Atletismo
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Com sprint sensacional, Yeltsin Jacques garante o primeiro ouro do atletismo
O atletismo do Brasil abriu os trabalhos nos Jogos Paralímpicos de Tóquio com uma vitória emocionante de Yeltsin Jacques nos 5000m T11, para atletas com deficiência visual, na noite desta quinta-feira, 26 (de Brasília). O atleta se manteve na frente boa parte da prova e parecia que teria uma briga contra o queniano Rogers Kiprop, mas o japonês Kenya Karaswaya arrancou na frente e parecia forte candidato a levar a prova. Nos últimos 300 metros, contudo, Jacques arrancou e fechou a disputa em 15min13s62. O tempo é o novo recorde das Américas da prova e ficou a pouco mais de dois segundos do recorde mundial. Karaswaya terminou em segundo, com 15min18s12, e o bronze foi para outro japonês, Shynia Wada, com 15min21s03.
Foi o primeiro ouro do Brasil na modalidade em Tóquio e o segundo do país desde o início da competição. O primeiro havia sido na natação, com Gabriel Bandeira nos 100m borboleta da classe S14. “Nessa prova, um dos meus guias, o Carlos Lira, me avisou que o japonês havia me passado. Desde o início eu sabia que tinha condição de vencer, apesar de ter sido uma prova dura, com um clima quente e úmido, mas a gente tinha estudado o local. Eu sabia que estava pronto para trazer esse resultado para o Brasil e para mostrar ao mundo que a gente é uma potência no esporte paralímpico”, afirmou Yeltsin. “Sou grato a Deus, à minha esposa, sempre do meu lado, meu pai, minha mãe, meu treinador e à equipe do Comitê Paralímpico. A gente trabalhou muito por esse resultado. E vem mais ouro para o Brasil. Vou descansar e focar nos 1.500m”, avisou.
Tóquio marca a segunda participação do atleta em Jogos Paralímpicos. Nos Jogos Rio 2016, Yeltsin havia terminado os 5.000m na quinta posição. Na época, apesar de ter feito uma preparação de excelência, ele teve caxumba dois meses antes dos Jogos, o que, na opinião dele, repercutiu no rendimento. Desde então, mesmo com as dificuldades da pandemia, treinou muito para subir ao pódio na prova. “Meu treino foi intenso nos últimos cinco anos. Tanto que preciso trocar de guia na prova para eles conseguirem acompanhar o meu ritmo”, explicou. Laurindo Nunes correu 3000m ao lado de Yeltsin e Carlos, 2000.
O atleta reforçou a importância estratégica do suporte que teve para treinar e se dedicar exclusivamente ao esporte em sua caminhada. “O programa Bolsa Atleta é fundamental para o meu sustento e para poder focar no esporte. Sou contemplado no mais alto nível do Bolsa Atleta desde 2013. Minha primeira prova internacional foi em 2009, pelo CPB, e sempre tive como referência o Bolsa Atleta. Hoje é o principal suporte, assim como a estrutura que eu tenho em Campo Grande para treinar”, ressaltou o atleta que também vai disputar a maratona em Tóquio.
Natural de Campo Grande (MS), o brasileiro nasceu com baixa visão e conheceu o atletismo ajudando um outro colega, cego, a correr. O início da carreira foi nas Paralimpíadas Escolares, em 2007, quando se destacou nas provas de fundo.
Cristiane Rosa, de Tóquio, no Japão – rededoesporte.gov.br