Judo paralímpico
LIMA 2019
Com 11 medalhas na conta, judô do Brasil se despede do Parapan de Lima
O judô foi a primeira modalidade a encerrar sua participação nos Jogos Parapan-Americanos Lima 2019, no Peru. E o último dia de lutas, a exemplo do primeiro, no sábado (24.08), foi muito bom para o Brasil. Neste domingo (25.08), foram seis medalhas: três de ouro, duas de prata e uma de bronze.
Em especial para um jovem de 21 anos e que saiu de uma pequena cidade do interior de Mato Grosso do Sul, o domingo foi marcado por uma medalha dourada, fruto de uma sucessão de ippons no Ginásio 2 da Villa Desportiva Nacional – Videna. Luan Pimentel, da categoria até 73kg, tem baixa visão ocasionada pelo albinismo. Nascido em Camapuã, ele chegou ao ouro em Lima após ser tecnicamente perfeito no combate no solo, tendo vencido por ippon todos os seus rivais: o norte-americano Anthony Ferraro, o mexicano Raúl Ortiz, o colombiano Juan Castellanos e, finalmente, o argentino Rodolfo Ramirez.
“Estou muito feliz. Todo mundo quer a medalha, todo mundo vem querendo o ouro, mas antes disso o importante é competir bem e conseguir desenvolver o que a gente faz nos treinos. Hoje foi um dia em que eu consegui desenvolver isso muito bem. Consegui aproveitar as oportunidades que eu tive em todas as lutas que eu ganhei no solo”, comemorou o campeão.
Luan fez questão de mandar uma mensagem para todos que, como ele, nasceram em uma cidade pequena do interior e sonham em um dia defender o Brasil em um megaevento esportivo e chegar ao lugar mais alto do pódio.
“Eu sou uma pessoa do interior, do interior, do interior... Sou de Camapuã, uma cidade que tem 12 mil habitantes. Lá nem tinha judô até 2013 e, quando começou a ter, eu comecei a fazer. Eu praticava jiu-jitsu há um ano e aí começou a ter judô. Foi assim que eu iniciei a minha carreira e foi de lá que eu saí”, recordou Luan.
“Desde 2013, a arte marcial em geral me conquistou. É algo que eu gosto realmente de fazer, sou feliz e sou muito grato por poder estar fazendo isso hoje como minha profissão. Meu emprego é lutar e sou uma pessoa muito privilegiada. Eu saí de lá, que não tinha judô, não tinha nada, e cheguei aqui. Espero que isso possa inspirar alguém a acreditar ao máximo e se esforçar, que foi uma coisa que sempre fiz na minha vida”, disse o judoca.
Os pódios do judô
Ouro
Giulia Pereira (até 52kg)
Lúcia Teixeira (até 57kg)
Luan Pimentel (até 73kg)
Meg Emmerich (+73kg)
Prata
Arthur Silva (até 90kg)
Alana Maldonado (até 70kg)
Rebeca Silva (+73kg)
Bronze
Antônio Tenorio (+100kg)
Harlley Arruda (até 81kg)
Karla Cardoso (até 52kg)
Thiego Marques (até 60kg)
Luan, beneficiado com a Bolsa Atleta do governo federal, categoria internacional, tem outros títulos no currículo, como o ouro no Campeonato das Américas de 2018, no Canadá, o ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Jovens, em São Paulo, em 2018, além da prata no Campeonato das Américas, em São Paulo, em 2017. Agora, ele sonha em defender o Brasil, no ano que vem, nos Jogos Paralímpicos de Tóquio.
11 dos 13
Após dois dias de ação em Lima, 11 dos 13 judocas que integraram a delegação nacional no Peru chegaram ao pódio. No total, o Brasil volta para casa com quatro ouros, três pratas e quatro bronzes na modalidade.
Além de Luan, Lúcia Teixeira (até 57kg) e Meg Emmerich (acima de 73kg) conquistaram o ouro neste domingo. As pratas vieram com Alana Maldonado (até 70kg) e Rebeca Silva (acima de 73kg) e o bronze ficou com Harlley Arruda (até 81kg).
Eles somaram-se à campeã da categoria até 52kg Giulia Pereira, ao medalhista de prata Arthur Silva (até 90kg), e aos medalhistas de bronze Antônio Tenório (acima de 100kg), Karla Cardoso (até 52kg) e Thiago Marques (até 60kg), que no sábado foram os primeiros a chegar ao pódio.
Primeiro pódio
Medalha de prata nos Jogos Paralímpicos de Londres 2012 e Rio 2016, a paulistana Lúcia Teixeira finalmente sentiu o gosto de chegar ao pódio em Jogos Parapan-Americanos. Aos 38 anos, ela representa o Brasil desde 2007 no megaevento continental. Mas como sempre havia lutado em categorias acima da sua devido à ausência de rivais em seu peso, nunca tinha conseguido uma medalha. Essa história mudou em Lima e ela terminou com um ouro.
“É a quarta vez que participo de Parapans e é a primeira vez que abrem a disputa de medalhas na minha categoria. Estou muito feliz. Minha filha é o meu maior estímulo e esta medalha é para ela”, afirmou Lúcia, que tem baixa visão em decorrência de uma toxoplasmose congênita.
Quem também vibrou com sua medalha dourada foi a também paulistana Meg Emmerich, que nasceu com atrofia no nervo ótico. “Ganhar um ouro em uma competição desse nível é algo que é até difícil encontrar palavras para descrever. Estou muito feliz. É um motivo de muita alegria. Essa foi a medalha mais importante da minha carreira”, ressaltou a judoca.
O secretário especial do esporte do Ministério da Cidadania, Décio Brasil, representante do Governo Brasileiro no Parapan de Lima, acompanhou neste domingo a disputa do judô. Ao final das cerimônias de premiação, ele destacou a força, a técnica e o espírito de luta que os judocas apresentaram no Peru.
“Foi um momento de muita vibração aqui. Todos eles entraram com muita determinação e foi um motivo de orgulho ver essa competição hoje aqui em Lima. Vimos vários de nossos atletas ganhando as lutas por ippon, todos com muita técnica e sempre lutando com o máximo de empenho para defender bem o Brasil”, ressaltou o secretário.
Bolsa Atleta
Todos os 13 atletas da deleção brasileira do judô que competiram no Parapan de Lima são beneficiados pelo programa Bolsa Atleta do governo gederal. Sete deles recebem a Bolsa Pódio, a mais alta categoria do programa: Alana Maldonado, Antônio Tenório, Giulia Pereira, Harley Arruda, Karla Cardoso, Lúcia Teixeira e Rebeca Silva. O investimento anual nos atletas do judô que disputaram o megaevento no Peru é de R$ 978,9 mil.
Luiz Roberto Magalhães, de Lima, no Peru – rededoesporte.gov.br