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Judô

21/09/2018 13h23

Baku 2018

Colecionadora de pódios, Érika Miranda conquista primeira medalha do Brasil

Na disputa do bronze no Campeonato Mundial, judoca brasiliense superou a companheira de seleção Jéssica Pereira. Foi a quinta conquista individual consecutiva da atleta na competição

O Brasil conquistou nesta sexta-feira (21.09) a primeira medalha no Mundial de Judô de Baku. E o pódio na capital do Azerbaijão veio com uma atleta acostumada a conquistas: a brasiliense Érika Miranda. Veterana dos tatames, com 31 anos, e com a experiência de nove Mundiais, Érika faturou o bronze em Baku ao vencer a disputa decisiva contra a também brasileira Jéssica Pereira. Com o resultado, a judoca soma agora cinco medalhas individuais na competição: uma prata, conquistada no Rio em 2013, e quatro bronzes: Chelyabinsk 2014, Astana 2015, Budapeste 2017 e Baku 2018. Além disso, Érika ainda conquistou a prata por equipe em 2013, no Rio.

Érika Miranda: regularidade incrível levou a judoca a cinco pódios seguidos em Campeonatos Mundiais. Foto: Rodolfo Vilela/rededoesporte.gov.br
 "Isso mostra a força que o judô feminino está tendo, com duas meninas chegando para disputar medalha. Eu consegui dar o melhor de mim. Mas se tivesse dado certo para ela (Jéssica) também teria sido ótimo para o Brasil"
Érika Miranda

"O segredo é fazer tudo com muito amor, com empenho e dedicação. Eu uso tudo isso no judô, que amo bastante, mas acho que isso vale na vida: qualquer coisa que fizer com empenho e dedicação você vai ter sucesso", afirmou Érika.

A caminhada de Érika Miranda, número 4 do ranking mundial, foi consistente até a semifinal. Ela estreou contra Katri Kakko, da Finlândia, número 126 do ranking, e depois de aplicar dois wazaris, venceu o duelo por ippon. Na sequência, enfrentou a eslovena Petra Nareks, 49ª do ranking mundial, que foi punida com três shidos e acabou eliminada.

Nas quartas de final, Érika subiu ao tatame para medir forças com a belga Charline Van Snick, 9ª do ranking mundial, a quem superou ao aplicar dois wazaris, vencendo por ippon e conquistando uma das vagas na semifinal. Foi então que ela se encontrou com a japonesa Ai Shishime, campeã mundial em 2017 e 10ª do ranking mundial. Érika sofreu um wazari e tentou se recuperar na luta. Ainda conseguiu que a arbitragem punisse a rival com dois shidos, mas não houve tempo de tentar forçar a terceira punição que lhe daria a vitória. "Eu já tenho um retrospecto de perder para japonesas e é sempre nos detalhes. Hoje eu queria só mais um minuto de luta para fazer diferente", lamentou a brasileira. 

» Confira a cobertura completa do Mundial de Judô - Baku 2018

 

Érika, que venceu Jéssica na disputa de bronze por estrangulamento, comentou o fato de ter que disputar uma medalha com uma amiga de equipe. "Isso mostra a força que o judô feminino está tendo, com duas meninas chegando à disputar medalhas. Eu encarei a luta como se ela fosse qualquer outra menina do mundo. A gente deixa de lado a amizade. Consegui dar o melhor de mim. Mas se tivesse dado certo para ela, também teria sido ótimo resultado para o Brasil", destacou.

O pódio desta sexta-feira, além de Érika Miranda, foi completado pela japonesa Ai Shishime, medalha de prata, e pela francesa Amandine Buchard, que ficou com o outro bronze. O ouro foi para a revelação japonesa Uta Abe, de apenas 18 anos (leia abaixo).

Daniel Cargnin fez bonito em seu primeiro Mundial sênior e passou perto da medalha de bronze. Foto: Rodolfo Vilela/ rededoesporte.gov.br
"Tem que ver o que errou, treinar mais, fazer alguma coisa a mais. Acho que para Tóquio, o que eu tenho a dizer é isso: treino"
Daniel Cargnin, judoca

Novato chegou perto

Além da disputa de pódio entre Érika e Jéssica, o Brasil passou perto de outro bronze. O gaúcho Daniel Cargnin, 20 anos, que disputou pela primeira vez um Mundial sênior, passou pela repescagem, disputou o bronze e fez bonito diante do sul-coreano Baul An, 6º do ranking, campeão mundial de 2015 e prata na Olimpíada do Rio 2016, que triunfou por um wazari.

Na caminhada até a disputa da medalha, Cargnin, 12º do ranking mundial, passou por Petar Zadro, da Bósnia Herzegovina, número 122 do ranking, na estreia, e, na sequência, por Nijat Shikhalizada, do Azerbaijão, número 21 do ranking mundial.

Depois disso, o brasileiro derrotou por ippon o tcheco Pavel Petrikov, 102º do ranking mundial, resultado que o classificou para as quartas de final, onde acabou superado em luta duríssima contra o número 1 do mundo, o israelense Tal Flicker, decidida aos 5min47s do golden score. Na repescagem, o gaúcho derrotou o mongol Kherlen Ganbold, número 5 do mundo, e chegou à disputa do bronze.

Cargnin deixa o Mundial de Baku com o quinto lugar e, apesar do sentimento de que poderia ter avançado mais, volta para casa com a certeza de que está no caminho certo.

Galeria de fotos em alta resolução (imagens disponíveis para uso editorial gratuito)

Mundial de Judô 2018 - Baku

"Perder sempre é ruim, é duro, mas consegui ver o que eu tenho de corrigir. Sempre tenho que melhorar e foi uma competição importante para mim", declarou o judoca, que falou um pouco sobre como planeja os próximos dois anos deste ciclo olímpico rumo a Tóquio 2020.

"É difícil falar agora, mas não dá para abaixar a cabeça. Tem ainda o Mundial do ano que vem, tem o circuito internacional, então é focar no dia a dia. Não adianta nada chegar no clube (Sogipa) e fazer as mesmas coisas. Tem que ver o que errou, treinar mais, fazer algo a mais. Acho que para Tóquio, o que eu tenho a dizer é isso: treino", encerrou.

Além de Érika, Jéssica e Daniel Cargnin, o Brasil teve mais um judoca em ação nesta sexta-feira no peso meio-leve. Charles Chibana venceu a primeira luta do país no segundo dia do Mundial, sobre o espanhol Alberto Gaitero Martin, mas, na sequência, foi superado pelo alemão Sebastian Seidl e acabou eliminado.

"O adversário ficou esperando para contragolpear e foi o que aconteceu. Houve uma chance para tentar jogá-lo, tentei aproveitar, mas ele estava esperando. Eu tentei ir para cima, meu estilo é isso, mas acabei errando", avaliou Chibana. "O que a gente aprende no judô é levantar e prosseguir e é o que vou fazer: levantar mais uma vez e batalhar para poder chegar na Olimpíada", continuou.

Rafaela Silva defende o Brasil no sábado

Neste sábado, os atletas da categoria leve (-57kg no feminino e -73kg no masculino) entram em ação no National Gymnastics Arena, em Baku, no terceiro dia do Mundial do Azerbaijão. A categoria terá 134 atletas em busca do pódio, dos quais 52 são mulheres e 82 homens.

O Brasil não tem representantes na chave masculina. Assim, todas as atenções estarão voltadas para a carioca Rafaela Silva, maior nome do judô brasileiro na história e única atleta do país, entre homens e mulheres, a ter conquistado um campeonato mundial, no Rio 2013, e um ouro olímpico, também no Rio, em 2016.

Rafaela estreia contra a canadense Jessica Klimkait, 10ª do ranking mundial, rival que já venceu a brasileira este ano, no dia 27 de julho, na semifinal do Grand Prix de Zagreb, na Croácia. A competição era a segunda de que Rafaela participava depois da cirurgia no cotovelo esquerdo que fez em janeiro e que a tirou dos torneios por quatro meses. Depois disso, entretanto, Rafaela Silva disputou o Grand Prix de Budapeste, em agosto, onde foi campeã.

Os irmãos Abe, com as medalhas de ouro no peito, dão entrevista em Baku: talento em dobro na família. Foto: Luiz Roberto Magalhães/rededoesporte.gov.br

A fenomenal família Abe

Se na quinta-feira (20), na abertura do Mundial em Baku, o destaque foi a simpática ucraniana Daria Bilodid, que aos 17 anos se tornou a mais jovem campeã mundial da história do judô, os holofotes desta sexta-feira foram dominados por dois jovens irmãos japoneses: Hifume Abe e Uta Abe.

"É o dia mais feliz da minha vida"
Uta Abe, japonesa campeã mundial

Hifume, aos 21 anos, sagrou-se bicampeão mundial ao derrotar o judoca da casa Yerlan Kazserikzhanov na final. Os bronzes ficaram com o sul-coreano Baul An e com o ucraniano Georgii Zantaraia.

Já a sorridente revelação Uta Abe chegou ao ouro ao protagonizar aquele que, até aqui, foi o ippon mais bonito da competição. Diante da atual campeã mundial, a também japonesa Ai Shishime, a campeã mundial júnior não se intimidou.

"É o dia mais feliz da minha vida", resumiu Uta Abe. Apesar do triunfo já em seu primeiro Mundial sênior, a japonesa não se deslumbra quando pensa nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, quando terá a chance de se classificar para brigar por um pódio em casa. "Eu seguirei passo a passo cada dia para melhorar para que eu e meu irmão possamos ter os mesmos resultados que tivemos hoje".

Indagada se o sucesso de Daria Bilodid na véspera serviu de inspiração, Uta Abe foi direta: "Ter visto alguém da mesma idade que eu conseguir chegar a esse resultado me fez ver que também podia e tive que fazer o meu melhor tanto quanto ela", finalizou a campeã.

Todos os medalhistas do Brasil no Mundial Sênior

1971 (Ludwigshafen/GER)
Chiaki Ishii (-93kg/bronze)

1979 (Paris/FRA)
Walter Carmona (-86kg/bronze)

1987 (Essen /GER)
Aurélio Miguel (-95kg/bronze)

1993 (Hamilton/CAN)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Rogério Sampaio (leve/bronze)

1995 (Tóquio/JPN)
Danielle Zangrando (-56kg/bronze)

1997 (Paris/FRA)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Edinanci Silva (-72kg/bronze)
Fúlvio Myata (-60kg/bronze)

1999 (Birmingham/GBR)
Sebastian Pereira (-73kg/bronze)

2003 (Osaka/JPN)
Mario Sabino (-100kg/bronze)
Edinanci Silva (-78kg/bronze)
Carlos Honorato (-90kg/bronze)

2005 (Cairo/EGY)
João Derly (-66kg/ouro)
Luciano Corrêa (-100kg/bronze)

2007 (Rio de Janeiro/BRA)
João Derly (-66kg/ouro)
Tiago Camilo (-81kg/ouro)
Luciano Correa (-100kg/ouro)
João Gabriel Schilittler (+100kg/bronze)

2010 (Tóquio/JPN)
Mayra Aguiar (-78kg/prata)
Leandro Guilheiro (-81kg/prata)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)

2011 (Paris/FRA)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Rafaela Silva (57kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Leandro Guilheiro (-81kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)

2013 (Rio de Janeiro/BRA)
Rafaela Silva (-57kg/ouro)
Érika Miranda (-52kg/prata)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)

2014 (Chelyabinsk/RUS)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Erika Miranda (-52kg/bronze)
Rafael Silva (+100kg/bronze)

2015 (Astana/CAZ)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Victor Penalber (-81kg/bronze)

2017 (Budapeste/HUN)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
David Moura (+100kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/bronze)

Luiz Roberto Magalhães, de Baku, no Azerbaijão - rededoesporte.gov.br