Judô
Baku 218
Cotados ao pódio, David Moura e Rafael “Baby” Silva não passam da estreia
As expectativas do Brasil para a disputa da chave dos pesados (+100kg) no Campeonato Mundial de Baku eram elevadas. Afinal, o país desembarcou na capital do Azerbaijão com dois atletas experientes, bem treinados, e que já haviam chegado a finais no torneio. Mas o dia não foi bom para o mato-grossense David Moura e para o sul-mato-grossense Rafael Silva, o Baby.
Vice-líder do ranking mundial e atual vice-campeão mundial, David Moura foi apontado até mesmo pelo super campeão francês Teddy Riner como um dos favoritos. Riner, dez vezes campeão mundial e bicampeão olímpico, venceu todos os Mundiais desde seu primeiro título em 2007, mas decidiu não competir em Baku para se poupar na preparação visando ao tricampeonato olímpico em Tóquio 2020. Com isso, Baku verá surgir, depois de uma década de domínio de Riner, um novo campeão mundial entre os pesados e tanto Moura quanto Baby sonhavam com isso.
"Eu estudei ele, eu sabia que ele fazia isso, mas ele realmente é muito rápido e eu bobeei, fiquei com as pernas paralelas para fazer a minha pegada e ele entrou no exato momento, tanto é que foi leve, eu nem senti"
David Moura, judoca
O primeiro a pisar no tatame foi David Moura, que enfrentou o uzbeque Bekmurod Oltiboev, 22 anos, 26º do ranking mundial, que lutava na categoria meio-pesado (-100kg) até abril de 2017.
Moura entrou de bye e só atuou na segunda rodada. Mas logo na primeira luta Oltiboev já apresentou seu "cartão de visita" quando encaixou um belíssimo ippon no australiano Liam Park com uma técnica de enorme velocidade.
Quando se deparou com David Moura, Bekmurod Oltiboev foi punido com shidos (infrações). Parecia que o brasileiro dominava a luta, mas o uzbeque aplicou o mesmo golpe rápido com o qual superou o australiano na estreia. Resultado: Ippon para o rival e fim do sonho do ouro em Baku para Moura.
"Eu estudei ele, sabia que ele fazia isso, mas ele realmente é muito rápido e bobeei. Fiquei com as pernas paralelas para fazer a minha pegada e ele entrou no exato momento, tanto é que foi leve, eu nem senti", admitiu David Moura.
Acompanhe a luta entre David Moura e o uzbeque Bekmurod Oltiboev
"Fora isso, eu estava dominando a luta. Agora é preocupar com esses caras que estão chegando, com os meio-pesados que estão subindo, que são caras mais rápidos, que entram para baixo, para frente, o que é um pouco diferente das características até hoje. Então é preocupar mais com esses caras agora e não cometer mais esses erros", avaliou David Moura.
» Confira a cobertura completa do Mundial de Judô - Baku 2018
Para o judoca, o Mundial de Baku deixa lições que ele pretende usar no restante do ciclo para atingir o objetivo de representar o país nos Jogos de Tóquio 2020. "É obrigação de cada atleta profissional, que é o caso da seleção brasileira, aproveitar cada degrau negativo para crescer", afirmou Moura. "Acho que o judô é isso: ensina a gente a crescer nas derrotas. Se a gente souber usar as informações que a gente teve da derrota e melhorar, a gente vai ficando cada vez mais perto da vitória. Eu acho que já consegui provar isso para mim mesmo e agora a minha preocupação é melhorar. É ser cada vez mais um melhor judoca e um melhor atleta para ter mais chances de subir ao pódio", encerrou o brasileiro.
"Eu saí de cara com o japonês, um adversário bastante complicado. Eu achei que eu lutei bem no tempo regulamentar, coloquei bons golpes, forcei a saída de área, porém não consegui definir o combate ali no primeiro momento"
Rafael Silva, judoca
Quando David Moura saiu do tatame, Rafael Baby, bronze nas Olimpíadas de Londres 2012 e Rio 2016 e dono de três pódios em Mundiais (uma prata e dois bronzes), já media forças com o japonês Hisayoshi Harasawa. Apesar do modesto 44º lugar no ranking mundial, o rival era um oponente experiente, com a medalha de prata nos Jogos Olímpicos Rio 2016 no currículo.
Baby e Harasawa travaram uma luta equilibrada no tempo normal e foram para o golden score com dois shidos para cada lado. Na prorrogação, contudo, Baby foi punido com um novo shido, o que determinou a vitória do japonês. Com isso, os dois pesados do Brasil estavam eliminados do Mundial de Baku.
"Eu saí de cara com o japonês, um adversário bastante complicado. Eu achei que lutei bem no tempo regulamentar, coloquei bons golpes, forcei a saída de área, porém não consegui definir o combate ali no primeiro momento. Foi uma luta decidida no detalhe, o japonês é experiente e acabei derrotado. Agora é acertar os detalhes, melhorar os treinamentos e amanhã tem a disputa por equipe", analisou Rafael Silva, referindo-se à disputa desta quinta-feira (27.09), quando o Brasil disputa o Mundial por equipes mistas.
Maria Suelen luta por mais uma final
Última brasileira com chances de conquistar medalhas nas chaves individuais do Mundial de Judô de Baku, Maria Suelen Altheman, 4ª do ranking mundial, está classificada para as semifinais da competição. Na rodada da manhã, a judoca conquistou três belas vitórias e, agora, luta para tentar chegar à terceira final em Mundiais.
Vice-campeã mundial em 2014, em Chelyabinsk, e em 2013, no Rio de Janeiro, Maria Suelen Altheman estreou em Baku já na segunda rodada contra a francesa Anne Fatoumata Bairo, 17ª do ranking e não teve problemas para vencer por ippon e avançar às oitavas de final.
Na sequência, passou pela alemã Caroline Weiss, 16ª do ranking, novamente por ippon, e, nas quartas de final, superou a britânica Sarah Adlington, 20ª do ranking, depois que a rival sofreu três shidos (punições).
O bloco final do Mundial de Baku 2018 começa às 16h, no horário local (9h no horário de Brasília) e Maria Suelen Altheman faz a terceira luta da programação, contra a fortíssima cubana Idalys Ortiz. A rival foi campeã olímpica em Londres 2012, prata nas Olimpíadas do Rio 2016 e bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 e ainda tem no currículo seis medalhas em Mundiais (duas de ouro e quatro de bronze). As duas já lutaram 12 vezes na carreira e a brasileira jamais venceu a cubana.
Beatriz Souza perde nas oitavas de final
Pela chave feminina, o Brasil também começou a quarta-feira em Baku com duas atletas em busca do pódio: Beatriz Souza e Maria Suelen Altheman.
Estreante em Mundiais sênior, Beatriz, 20 anos, 4ª colocada no ranking mundial, venceu com propriedade sua primeira luta ao aplicar um ippon na húngara Mercedesz Szigetvari. O resultado a garantiu um lugar nas oitavas de final, onde enfrentou a turca Kayra Sayit. A rival encaixou um golpe de wazari no final do terceiro minuto de confronto e a brasileira não conseguiu reverter a vantagem, sendo eliminada na capital do Azerbaijão.
"Eu criei a estratégia certa na minha opinião, fui para buscar o golpe, para trabalhar para poder entrar, mas ali no vacilo que eu dei de um golpe que eu entrei ela acabou achando um wazari e dei tudo para buscar nesse final, mas não deu", afirmou Beatriz Souza, que fez uma avaliação de seu primeiro Mundial sênior.
"Eu levo a experiência de ver que estou conseguindo ir bem. Ela é uma adversária experiente, essa turca, então eu vi que eu consigo, que eu posso. É trabalhar mais um pouquinho nos treinos e acertar os detalhes", encerrou a judoca.
Galeria de fotos em alta resolução para uso editorial gratuito (crédito obrigatório: Rodolfo Vilela/ rededoesporte.gov.br)
Todos os medalhistas do Brasil no Mundial Sênior
1971 (Ludwigshafen/GER)
Chiaki Ishii (-93kg/bronze)
1979 (Paris/FRA)
Walter Carmona (-86kg/bronze)
1987 (Essen /GER)
Aurélio Miguel (-95kg/bronze)
1993 (Hamilton/CAN)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Rogério Sampaio (leve/bronze)
1995 (Tóquio/JPN)
Danielle Zangrando (-56kg/bronze)
1997 (Paris/FRA)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Edinanci Silva (-72kg/bronze)
Fúlvio Myata (-60kg/bronze)
1999 (Birmingham/GBR)
Sebastian Pereira (-73kg/bronze)
2003 (Osaka/JPN)
Mario Sabino (-100kg/bronze)
Edinanci Silva (-78kg/bronze)
Carlos Honorato (-90kg/bronze)
2005 (Cairo/EGY)
João Derly (-66kg/ouro)
Luciano Corrêa (-100kg/bronze)
2007 (Rio de Janeiro/BRA)
João Derly (-66kg/ouro)
Tiago Camilo (-81kg/ouro)
Luciano Correa (-100kg/ouro)
João Gabriel Schilittler (+100kg/bronze)
2010 (Tóquio/JPN)
Mayra Aguiar (-78kg/prata)
Leandro Guilheiro (-81kg/prata)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
2011 (Paris/FRA)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Rafaela Silva (57kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Leandro Guilheiro (-81kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)
2013 (Rio de Janeiro/BRA)
Rafaela Silva (-57kg/ouro)
Érika Miranda (-52kg/prata)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)
2014 (Chelyabinsk/RUS)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Erika Miranda (-52kg/bronze)
Rafael Silva (+100kg/bronze)
2015 (Astana/CAZ)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Victor Penalber (-81kg/bronze)
2017 (Budapeste/HUN)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
David Moura (+100kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/bronze)
2018 (Baku/AZE)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Luiz Roberto Magalhães, de Baku, no Azerbaijão - rededoesporte.gov.br