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Judô

16/08/2019 22h08

Mundial de Judô

Seleção de judô faz aclimatação no Japão antes da estreia no Mundial

Alimentação, clima e fuso horário são desafios para a equipe no torneio que será de 25 de agosto e 1 de setembro, em Tóquio

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A delegação de judô do Brasil já desembarcou no Japão para a fase final de preparação para o Mundial da modalidade, que será realizado na cidade olímpica no período de 25 de agosto a 1º de setembro. Judocas que disputaram os Jogos Pan-Americanos de Lima vieram direto do Peru para o Japão, e se encontraram com o restante da delegação que veio do Brasil.

A equipe está concentrada em Hamamatsu, a aproximadamente 250km de Tóquio, para o período de aclimatação ao fuso-horário e últimos treinos antes da estreia na Nippon Budokan. Hamamatsu abriga a maior colônia de brasileiros no Japão e a prefeitura local, em parceria com a CBJ e com o COB, preparou tudo para que os judocas brasileiros sintam-se em casa. A operação servirá ainda como teste para os Jogos Olímpicos, já que a cidade será a base do judô também em 2020.

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Equipe treina em Hamamatsu, no Japão: aclimatação para 2020 também será feita na cidade que tem a maior colônia brasileira no Japão. Foto: CBJ

O Mundial de Tóquio reúne 889 competidores, de 152 países, e é um dos eventos-teste para os Jogos Olímpicos de 2020. São 537 judocas nas sete categorias masculinas e 352 nas outras sete femininas.

A delegação brasileira tem 18 atletas na competição individual. Dezessete são integrantes do Bolsa Atleta, programa da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. O investimento anual no grupo é de R$ 1,67 milhão. No judô como um todo, 256 esportistas recebem atualmente o Bolsa Atleta, num investimento federal anual de R$ 4,5 milhões.

Nesse grupo de 17, 12 recebem a Bolsa Pódio, a principal categoria do Bolsa Atleta, voltada para esportistas que se consolidam entre os 20 melhores do ranking mundial. Em outra vertente de investimentos federais, 11 dos 18 judocas estão inscritos no Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas.

É uma semana de lapidação. Fazemos lutas, mas com pouca intensidade, buscando corrigir os erros e ajustar os detalhes"
Maria Portela, peso médio da Seleção Brasileira de judô

Primeiros treinos

Na manhã de quinta-feira (15), noite de quarta no Brasil, a seleção foi ao dojô do Ginásio Yuto para o primeiro treino da semana em solo japonês. A atividade contou com o apoio de judocas locais da Omori Judo Club e também de um time de atletas das categorias de base do Brasil trazidos pela CBJ. A estratégia visa fortalecer o processo de transição e renovação do judô nacional, além de ser um treinamento de luxo para os judocas da seleção júnior (sub-21) que lutarão o Mundial da classe em outubro, no Marrocos.

"Nesta semana os treinos de judô serão priorizados pela manhã e à tarde a gente vai fazer um trabalho técnico ou um trabalho físico. É uma semana de lapidação. Fazemos lutas, mas com pouca intensidade, buscando corrigir os erros e ajustar os detalhes", explicou a peso médio da seleção feminina Maria Portela (70kg).

No total, a delegação em Hamamatsu conta com 32 atletas, entre convocados para disputar o Mundial Individual, por Equipes e atletas para apoio nos treinos.

Maria Portela é uma das representantes brasileiras no Mundial de Tóquio. Foto: Rodolfo Vilela/rededoesporte.gov.br

Desafios da aclimatação

O sono vai embora às 4h e volta com tudo às 17h. A fome bate na madrugada e, no café da manhã, tem arroz, salmão e macarrão. Some-se a isso o calor dos 32ºC e a alta umidade relativa do ar que amplificam o desgaste físico durante uma sessão de treinos.

Não é fácil. Nos primeiros dias de aclimatação no Japão, os desafios da adaptação a um novo ambiente e numa cultura oposta à brasileira são os primeiros adversários que os judocas brasileiros precisam superar antes de encarar as lutas no Mundial de Tóquio.

"A aclimatação é um processo de adaptação do organismo. É o período de resposta do corpo a essa diferença de ambiente até que ele se sinta equilibrado novamente", explica o médico Rodrigo Rodarte, que acompanha os judocas na concentração em Hamamatsu até o início do Mundial. "Existem fatores externos que contribuem para uma melhor adaptação, que são a prática de atividade física, a ingestão de alguns alimentos, uma boa hidratação e o respeito aos horários naturais de luz e noite."

Para auxiliar no processo de adaptação, a comissão técnica da CBJ planejou a logística de treinos e alimentação em detalhes a fim de garantir que o atleta alcance seu melhor desempenho na reta final de preparação para a competição mais importante do ano.

Cardápio ajustado

Uma das principais medidas para facilitar essa adaptação no Japão foi o ajuste no cardápio das refeições servidas no hotel da delegação. No café da manhã, além das opções da culinária local, que também é apreciada por alguns atletas e membros da comissão técnica, há opções mais brasileiras, como pães, queijo branco, mel e granola. No almoço e no jantar, o cheirinho de feijão temperado na hora, a farofa e um cardápio adaptado à cultura brasileira trazem um pouquinho de Brasil para os pratos dos judocas mais saudosos do tempero de casa.

"Nós ensinamos o chefe do restaurante do hotel a fazer feijão e farofa. Apesar de alguns atletas estarem habituados à culinária japonesa, temos também aqueles que não comem de jeito nenhum. Como é um período longo de concentração, é importante trazermos um pouco do Brasil para a dieta dos atletas", pondera a nutriocinista da CBJ, Roberta Lima, que também acompanha a equipe no Japão.

Mas o maior vilão da aclimatação é, sem dúvida, o "jet lag", a descompensação horária causada pela enorme diferença de fuso horário, uma vez que Tóquio está 12 horas à frente do horário de Brasília. Logo, 10h30 da manhã em Hamamatsu, horário de início do primeiro treino do dia, equivale à 22h30 no Brasil.

Para não sofrer e não dormir no tatame, é importante seguir algumas orientações: evitar bebidas estimulantes, como café e chá verde; resistir à soneca da tarde e ingerir alimentos como banana, rica em triptofano, que melhora a qualidade do sono; ovo, rico em vitamina B12, que tem papel na regulação do ritmo circadiano; e frutas oleaginosas, que favorecem o relaxamento muscular.

Seguindo essas orientações e tomando os cuidados necessários para uma boa adaptação, os atletas chegarão a Tóquio prontos para o combate. São detalhes pequenos como esses, portanto, que, no final de todo o processo de preparação de um atleta de alta performance, podem fazer a diferença na busca pela medalha em um Mundial.

Representantes brasileiros no Mundial de Tóquio

FEMININO
Larissa Pimenta (-52kg)
Eleudis Valentim (-52kg)
Rafaela Silva (-57kg)
Alexia Castilhos (-63kg)
Ketleyn Quadros (-63kg)
Maria Portela (-70kg)
Mayra Aguiar (-78kg)
Maria Suelen Altheman (+78kg)
Beatriz Souza (+78kg)

MASCULINO
Eric Takabatake (-60kg)
Felipe Kitadai (-60kg)
Daniel Cargnin (-66kg)
Eduardo Yudy (-81kg)
Rafael Macedo (-90kg)
Leonardo Gonçalves (-100kg)
Rafael Buzacarini (-100kg)
David Moura (+100kg)
Rafael Silva (+100kg)

Infográfico - Mundial de Judô 2019

Rededoesporte.gov.br, com informações da Confederação Brasileira de Judô