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Judô

08/08/2019 02h50

LIMA 2019

Com dez novatos e 125 medalhas no histórico, Brasil estreia no judô

Mayra Aguiar, Rafaela Silva e David Moura são os veteranos do elenco e encabeçam a missão de manter o Brasil na liderança do quadro da modalidade

Jogos Pan-Americanos Lima 2019

São 125 medalhas conquistadas ao longo de 13 edições dos Jogos Pan-Americanos, entre São Paulo 1963 e Toronto 2015. Os 36 ouros, as 35 pratas e os 54 bronzes colocam o Brasil como uma das maiores potências do judô no continente. Prova disso é que, nas duas últimas edições, o país liderou o quadro de medalhas da modalidade. Para seguir com a hegemonia, os brasileiros terão que superar a força cubana em Lima, e com um atleta a menos em campo.

Leonardo Gonçalves (100kg), considerado uma certeza de medalha pela comissão técnica, não poderá disputar os Jogos em função de uma lesão no cotovelo direito. Único brasileiro ranqueado na categoria no Ranking Pan-Americano, ele não pôde ser substituído. Assim, a seleção contará com 13 nomes: Larissa Farias (48kg), Larissa Pimenta (52kg), Rafaela Silva (57kg), Aléxia Castilhos (63kg), Ellen Santana (70kg), Mayra Aguiar (78kg) e Beatriz Souza (+78kg), ao lado de Renan Torres (60kg), Daniel Cargnin (66kg), Jeferson Santos Júnior (73kg), Eduardo Yudy Santos (81kg), Rafael Macedo (90kg) e David Moura (+100kg). 

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Equipe de judô em Lima: mescla de experiência e juventude. Foto: Abelardo Mendes Jr /rededoesporte.gov.br

Entre eles, dez disputam o megaevento continental pela primeira vez. Apenas Mayra, David e Rafaela já competiram no Pan. “Mas é uma equipe experiente, rodada. Estão aqui para ganhar experiência de Jogos visando aos Jogos Olímpicos de 2020”, ressalta Ney Wilson, gestor de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ).

“Um evento multiesportivo tem características diferentes, mexe um pouco mais com o psicológico do atleta. Tem a convivência com outras modalidades, a Vila, que tem um monte de armadilhas. Se não tomar cuidado, perde o foco. Tudo isso faz parte de um processo para chegar bem nos Jogos Olímpicos”, acrescenta. Em Guadalajara 2011, o judô brasileiro teve o melhor desempenho da história, conquistando seis ouros, três pratas e quatro bronzes.

“A equipe masculina tem hoje vários atletas novos, que estão trazendo uma energia boa”, afirma a técnica Yuko Fujii. “Todos estão rodando bastante os eventos internacionais, mas a experiência aqui é um pouco diferente. A pressão, o ambiente. É bom para eles e também um desafio”, acredita. 

O Pan de Lima não conta pontos na corrida olímpica, mas serve como treino final para o principal compromisso do ano. No mesmo palco dos Jogos do ano que vem, os atletas disputam o Campeonato Mundial em Tóquio, entre os próximos dias 25 e 31. Do Peru, já embarcam em direção ao Japão. A sequência de eventos também foi necessária em função de, pela primeira vez, o judô figurar entre as últimas modalidades da programação dos Jogos Pan-Americanos.

“Nunca aconteceu de o judô fechar os Jogos. Com a proximidade do Mundial, isso acabou sendo ruim para a gente”, aponta Ney Wilson. Outro diferencial será que, desta vez, as eliminatórias e as finais serão em um único turno do dia, e não mais divididas entre manhã e tarde. “Esse aspecto facilita. É uma competição curta, rápida, com no máximo 10 atletas por categoria. Assim não tem um intervalo tão grande para a fase final”, comenta o dirigente. 

Na defesa do título 

Se por um lado a seleção é formada por tantos novatos, David Moura (+100kg) chega a Lima disposto a defender o ouro de quatro anos atrás. “Estou feliz de estar aqui. É uma competição sensacional e que já mudou a minha vida em 2015”, conta. “Acho que pode ser positivo, inclusive para o Mundial, eu ganhar aqui, me sentir bem, feliz, e lutar lá um pouco mais leve para trazer um ótimo resultado também. Espero, do fundo do coração, voltar com duas medalhas de ouro”, deseja o peso pesado, que terá em dois integrantes da família a inspiração para as conquistas. 

“Os Jogos Pan-Americanos têm um sabor muito especial lá em casa. Meu pai, Fenelon Oscar Muller, foi bronze no Pan de 1975, também no pesado. Quarenta anos depois, em 2015, eu ganhei o ouro. E agora estamos aqui de novo para repetir esse feito”, ressalta David. Na plateia da Villa Desportiva Nacional (Videna), contará ainda com as presenças da mãe, da esposa e do filho João Moura, de 1 ano e 10 meses, que ainda não viu o pai lutar. A primeira vez será justamente no dia dos pais, no domingo (11).

“O mundo muda para a gente, as importâncias mudam. Hoje luto pensando que meu filho vai ter orgulho de mim”, afirma, emocionado. “Às vezes a gente apanha, viaja o mundo inteiro, perde, volta, e ele não quer saber se ganhei ou perdi. Ele me abraça, me beija. Está sendo uma sensação especial”, acrescenta o judoca, que aponta o cubano Andy Granda como o adversário mais forte a ser batido na categoria.

David Moura, no entanto, afirma ter se preparado para o encontro. “Semana passada fiz uma preparação de estudo específica para os atletas daqui. Recebi dois atletas canhotos em casa para treinar porque o cubano é canhoto. Isso tudo vai contar para qualquer canhoto com quem eu vá lutar no Mundial. Está tudo na minha cabeça”, assegura.

Mais madura

Uma das veteranas do elenco e dona de três medalhas em Jogos Pan-Americanos (prata no Rio 2007 e em Toronto 2015, e bronze em Guadalajara 2011), Mayra Aguiar chega para a quarta participação no evento embalada pelas cinco medalhas que conquistou em sete competições disputadas neste ano. Mais do que isso, a gaúcha medalhista olímpica e bicampeã mundial vive um momento de mais leveza no esporte.

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Mayra Aguiar disputa, em Lima, sua quarta edição do Pan. Foto: Abelardo Mendes Jr /rededoesporte.gov.br

“Estou me sentindo em um dos melhores momentos. Fisicamente, consegui ajustar alguns detalhes. O judô estava pesado para mim, com dores, e consegui melhorar este ano. Consegui competir e treinar mais, então estou me sentindo bem”, conta. “Estou com a cabeça boa também, o psicológico acho que está ajudando, e estou com muita vontade de treinar, de colocar o quimono, de competir”, afirma, empolgada.

Para ela, o que mudou foi o amadurecimento. “Uma hora a gente amadurece. Estou curtindo mais o momento e está dando certo. Claro que com mais disciplina também, de descanso, alimentação. Isso faz diferença”, ressalta. Em sua primeira edição do Pan, em 2007, Mayra tinha apenas 15 anos de idade. 

A experiência que acumulou de lá para cá é o que pretende transmitir para os novatos da equipe. “Muito nova já conheci esse mundo, fui tomando pressão nas costas. Isso me deixou casca grossa, com esse amadurecimento e com essa disciplina que tenho hoje”, ressalta. “Tudo o que eles estão vivendo aqui é uma experiência, mas eles também têm muita chance de medalhar. A equipe é forte”, completa. 

Em busca do ouro que ainda não conquistou, Mayra sabe que terá fortes adversárias pela frente, como a cubana Kaliema Antomarchi, a equatoriana Vanessa Chala e a argentina Lucia Cantero. “É um objetivo meu, mas não é algo que pese. Sou super feliz com tudo que já conquistei na carreira”, garante.

Primeiro dia

Ao todo, o judô em Lima contará com 138 atletas, 69 homens e 69 mulheres, de 25 países. Nesta quarta-feira (7.08), foram sorteadas as chaves dos confrontos, que vão de quinta a domingo. No primeiro dia, o Brasil contará com Larissa Farias (48kg), Larissa Pimenta (52kg) e Renan Torres (60kg). As preliminares serão a partir das 17h e as finais, a partir das 18h40 (de Brasília).

Larissa Farias estreia contra Jacqueline Solis, da Guatemala. Se vencer, pega a argentina Paula Pareto, campeã olímpica nos Jogos Rio 2016. Já Larissa Pimenta encontra Diana de Jesus, da República Dominicana, já nas quartas de final. Renan estreia também nas quartas, contra Adonis Diaz, dos EUA.

Em abril deste ano, alguns dos convocados disputaram o Pan-Americano da modalidade, também em Lima, que serviu como evento-teste para os Jogos. Os brasileiros conquistaram 15 medalhas individuais (4 ouros, 8 pratas e 3 bronzes), além do título por equipes.

Investimentos

Dos 13 atletas convocados, dez são beneficiados pelo programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, sendo seis na categoria Pódio. Ao todo, o investimento anual é de R$ 919,5 mil no grupo que compete em Lima. Além disso, onze judocas são das Forças Armadas.

Programação
(Horários de Brasília)

Quinta-feira (8)
- Larissa Farias (48kg)
- Larissa Pimenta (52kg)
- Renan Torres (60kg) 

17h – Preliminares
18h40 – Finais 

Sexta-feira (9)
- Rafaela Silva (57kg)
- Daniel Cargnin (66kg)
- Jeferson Santos Júnior (73kg)

17h – Preliminares
18h40 – Finais

Sábado (10)
- Aléxia Castilhos (63kg)
- Ellen Santana (70kg)
- Eduardo Yudy Santos (81kg)
- Rafael Macedo (90kg)

17h – Preliminares
19h – Finais

Domingo (11)
- Mayra Aguiar (78kg)
- Beatriz Souza (+78kg)
- David Moura (+100kg)

11h – Preliminares
13h – Finais  

Ana Cláudia Felizola, de Lima, no Peru – rededoesporte.gov.br