Judô
Porto Alegre
Com 12 atletas na seleção, Sogipa apresenta "dream team" de judô para a temporada 2018
Quem entrava no auditório poderia até imaginar que estava em um evento da seleção brasileira de judô. Com Mayra Aguiar, Felipe Kitadai, Maria Portela e Érika Miranda, junto com outros nomes da nova geração da modalidade, o clube Sogipa (Sociedade de Ginástica Porto Alegre) apresentou, nesta segunda-feira (08.01), os atletas que representarão a agremiação na temporada. Com 12 judocas que fazem parte da seleção nacional 2018, os atletas do clube gaúcho fizeram o balanço de 2017, projetaram as metas para a temporada e realizaram o primeiro treino do ano. Nos últimos três anos, a equipe conta com recursos captados por meio da Lei de Incentivo ao Esporte.
A equipe de judô da Sogipa já conta com 50 anos de tradição. Porém, o salto de profissionalismo ocorreu nos últimos 12. Quando o gaúcho João Derly venceu por ippon o então campeão olímpico Masato Uchishiba e conquistou a medalha de ouro no Campeonato Mundial do Cairo (Egito), em 2005, a vitória abriu as portas para a consolidação do judô gaúcho. Na última temporada, a Sogipa conquistou 41 medalhas em competições internacionais. E agora, no segundo ano do ciclo olímpico de Tóquio 2020, a equipe passou de cinco para 12 judocas representantes do clube dentro da seleção.
"O primeiro campeão mundial de judô brasileiro foi João Derly. Assim, conseguimos juntar apoiadores e parceiros até chegar ao patamar de profissionalismo atual. Antes, o bom atleta de Porto Alegre tinha que sair da cidade para treinar em São Paulo, Rio de Janeiro ou Minas Gerais. Hoje, não. Grandes nomes desses três estados - e de outros - vêm para a Sogipa treinar. Conseguimos fazer essa mudança drástica de rota", explicou Antônio Carlos de Oliveira Pereira, coordenador técnico do time de judô da Sogipa, que lembra que o Brasil tem sete atletas campeões mundiais, dos quais cinco são da Sogipa.
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Celeiro de medalhistas
A fórmula de trabalho desenvolvida pelo clube nos últimos anos mescla metas traçadas com a participação ativa dos atletas, aliada ao ambiente familiar e a cobrança de resultado de forma coletiva. "Nos últimos 12 anos conseguimos conquistar quatro medalhas olímpicas, cinco campeonatos mundiais, além de várias medalhas em Jogos Pan-Americanos. É um projeto que nos dá muito orgulho. Mesmo em uma posição geográfica em desvantagem dentro do país, a gente tem uma modalidade esportiva com tantos resultados. Do clube vieram as únicas medalhas olímpicas do Estado do Rio Grande do Sul em esporte individual. É só motivo de orgulho", acrescentou Antônio Carlos.
A reapresentação da equipe, que marcou o início das atividades, contou com a presença do presidente do clube, Carlos Wüppel, do primeiro vice-presidente, José Carlos Hruby, do vice de esporte, Sandro Viero, além de judocas das categorias sub-18, sub-21 e da equipe principal.
» Veja mais fotos da apresentação dos atletas no Flickr do Ministério do Esporte
Mayra Aguiar
Com o bicampeonato mundial conquistado em setembro, na Hungria, Mayra Aguiar manteve a regularidade nas grandes competições internacionais na última temporada e consolidou o posto de maior judoca do país aos 26 anos, com cinco medalhas em campeonatos mundiais e duas em Jogos Olímpicos.
"Vou em busca do tricampeonato Mundial neste ano. Sei o quanto é importante esse título para o país. Pretendo lutar em sete competições em 2018. Tenho muita coisa para melhorar ainda. Sei também que as metas para esta temporadas estão ao meu alcance. Além disso, a equipe da Sogipa está bem forte e espero que seja um ano maravilhoso", analisou Mayra, que também recebe o apoio financeiro do programa Bolsa Pódio, do Ministério do Esporte.
Felipe Kitadai
Para o medalhista olímpico Felipe Kitadai, bronze nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, o diferencial do clube é o espírito vivo de competição dentro da equipe. "O clima de vitória é grande. Estamos acostumados a ver vencedores na Sogipa, desde João Derly até a Mayra. A gente tem grandes referências aqui e acredito que assim fica mais fácil sonhar e acreditar na vitória", frisou o atleta, que treina no clube desde 2010. Uma lesão deixou Kitadai de fora do Campeonato Mundial do ano passado.
Em 2018, segundo ano do ciclo olímpico de Tóquio 2020, o judoca espera garantir a vaga e representar o país na principal competição da temporada. "A gente treina para ganhar tudo. Assim, em 2018, espero conquistar uma vaga para representar o país no Mundial, já que fiquei fora em 2017. Neste ano, volto com tudo", disse o judoca, que conquistou seis vezes o título pan-americano. Ele também é apoiado pela Bolsa Pódio.
Maria Portela
Maria Portela, a medalhista de ouro no World Masters 2017, disputado na Rússia, considera a equipe gaúcha uma família. "É um clube que me abraçou e acreditou no meu potencial. Cheguei aqui como 38ª no ranking mundial. Ganhei títulos e consegui duas participações olímpicas treinando aqui. Isso mostra o quanto evoluí e tudo o que cresci. Esse espírito de família e a vontade de evoluir não é visto em qualquer lugar", disse a atleta, que também recebe o benefício da Bolsa Pódio.
Com duas participações olímpicas, em Londres 2012 e Rio 2016, Portela é a atual número 2 do ranking mundial. "O ano de 2017 foi importante, principalmente porque conquistei dois títulos relevantes, no Grand Slam e no World Masters. Encerrar o ano entre as melhores do ranking mundial fortalece e motiva. Assim, começo o novo ciclo mais experiente, motivada e tranquila", acrescentou.
Portela espera, em 2018, quebrar o jejum de pódios em mundiais. "Meu principal objetivo é o Mundial. Venho batendo na trave e cometendo erros em decisões, mas como o ano passado foi bem produtivo, a minha expectativa é de que neste ano seja melhor ainda e que eu ganhe uma medalha no Mundial", projetou.
Érika Miranda
Depois de defender diferentes clubes pelo país, Érika Miranda mora e treina em Porto Alegre desde 2017. A mudança para o Sul do país representou um recomeço para atleta brasiliense. "Tenho amigos para a vida aqui na Sogipa. Eu morava no Rio e eu era a minha própria equipe, praticamente. Em 2017 me mudei para Porto Alegre. A mudança foi muito boa e refletiu nos tatames, além de reacender a chama da motivação que estava se apagando dentro de mim", revelou a atleta que recebe a Bolsa Pódio.
Os resultados de 2017 mostram que as mudanças fizeram bem para Érika Miranda. Aos 30 anos, ela conquistou um bronze no Campeonato Mundial e terminou o ano no primeiro lugar no ranking internacional. "Estou feliz e com as energias totalmente recarregadas. O diferencial é que todo mundo se ajuda aqui dentro, além de ter um treino muito forte e intenso. Todo treino é uma competição, ninguém quer perder", disse Érika, que conquistou medalha nos últimos quatro Mundiais de judô (prata em 2013, bronze em 2014, 15, e 17), sendo a única atleta da categoria a conseguir o feito.
A equipe de judô da Sogipa tem patrocínio do Banrisul, da Oi e da Parmalat, por meio do Pró-Esporte/RS e do Governo do Rio Grande do Sul, Supermercados Zaffari, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Sulgás, Lojas Pompéia, Grupo Savar, Farmácias São João, Fitesa e apoio Protecaes, Sponchido Jardine, Iesa Veículos, Kley Hertz, Medlive, Jackwall Belenzier, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, do Ministério do Esporte. As equipes de base têm o apoio do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), que descentraliza recursos oriundos da Lei Pelé.
De Porto Alegre, Breno Barros - rededoesporte.gov.br