Atletismo
Tour da Tocha
Com a chama olímpica acesa na Grécia, tem início o tour rumo aos Jogos do Rio
Repleta de simbolismos e referências às origens dos Jogos, a cerimônia de Acendimento da Chama Olímpica realizada nesta quinta-feira (21.04) em Olímpia, na Grécia, deu início oficialmente ao revezamento rumo à cerimônia de abertura da Rio 2016, em 5 de agosto. Milhares de pessoas acompanharam a solenidade que marcou o início do tour que irá passar por quase 30 cidades gregas antes de desembarcar no Brasil, onde passará por 334 municípios.
Seguindo o ritual, a atriz grega Katerina Lehou, acompanhada por várias sarcerdotisas, acendeu a tocha olímpica em frente ao Templo de Hera. Já dentro do Estádio Olímpico, ela passou o fogo olímpico ao primeiro carregador, o ginasta grego Eleftherios Petrounias, campeão mundial das argolas na ginástica artística e medalha de prata no evento-teste da modalidade, no último fim de semana. Ele caminhou em direção ao monumento em homenagem a Pierre de Coubertin, o francês que idealizou os Jogos Olímpicos Modernos, e repassou para as mãos do brasileiro Giovane Gávio.
"Essa oportunidade de conduzir a tocha com o fogo olímpico me faz esperar que ela realmente traga boas coisas para o nosso país. É um momento mágico e espero que todos os brasileiros vivam ele (o momento) intensamente", disse o bicampeão olímpico de vôlei, títulos conquistados em Barcelona (1992) e Atenas (2004).
União e fraternidade
O ministro do Esporte, Ricardo Leyser, salientou a emoção da cerimônia de Acendimento da Tocha e o início dos Jogos Olímpicos do Rio 2016. “Foi emocionante, simbólico. Todos ficamos emocionados com o início efetivo dos Jogos”, afirmou. “A chama representa a união, a paz e a fraternidade em todos os povos. Na antiguidade havia tréguas que paravam guerras e batalhas durante as competições. Então, é essa a mensagem que a tocha vai carregar para o Brasil”, disse o ministro.
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Para o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, o acendimento do fogo olímpico é o momento em que o passado e o futuro se conectam para levar ao mundo os valores olímpicos. “Estamos escrevendo a história hoje. A chama vai levar os valores olímpicos de tolerância, solidariedade e paz. Esse será um grande legado dos Jogos para o Brasil e para o mundo”, disse.
Bach citou também a importância da realização dos Jogos pela primeira vez na América do Sul, em um país com uma diversidade única . “O Rio de Janeiro e o Brasil, com o apoio dos brasileiros, vão realizar Jogos Olímpicos memoráveis”, disse. Ao fim de seu discurso, o presidente do COI se despediu em português. “Muito obrigado aos nossos amigos cariocas e a todos os brasileiros”, concluiu.
O presidente do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, afirmou que o evento realizado na Grécia marca o ponto de partida dos Jogos e prepara um cenário de celebrações no Brasil. “O acendimento da chama olímpica e o início do revezamento, aqui em Olímpia, na Grécia, e depois indo para o Brasil, traz um sentimento de brasilidade grande, traz o espírito de toda a população estar envolvida com os Jogos e o Brasil inteiro estar envolvido com a competição”, disse Nuzman.
Para ele, o percurso da tocha no Brasil será motivo de celebração. “Eu acho espetacular (o revezamento). Isso aqui é uma das coisas mais emotivas que tem. Nós vamos ter brasileiros carregando a tocha de diversas origens, de diversos ramos de atividades, atletas ou não, mas o importante é ver o carregador da tocha e a população celebrando em cada cidade. Esse cenário é único”, concluiu.
O ginasta grego Eleftherios Petrounias descreveu a oportunidade de ser o primeiro a carregar a tocha dos Jogos Rio 2016 como a maior honra de um atleta, inclusive superando conquistas dentro dos tablados de sua modalidade. "As emoções são muitas. Não tem como descrever em palavras. É o maior momento na carreira de um atleta, maior do que uma medalha ou um campeonato mundial. Eu realmente fiquei feliz quando fui convidado”, afirmou. Rival direto do brasileiro Arthur Zanetti, o ginasta grego espera estar na final dos Jogos Rio 2016 na disputa nas Argolas. “Eu espero entrar para a final e, então, ter uma grande batalha com o Zanetti”, projetou.
Chama Olímpica
O significado da chama olímpica vai além dos resultados esportivos. O estudo dos simbolismos olímpicos, presentes na cerimônia de Acendimento da Chama Olímpica faz parte do cotidiano da professora Katia Rubio, da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo. Ela explica que a chama que nasce dentro da skaphira, o espelho côncavo usado na cerimônia, é a representação maior de Zeus, dono do Olimpo, onde as celebrações atléticas do passado aconteciam.
“A Cerimônia de Acendimento do Fogo representa efetivamente o início da cerimônia olímpica, a celebração olímpica. No momento em que se acende o fogo, e se captura Zeus, é como se aquela chama representasse essa celebração divina onde essa chama estacionar. Zeus sairá do Olimpo para estar presente no Rio de Janeiro”, explanou.
Para Katia, a chama representa valores como celebração de paz entre os povos e remete ao tempo em que as guerras paravam para a realização dos Jogos. “Aquele fogo representa a amizade entre os povos, e a possibilidade de gente do mundo inteiro estar presente e se respeitar no momento da competição, independentemente das questões econômicas, políticas, religiosas, raciais”, comentou.
Rafael Brais e Carlos Eduardo Cândido, de Olímpia (Grécia)