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Tenis de mesa

21/08/2021 21h42

Tênis de mesa

De Comercinho a Tóquio: Marliane Santos lembra trajetória antes de estreia

Nascida no interior de Minas, mesa-tenista da Classe 3 admite que assusta pensar que irá disputar o maior evento esportivo paralímpico do mundo

Um dos 8.298 habitantes de Comercinho, município do norte de Minas Gerais, se encontra bem longe da cidade natal nos próximos dias. E não é por um motivo comum. Marliane Santos, comerciense e mesatenista de classe 3, está em Tóquio, no Japão, para a disputa dos Jogos Paralímpicos.

Foto: Ale Cabral/CPB

No outro lado do mundo, a atleta vai fazer a sua estreia em uma Paralimpíada e admite que o coração ‘bate mais forte’ ao pensar aonde chegou. “Quando olho para trás, vejo como comecei e aonde cheguei, dá uma acelerada no coração. É algo muito bacana o que está acontecendo na minha vida. É um sonho”, disse a atleta.

Comercinho tem este nome pois era um ponto de encontro dos fazendeiros da região, conhecido como Comercinho do Bruno. Nostálgica, ela lembra do começo da vida no interior mineiro: “Quando penso em tudo, assusta. A minha vida lá e agora, que estou indo para uma competição deste nível e ainda é a minha primeira participação. Assusta um pouquinho, mas é gratificante tudo isso”.

O tênis de mesa é uma das 15 modalidades em que 100% dos atletas inscritos pela seleção brasileira são integrantes do Bolsa Atleta, programa de patrocínio direto do Governo Federal Brasileiro. O país terá 14 atletas em Tóquio, que receberam investimento direto de R$ 4,3 milhões no ciclo entre os Jogos Rio 2016 e Tóquio 2021. Na modalidade como um todo, o tênis de mesa paralímpico recebeu R$ 11,1 milhões no ciclo Rio - Tóquio, valor suficiente para a concessão de 515 bolsas.

Marliane tem 29 anos e é atual número 23 do mundo na classe 3. A última grande competição de que participou foram os Jogos Parapan-Americanos Lima 2019, em que conquistou um ouro por equipes na classe 2-5 e uma prata individual na classe 2-3. A mineira contou como se tornou cadeirante e como começou no tênis de mesa.

“Eu me tornei cadeirante aos 15 anos devido a um verme que se alojou na minha medula, foi esquistossomose. Como a minha cidade é pequena e tem poucos recursos para uma pessoa deficiente, eu tive de me mudar. Fiz uma visita ao meu irmão que morava em São Paulo e ele me apresentou uma gestora do esporte, Soraia Alvarenga. Ela me falou das possibilidades de me tornar uma atleta, me mostrou medalhas e me convidou para fazer parte do clube dela”, complementou.

Ingresso na faculdade

Além das mesas, Marliane também está alçando voos altos na vida acadêmica. Durante a pandemia, optou por se matricular em uma faculdade: “Estou fazendo Administração agora. Comecei durante a pandemia, porque fiquei oito meses parada e não consigo mais ficar sem fazer nada como em Comercinho”.

Marliane, porém, não quer sair do tênis de mesa e pensa ser gestora do esporte na sua cidade natal: “Eu penso em me formar, mas não quero parar de jogar tênis de mesa, jamais! Quero continuar conquistando o meu espaço no esporte, quero ganhar uma medalha paralímpica e, quem sabe, no futuro, eu abra um negócio na minha cidade, ligado ao esporte”.

Fonte: Confederação Brasileira de Tênis de Mesa