniano é um pouco mais veloz e acabou me surpreendendo no fim”, explicou o brasileiro.
Primeiro ouro
Na final do salto em distância da classe F11 (deficientes visuais), Ricardo Costa ficou com o ouro ao conquistar a marca de 6.52m na sexta e última tentativa. A prata foi para o norte-americano Lex Gillette, que liderava até o último salto com 6.44m. O bronze ficou com o ucraniano Ruslan Katyshev, com 6.20m. Leia a matéria completa
Brasileiras nas semifinais
Nas eliminatórias dos 100m rasos feminino classe T 11 (deficientes visuais), as três brasileiras se classificaram para as semifinais. Lorena Spoladore venceu a sua série com 12s49 e Jerusa Santos fez o mesmo com o tempo de 12s34. Terezinha Guilhermina ficou em segundo na sua eliminatória, mas com o tempo de 12s19 também se qualificou para a próxima fase.
“Estou realmente motivada para fazer melhor na hora certa. É uma corrida para quebrar o gelo da estreia, com certeza amanhã vou estar bem melhor. Mas estou feliz com este tempo, é o melhor deste ano”, disse Terezinha, atual recordista mundial e paralímpica.
Três recordes mundiais
Nos 100m feminino da classe T12 (também para deficientes visuais), a atual recordista mundial, a cubana Omara Duran, venceu a sua série em 11s58 e bateu o recorde paralímpico, que era da chinesa Guohua Zhou (11s91) de Londres 2012. A brasileira Alice Correa foi para as semifinais com o tempo de 12s31, melhor marca pessoal.
No arremesso de peso classe F32 (paralisados cerebrais), o grego Athanasios Konstantinidis bateu o recorde mundial com a marca de 10.39m. Já na classe F12 (deficientes visuais), Caio Vinícius (5º) e Alessandro Rodrigo (10º) ficaram fora do pódio.
Outro recorde mundial veio na eliminatória dos 100m classe T53 (competidores em cadeiras de rodas): a chinesa Lisha Huang bateu sua própria marca ao terminar a prova em 16s19. O antigo recorde era de 16s22.
Vagner Vargas e Carol Delmazo – Brasil2016.gov.br