Atletismo
Lima 2019
Com duplo ouro no revezamento e prata nos 200m, Brasil inflaciona provas de velocidade
A seleção brasileira de atletismo fincou os dois pés e um bastão no seleto grupo de nações de excelência nas provas mais rápidas do programa do atletismo. Os quartetos masculino e feminino do revezamento conquistaram o título do 4 x 100m. O Hino Nacional também tocou nos 10.000m, com Ederson Vilela, e Vitória Rosa atingiu sua melhor marca para conquistar a medalha de prata nos 200m rasos.
O quarteto campeão mundial, agora também campeão pan-americano, formado por Rodrigo Nascimento, Jorge Vides, Derick Silva e Paulo André dominou a prova de revezamento desde o início e cruzou a linha de chegada com 38s27, 19 centésimos à frente dos time de Trinidad e Tobago, prata com 38.46s. Os Estados Unidos completaram o pódio, com 38s79.
"Quando chegamos numa competição, queremos sempre sair com medalha. A gente veio com o mesmo grupo que conquistou o Mundial no Japão"
Rodrigo Nascimento
“Nós somos muito competitivos. Quando chegamos numa competição, queremos sempre sair com medalha. A gente veio com o mesmo grupo que conquistou o Mundial no Japão, por isso estávamos confiantes e treinados. A gente só alargou um pouco as passagens de bastão para que todos pegassem velocidade. Com isso a gente foi para o risco, mas para fazer resultado. A gente sai feliz e vamos comemorar esse título”, afirmou Rodrigo Nascimento.
Para Rodrigo, um dos segredos do revezamento nacional está na qualidade da passagem de bastão. “O Brasil sempre foi tradicional na passagem. A gente treina muito e por isso é muito eficaz. A gente está tirando muita diferença dos outros países com a nossa passagem de bastão. Nosso objetivo principal é chegar bem nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020”, disse.
Último a pegar o bastão, Paulo André revela que estava tenso antes de fechar o revezamento brasileiro. “Do meu lado tinha o campeão dos 200m. Fiz uma prova técnica e sabia que era para defender o nosso título. Conseguimos. Não foi fácil, vi que a disputa estava embolada e peguei o bastão para fechar uma boa prova e garantir o ouro”, conta Paulo André.
Ouro no feminino
No feminino, o quarteto formado por Andressa Moreira, Vitória Rosa, Lorraine Martins e Rosangela Santos deixou os sete países adversários na raia para trás e também garantiu o ouro para o Brasil, com 43s04. A medalha de prata ficou com o Canadá, que fechou o revezamento em 43s37, e os Estados Unidos completaram o pódio, com 43s39.
“É gratificante participar com as meninas desse quarteto. Estou chegando no adulto agora, da melhor forma possível, com a medalha de ouro. A gente está confiante para chegar bem em Tóquio 2020, porque somos uma equipe nova e nos admiramos muito”, disse a jovem Lorraine Martins, de 19 anos.
“Acredito que essa medalha não é só de nós quatro, mas de muitas outras atletas que não estão aqui. Não é fácil ser do revezamento brasileiro, pois sabemos que se a gente não trabalhar duro há outras grandes atletas prontas para representar o Brasil”, afirmou Rosangela.
Ouro nos 10.000m
O paulista Ederson Vilela também escreveu o seu nome na história do Brasil nos Jogos Pan-Americanos ao lado de grandes nomes, como de Marílson dos Santos e de Elenilson da Silva.
"Quando acabou a prova e peguei a bandeira, parecia que o cansaço tinha ido embora. Dei a volta olímpica e pensei: mesmo que o pessoal do doping venha atrás, tenho que fazer essa volta olímpica para celebrar"
Ederson Vilela
Ederson Vilela fez o melhor tempo de sua carreira nos 10.000m. Conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos com 28min27s47. A prata ficou com o norte-americano Reid Buchanan, 28min28s41, seguido por Lawi Lalang (EUA), com 28min31s75.
Tradicionalmente, as provas de fundo são dominadas por quenianos e etíopes no cenário internacional. Com uma concorrência forte, brasileiros como Ederson Vilela são verdadeiros “desconhecidos” em relação a outros atletas que disputam provas mais tradicionais no Brasil.
“Sou natural de Caçapava, no interior paulista. Já estou há um bom tempo na caminhada no atletismo, porém não tinha grandes resultados nas provas de fundo no Brasil. O resultado aqui no Pan mostra que estou evoluindo e aos poucos espero ter o meu nome reconhecido”.
Ederson começou a prova no meio do pelotão e só assumiu a liderança nos últimos quilômetros. “Só vi que iria conseguir a vitória quando olhei para o telão faltando uns 80 metros e vi que o americano não tinha mais condições de me alcançar. Os dois americanos estavam sempre perto, com o canadense. Comecei a prova lá atrás. Com o passar do tempo, fui ganhando posições e fiquei no meio deles. Esperei até o final. Faltando três voltas, já comecei a desgarrar do pelotão”, contou o paulista.
Após cruzar a linha de chegada, Ederson eternizou o instante. Pegou a bandeira do Brasil e deu uma “volta olímpica” no estádio de La Videna. “Quando acabou a prova e peguei a bandeira, parecia que o cansaço tinha ido embora. Dei a volta olímpica e pensei: mesmo que o pessoal do doping venha atrás de mim, tenho que fazer essa volta olímpica para comemorar. Então, acabei fazendo mais do que 10.000m, mas 10.400m”, brincou.
Prova da vida nos 200m
Desde quando chegou em Lima, Vitória Rosa declarou aos jornalistas que iria fazer a prova da vida. Nesta sexta, a carioca cumpriu o que prometeu, baixou o melhor tempo da carreira e conquistou a terceira medalha no Pan de Lima, com a prata nos 200m rasos.
A medalha de ouro foi conquistada pela bicampeã olímpica e tricampeã mundial dos 100m, a jamaicana Shelly-Ann Fraser-Price, com 22s43 (recorde dos Jogos Pan-Americanos). Vitória fez o tempo de 22s62, a melhor marca de sua carreira. A medalha de bronze ficou com Tinya Gather, de Bahamas, com 22s76.
“Eu tinha consciência de que poderia fazer mais. Agora, estou mais feliz ainda porque foram três resultados consecutivos. O Troféu Brasil vem aí e espero baixar o meu tempo muito mais”.
Breno Barros, de Lima, Peru – rededoesporte.gov.br