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Judô

09/03/2016 16h34

Evento-teste

David Moura, sobre a vaga olímpica: “Acho que agora é a minha vez”

Atleta do peso pesado disputa a classificação para os Jogos com Rafael Silva, medalhista de bronze em Londres-2012

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David Moura diante do evento-teste no Parque Olímpico: desejo de estar no tatame em agosto. Foto: Miriam Jeske/Brasil2016.gov.br

Ao chegar ao evento-teste de judô, como simples espectador, nesta quarta-feira (09.03), David Moura não escondeu certa ansiedade. “A primeira coisa que a gente pensa quando entra no ginásio é: `É aqui que, daqui a alguns meses, eu estarei lutando’”, comenta o judoca do peso pesado, que acompanhou as disputas na Arena Carioca 1 e aproveitou para conhecer também a Arena 2, onde serão as lutas da modalidade durante os Jogos.

Atualmente, o peso pesado ocupa a 12ª posição no ranking mundial. Foto: Getty Images

Mesmo sem a definição da vaga olímpica, que só será divulgada após o fechamento do ranking mundial, em maio, o judoca de 28 anos demonstra confiança de que, em agosto, será ele o representante brasileiro na categoria +100kg. “Estou muito confiante de que serei eu. Acho que é a minha vez”, opina. A disputa acirrada por pontos na listagem internacional é com o compatriota Rafael Silva, o Baby, medalhista de bronze na edição de Londres-2012 e que, devido a lesões, ficou de fora de competições no ano passado.

David ocupa o 12o lugar no ranking, atualizado na última segunda-feira (7), seguido de perto por Rafael, o 13o . “Nós dois estamos disputando passo a passo a vaga. Do fundo do coração, acho que o peso pesado é uma categoria que está muito bem representada. Ele por já ter sido medalhista olímpico e eu por estar chegando bem, aproveitando as oportunidades que estou tendo”, avalia David, que neste ano subiu ao pódio nas duas competições que disputou: ouro no Open de Sofia, na Bulgária, em janeiro, e bronze no Grand Slam de Paris, em fevereiro.

Agora, o atleta espera conseguir os pontos decisivos finais sem precisar  do desgaste de passar por muitos torneios. “A minha estratégia é fazer competições pontuais com o objetivo de ganhar. Comecei o ano fazendo isso e acho que, se eu continuar ganhando, não preciso fazer muitas competições porque no ranking só contam os cinco melhores resultados”, destaca. “Se eu fizer cinco bons, a preparação será perfeita até pensando nas Olimpíadas. Mesmo ainda sem saber quem vai, eu já penso em ser campeão olímpico. Acho que, se eu estiver preparado realmente para isso, a vaga vai ser minha”, avalia.

No calendário de David Moura, até a convocação, estão o Grand Prix da Turquia e o Pan-Americano, em Cuba, ambos em abril, além do World Masters, no México, no fim de maio, já perto do encerramento do ranking. Ele espera que a rivalidade com Baby siga até os últimos momentos. “Como nós dois estamos bem no ranking, acho justo a gente lutar todas as competições e ter oportunidades parecidas para disputar essa vaga no tatame. Quem estiver realmente melhor representará o Brasil”, comenta o atleta.

Na final contra o equatoriano Freddy Figueroa no Pan de Toronto, David aplicou ippon em 13 segundos de luta. Foto: Getty Images

"Apontar o lápis"

Reconhecido por uma agilidade nos tatames não tão comum entre os peso pesados, David espera usar justamente a velocidade a seu favor. “Vou focar muito na explosão e velocidade, que eu acho que tenho como diferencial, e posso surpreender qualquer adversário. Inclusive o Teddy Riner, com certeza”, destaca o brasileiro em relação ao francês oito vezes campeão mundial, atual campeão olímpico e líder do ranking. No Pan de Toronto, foi exatamente essa agilidade que lhe permitiu vencer a final contra o equatoriano Freddy Figueroa por ippon com apenas 13 segundos de luta. 

“Eu venho descobrindo coisas que meus adversários não gostam e que eu faço. Estou treinando cada vez mais os golpes baixos, que normalmente os peso pesados não têm colegas de treino que façam, e a transição para o chão, golpes de sacrifício e as finalizações, que tenho treinado muito com o Flávio Canto”, explica David, que representa o Instituto Reação, criado no Rio de Janeiro pelo ex-atleta da seleção brasileira.

“Agora é apontar o lápis. Melhorar o que já faz de bom, arrumar detalhes que talvez esteja errando, trabalhar a parte física sem deixar a parte técnica, mas não dá tempo de colocar mais nada novo no jogo. É só bater na tecla do que já está dando certo”, afirma o judoca, campeão no Pan de Toronto em 2015.

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No tradicional Aberto de Paris, no mês passado, o bronze veio após superar o georgiano Levan Matiashvili. Foto: Federação Internacional de Judô

Dentro de casa

Mesmo sem pisar no tatame do Parque Olímpico durante o evento-teste, David Moura já começou a se imaginar em ação, projetando o que pode ocorrer em  agosto. “Sempre que a gente entra em um ginásio bonito, com tatame da cor que a gente sabe que vai ser a das Olimpíadas, isso tudo já ajuda a gente a se acalmar”, opina. “Quando a gente chega, dá aquela tensão, mas a gente já vai se familiarizando e se sentindo cada vez mais em casa. Isso é uma vantagem perante os adversários que estão lá nos seus países. Sabendo usar isso, a gente tem tudo para fazer um resultado melhor”, acredita o pesado.

O atleta também avaliou a estrutura do local e aprovou o que viu durante as disputas desta quarta-feira. “A gente já teve explicações e palestras de como vai ser o dia da Olimpíada e estou achando tudo ótimo. A estrutura está excelente, o ginásio está ótimo, com tudo de que a gente precisa. O atleta hoje só precisa se preocupar em lutar mesmo, e isso é ótimo”, resume.

Ana Cláudia Felizola – brasil2016.gov.br