Badminton
Cochabamba 2018
Com quatro ouros e três pratas, badminton confirma hegemonia
Antes de a peteca subir para o primeiro dia de competições do badminton em Cochabamba, a intenção manifesta da delegação brasileira era confirmar a hegemonia do país no continente. Nesta quinta-feira (31.05), a delegação nacional saiu do Coliseu Evo Moraes com o objetivo cumprido com sobras. O torneio teve disputas em seis categorias. Nas seis o Brasil fez a final. Em quatro, conquistou o ouro. Em duas terminou com a prata. E inclua aí uma prata adicional porque a final individual masculina foi entre brasileiros (confira os resultados completos no site oficial do evento).
"Estou super feliz com essa participação. Vir para uma competição dessa natureza com apenas quatro atletas, fazer um total de 39 jogos e só perder três é incrível. Eu me sinto, neste momento, um treinador realizado. Temos tudo para montar uma equipe bem forte para os Jogos Pan-Americanos do Peru", afirmou o português Marco Vasconcelos, técnico da Seleção Brasileira.
"Vir para uma competição dessa natureza com apenas quatro atletas, fazer um total de 39 jogos e só perder três é incrível"
Marco Vasconcelos, técnico da seleção brasileira de badminton
O critério de classificação do badminton para o megaevento de Lima, em 2019, é pelo ranking mundial. "Nossos atletas têm de estar presentes no circuito mundial e o ideal é ficarmos entre os três melhores países do cenário Pan-Americano. Assim teremos direito a uma equipe completa, com oito atletas. É o nosso próximo objetivo", completou o treinador.
Duelo doméstico
O primeiro ouro confirmado nesta quinta-feira foi de Ygor Coelho, número um no ranking das Américas e 32° do ranking mundial. O título, no entanto, quase escapou. O também brasileiro Artur Pomoceno fez uma partida extremamente competitiva. Ganhou o primeiro set por 21 x 19, chegou a abrir quatro pontos no segundo e teve um match point em 20 x 19. Ygor, no entanto, conseguiu salvar o ponto, virar o segundo set para 23 x 21 e fazer uma terceira parcial com autoridade para fechar em 21 x 12.
"Ele jogou muito bem. Estava rápido. Antecipou algumas das minhas ações. Eu tive de mudar um pouco a estratégia, jogar com inteligência e ganhar a rede. Para isso, explorei as bolas mais curtas. Consegui ser agressivo na hora em que empatamos em 21 x 21 e, no terceiro set, mantive a agressividade", avaliou.
Representante brasileiro nos Jogos Rio 2016, Ygor teve campanha 100% em Cochabamba. Já havia ajudado o time a levar o inédito ouro por equipe, venceu o individual e conseguiu o título também na dupla masculina, ao lado exatamente de Artur. Os adversários na decisão foram os peruanos Bruno Barrueto e Diego Mini Cuadros, batidos por 2 sets a 0, com parciais de 23 x 21 e 21 x 18.
"Consegui realizar minhas metas e objetivos aqui. Saio feliz para voltar a treinar ainda mais forte. Não costumo treinar duplas. Mas eu e o Artur queríamos muito pelo quadro de medalhas do Brasil", afirmou o atleta, de 21 anos.
Ygor está de mudança para a Dinamarca no início do segundo semestre. Vai treinar no país do atleta que atualmente ocupa a primeira colocação do ranking mundial, Viktor Axelsen. "É uma mudança importante, um investimento, em busca de crescer. A Dinamarca é um dos poucos países europeus que faz frente aos asiáticos no badminton", afirmou Ygor.
A revanche de Fabiana
Até a disputa das finais desta quinta, o Brasil só tinha uma derrota em 34 partidas disputadas. O tropeço ocorreu na terceira partida da decisão por equipes mistas. Fabiana da Silva havia vencido o primeiro set e tinha boa vantagem no segundo, mas permitiu a virada à peruana Daniela Macias e acabou derrotada por 2 x 1.
As duas voltaram a se encontrar na decisão individual feminina. Fabiana, que na véspera havia dito que entraria com "sangue nos olhos", fez jus à expressão. Muito rápida e antecipando as jogadas da adversária, venceu a primeira parcial com autoridade, por 21 x 13. No segundo set, no entanto, o fantasma da virada voltou a pairar. A peruana ficou muito consistente nas trocas de bola, criou dificuldades para Fabiana e abriu 20 x 17, com três oportunidades de set point para igualar o jogo.
"Eu estava engasgada com a derrota na disputa por equipes. Só conseguia pensar em continuar, em recuperar ponto a ponto. Fiquei focada, e repetia o tempo todo que o jogo era meu"
Fabiana da Silva
"Eu estava engasgada com a derrota na disputa por equipes. Duas semanas atrás, num outro torneio internacional, eu também tinha perdido para ela. Quando ficou 20 x 17, eu só conseguia pensar em continuar, em recuperar ponto a ponto. Fiquei focada, e repetia o tempo todo que o jogo era meu. No fim, consegui empatar, virar para 22 x 20 e conquistar esse ouro", afirmou Fabiana, que também saiu de Cochabamba com a prata na dupla feminina, ao lado de Luana Vicente. O ouro ficou com a parceria peruana formada por Daniela Macias e Danica Nishimura.
A última final do dia foi na dupla mista. Artur Pomoceno e Luana Vicente foram derrotados por 2 sets a 0 pelos peruanos Daniel La Torre e Danica Nishimura (21/17 e 21/13). Os quatro integrantes da equipe brasileira são beneficiários da Bolsa Atleta, do Ministério do Esporte.
Reação de ouro! Fabiana perdia por 20x17, salvou três set points, virou e fechou a partida em 22x20. #Cocha2018 pic.twitter.com/qxA9gdTs9q
— Rede do Esporte (@RedeDoEsporteBr) May 31, 2018
O Peru, que será a sede dos próximos Jogos Pan-Americanos, em 2019, trouxe à Bolívia uma equipe completa, com oito atletas. Mesmo assim, o quadro final de medalhas da modalidade terminou com o Brasil em primeiro, com sete medalhas, mas quatro ouros. Os peruanos somaram 11 pódios, mas apenas dois ouros. A delegação andina somou, ainda, três pratas e seis bronzes.
Gustavo Cunha, de Cochabamba, na Bolívia - rededoesporte.gov.br