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Natação

20/04/2016 11h20

Evento-teste e seletiva

Cielo faz 21s99, lidera a eliminatória dos 50m livre e se aproxima da vaga olímpica

Tempo é o segundo melhor considerando as duas seletivas, mais lento apenas que os 21s50 de Bruno Fratus em Palhoça. Definição sairá às 17h, no último dia de competições do Troféu Maria Lenk

Foto: André Motta/brasil2016.gov.br

Não foi uma noite tão tranquila. A ansiedade fez Cesar Cielo acordar uma vez 3h30, novamente às 4h48, e finalmente sair da cama às 6h20. O café da manhã desceu com dificuldade. Mas a experiência do campeão olímpico e a determinação em garantir uma vaga no Rio 2016 fizeram o maior nadador brasileiros de todos os tempos superar a pressão e a dificuldade de nadar tão cedo para fechar os 50m livre com 21s99, a sétima melhor marca da temporada 2016 e melhor da eliminatória no Troféu Maria Lenk, nesta segunda-feira (20.04), no Estádio Olímpico de Esportes Aquáticos, no Rio de Janeiro.

“Estava esperando um pouquinho mais rápido, sim. Esse horário de 9h30 da manhã é difícil, poucas competições no mundo tem eliminatórias tão cedo. É difícil já acordar disposto para um tiro de 110%. Tive um pouquinho de dificuldade com ar no final, passar em apneia, acho que se eu tivesse respirado talvez eu pudesse ter um final de prova melhor, mas hoje à tarde vou voltar pensando que preciso fazer um 21s70, 21s60 para garantir essa vaga”, disse.

A marca é a segunda melhor entre os brasileiros, perdendo apenas para os 21s50 de Bruno Fratus feitos na primeira seletiva olímpica, em Palhoça (SC), no ano passado. Cielo ultrapassou Ítalo Duarte – que fez 22s08 em Santa Catarina e 22s16 nesta manhã – e se aproximou da classificação para os Jogos.  Mas, para ele, o peso ainda não saiu das costas e nada está definido.

“Ainda não tira não (o peso nas costas). Não é um tempo que garante nada, então vou voltar hoje à tarde com a cabeça de que o trabalho ainda tem que ser feito, a vaga tem que ser confirmada e, além de tudo, eu preciso nadar melhor do que nadei hoje cedo. Eu tenho um tempo melhor dentro de mim. Na semana passada, a gente fez um tiro no treino que foi melhor que isso”, contou.

Cielo ao fim da prova eliminatória dos 50m livre. Foto: André Motta/brasil2016.gov.br

A diferença dos grandes

Campeão olímpico nos 50m livre em Pequim 2008 e medalhista de bronze em Londres 2012, Cielo disse que gosta de encarar momentos de pressão como este, mas esta é a primeira vez que vive isso em um torneio nacional.

“Hoje cedo que fiquei um pouco mais tenso, você já não quer nem tomar café, vai ficando enjoado do nervosismo, parece que tudo desce só fazendo força. Ao mesmo tempo gosto desse tipo de pressão porque é o que a gente vive no esporte, isso que diferencia os grandes atletas dos outros, e a gente tem poucos momentos com tanta pressão assim na carreira. Uma final olímpica, uma final mundial, e dessa vez me coloquei numa posição super tensa num brasileiro. Dá vontade de superar um desafio tão difícil como esse, e hoje à tarde vou voltar pra fazer uma prova melhor e confirmar essa vaga”, afirmou.

A última vez que Cielo havia nadado na casa dos 21s foi exatamente no Maria Lenk de 2015, quando ficou com a prata nos 50m livre com o tempo de 21s84. Ele optou por não nadar a seletiva olímpica de Palhoça no ano passado. O atleta detém o recorde mundial da distância, com  o tempo de 20s91 obtido em dezembro de 2009. 

Ítalo na briga

Então dono da segunda melhor marca, os 22s08 de Santa Catarina, Ítalo Duarte não conseguiu melhorar o tempo nesta manhã e foi ultrapassado por Cielo. Ele disse que o resultado foi esperado, mas quer nadar melhor de tarde e se sente na briga pela classificação.

“Foi um bom tempo, me aproximei do meu melhor mesmo sendo a etapa da manhã. Estou confiante para a parte da tarde, quando aqueço do jeito que quero, não preciso cair na piscina no aquecimento, acho que consigo nadar para 21s de tarde. O Cesão fez o que era esperado, 21s de manhã, mas acho que dá pra bater esse tempo. É vir para recuperar essa vaga aí”, disse.

Ítalo sabe que a torcida para que Cielo consiga a vaga é grande. “O Cesar é um ídolo brasileiro, é esperado todo mundo querer que ele esteja nas Olimpíadas. Mas tem que ir quem estiver melhor para representar o Brasil. Tem que ser forte e as outras seleções são muito fortes. A França, a Austrália, vai ter ainda seletiva americana. O Brasil tem que levar quem estiver mais rápido, tem que estar nadando para 21s”, disse.

Os outros atletas que já haviam nadado abaixo do índice (22s27) não melhoraram seus tempos em relação à primeira seletiva olímpica. A terceira melhor marca da manhã foi de Marcelo Chierighini (22s22), acima dos 22s17 de Palhoça. Bruno Fratus fez 22s35, o sexto melhor tempo da eliminatória, mas ainda mantém a melhor marca (21s50). Matheus Santana, que tinha 22s17, fez 22s58 e vai nadar a final B. Henrique Martins (22s25 em Palhoça) não nadou nesta quarta, já que priorizou os 100m borboleta.

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Outras provas do dia

A grande atração do dia foi Cesar Cielo, mas a manhã do Troféu Maria Lenk reservou mais emoção e esquentou brigas pelas vagas olímpicas, especialmente nos 100m borboleta masculino. Até esta quarta, Henrique Martins (52s14), Marcos Macedo (52s17) e Nicholas Santos (52s31) eram os únicos que tinham o índice. Agora, a competição pela classificação ganhou pelo menos mais dois nomes.

O melhor tempo das eliminatórias veio com o jovem Vinicius Lanza, de 19 anos. Ele nadou a sexta e última série da prova em 52s22, superando a marca de Nicholas e ficando a cinco centésimos de Marcos Macedo, que estaria classificado para os Jogos. Além dele, Thiago Pereira também tem esperanças. Ele fez o segundo melhor tempo do dia, com 52s48, ainda acima do índice (52s36).

“Fiquei muito feliz. Estava sonhando com esse índice. O primeiro passo foi dado, estou na briga. Temos grandes nadadores na prova, vai ser uma das mais disputadas. Vou para cima para conseguir a vaga”, prometeu Lanza, que vai nadar a final ao lado de Thiago Pereira, Henrique Martins (52s71 nesta manhã) e Marcos Macedo (52s83). Nicholas Santos, com 53s16 na eliminatória, vai nadar a Final B, que também vale para o índice olímpico.

Nos 50m livre feminino, Etiene Medeiros e Graciele Herrmann continuam com as duas melhores marcas do país. Etiene nadou em 24s84, mas segue tendo os 24s71 de Palhoça como tempo a ser batido. Já Graciele terminou 25s35, acima dos 24s92 de Santa Catarina. As duas vão nadar a Final A. Além delas, Lorrane Ferreira, com 25s06, também entrou para a lista das nadadoras que têm o índice, mas segue atrás de Etiene e Graciele. Ela também nada a Final A no Estádio Olímpico de Esportes Aquáticos.

Tanto Etiene quanto Graciele não saíram satisfeitas da piscina. As atletas acreditam que podem nadar mais rápido na decisão. “Não estava dentro do esperado, mas de tarde vai ser melhor”, declarou Graciele. “A gente estava com uma meta de sair com um parâmetro melhor, mas acontece, como em qualquer outro esporte”, comentou Etiene.

Também fazem parte do programa de provas do dia os 800m livre feminino e os 1500m livre masculino, mas nenhum brasileiro alcançou índice até o momento.

Formato e finais

As eliminatórias, disputadas pela manhã, classificam oito atletas com os melhores tempos para nadar a Final A, sejam eles brasileiros ou estrangeiros. Os nadadores brasileiros que terminam as eliminatórias da manhã entre a nona e a 16ª posições participarão da Final B.

O pódio da prova internacional (Final A) é definido logo após a disputa. Já o pódio do evento nacional é determinado depois da realização das duas Finais (A e B). Isso porque o atleta que nadar a final B tem a mesma oportunidade daquele que nadar a final A na busca do índice olímpico, na pontuação para seus clubes e também concorre ao pódio nacional. Dessa forma, as colocações e as pontuações do Campeonato Nacional só são divulgadas após a realização das duas provas decisivas.

As finais começam a partir de 17h. O Troféu Maria Lenk é o evento-teste da natação para os Jogos Olímpicos Rio 2016 e a última seletiva olímpica. Os principais aspectos testados são a área de competição, a ação dos voluntários do esporte e a tecnologia de resultados.

Carol Delmazo e Vagner Vargas, brasil2016.gov.br