Atletismo
Baku 2018
Chinesa surpreende Mayra Aguiar no Mundial de Baku e adia o sonho do tricampeonato
O Campeonato Mundial de Judô de Baku terminou de forma precoce para a brasileira Mayra Aguiar. Aos 27 anos e atual 5ª colocada do ranking mundial, a gaúcha desembarcou na capital do Azerbaijão com uma meta audaciosa: conquistar o terceiro título mundial, que marcaria seu segundo ouro seguido na competição e alçaria a judoca à condição de única tricampeã do torneio. Até aqui, apenas Mayra, campeã em 2014, em Chelyabinsk, na Rússia, e em 2017, em Budapeste, na Hungria, e João Derly, campeão no Cairo, em 2005, e no Rio de Janeiro, em 2007, conquistaram dois ouros em Mundiais para o Brasil.
O sonho do tricampeonato, contudo, foi adiado precocemente. Depois de uma vitória sem problemas na estreia da categoria meio-pesado (-78kg) diante da sul-africana Unelle Snyman, 55ª do ranking mundial, a quem Mayra venceu por um ippon que começou com wazari seguido de imobilização, Mayra avançou às oitavas de final no National Gymnastics Arena na capital do Azerbaijão. Foi então que a chinesa Zhenzhao Ma cruzou o caminho da brasileira.
"Na verdade foi uma surpresa muito grande para todo mundo. A chinesa não esperava passar pela Mayra. Pela comemoração a gente via que a chinesa nem acreditou nesse resultado. Agora é ver onde errou, ver o vídeo, e ver que precisa melhorar para a Mayra voltar a ser o que ela era antes"
Mario Tsutsui, técnico da seleção brasileira feminina
Em teoria, Zhenzhao Ma, 34º do ranking mundial, seria uma atleta boa para enfrentar na segunda luta. Sem resultados expressivos em grandes torneios, a jovem de 20 anos já havia sido derrotada por Mayra em maio, no Grand Prix de Hohhot, na China, torneio em que a gaúcha foi vice-campeã.
Entretanto, desde o início da luta, a chinesa não deu chances à Mayra. A brasileira começou o duelo sofrendo um shido (punição por infração) e, apesar das investidas, não conseguia neutralizar a oponente. Então, com 1min07 para o final da luta, Zhenzhao Ma levou Mayra ao chão em um golpe que resultou em um wazari. Mayra, ciente de que tinha pouco tempo para reverter o placar, partiu para o ataque, mas a chinesa se segurou bem e acabou saindo do tatame com a vitória.
Como a luta foi antes das quartas de final, Mayra ficou fora da disputa por medalhas. O Brasil segue com apenas um pódio no Mundial de Baku: o bronze de Érika Miranda na categoria 52kg.
Abatida, Mayra, a exemplo do que fez a campeã olímpica Rafaela Silva após a derrota na estreia em Baku, não falou com a imprensa. O técnico da seleção feminina, Mario Tsutsui, fez uma análise da luta e admitiu que o resultado foi uma surpresa.
"Na verdade foi uma surpresa muito grande para todo mundo. A chinesa não esperava passar pela Mayra. Pela comemoração, a gente via que a chinesa nem acreditou no resultado. Mas ela está em um dia muito feliz, tanto que passou também pela francesa Madeleine Malonga nas quartas de final e está classificada para as semifinais. Agora é ver onde errou, ver o vídeo, e ver o que precisa melhorar para a Mayra voltar a ser o que ela era antes", declarou Tsutsui.
» Confira a cobertura completa do Mundial de Judô - Baku 2018
Mario revelou que na primeira luta Mayra sentiu dores no pescoço que podem ter afetado seu desempenho. "Nessa primeira luta, ela bateu a cabeça e sentiu um pouquinho o pescoço. Talvez tenha travado um pouquinho a movimentação dela. Talvez limitou um pouquinho essa questão de ela soltar mais os golpes. Realmente ela foi surpreendida por um Harai Goshi (golpe em que o lutador usa a perna e o movimento do quadril para derrubar o rival), caiu de wazari. Depois ela (Mayra) foi para cima, mas faltou um pouquinho de calma", explicou o treinador do time feminino do Brasil. "A chinesa ganhou com méritos. Isso a gente não tem o que contestar".
Acompanhe a luta entre Mayra Aguiar e a chinesa Zhenzhao Ma no Mundial de Baku
Quatro chances com os peso-pesados
Nesta quarta-feira (26.09), os atletas da categoria pesado (+100kg para os homens e +78kg para as mulheres) entram em ação no último dia das disputas individuais do Mundial de Baku. Ao todo, 41 atletas disputam a chave masculina e 33 judocas lutam pelo título na chave feminina. Na quarta-feira, será a vez de o Brasil disputar o Mundial por equipe.
Ao contrário desta terça-feira, quando apenas Mayra defendeu o Brasil, quatro atletas do país pisam no tatame na categoria pesado: David Moura, Rafael Silva (Baby), Maria Suelen Altheman e Beatriz Souza.
Do quarteto, três atletas já conquistaram medalhas em Mundiais. David Moura, que foi apontado pelo super campeão francês Teddy Riner, dono de dez títulos em Mundiais e dois ouros olímpicos, como um dos favoritos para o título em Baku, ficou com a prata em 2017, quando perdeu a final para Riner em Budapeste. O francês não disputa o Mundial este ano, pois resolveu se poupar e investir na preparação para os Jogos de Tóquio 2020.
Já Baby, dono de dois bronzes em Olimpíadas (Londres 2012 e Rio 2016), tem três medalhas em Mundiais, uma de prata, no Rio de Janeiro, em 2013, e duas de bronze, conquistadas em Chelyabinsk, em 2014, e em Budapeste, no ano passado.
Para finalizar, Maria Suelen Altheman já chegou a duas finais em Mundiais, tendo sido vice-campeã em 2014, em Chelyabinsk, e em 2013, no Rio de Janeiro.
Rivais nas estreias do Brasil
Pela ordem da chave masculina, Baby será o primeiro atleta do Brasil a lutar nesta quarta-feira. Número 7 do ranking mundial, Rafael Silva pode ter uma parada dura logo na estreia. O brasileiro saiu de bye (não luta a primeira rodada devido a seu ranking) e aguarda o vencedor da luta entre o japonês Hisayoshi Harasawa e o espanhol Angel Parra, 95º do ranking. O japonês, 44º do ranking mundial, foi medalha de prata nos Jogos Olímpicos Rio 2016.
Já David Moura, vice-líder do ranking mundial, que também entrou de bye, espera o vencedor do confronto entre o uzbeque Bekmurod Oltiboev, 26º do ranking, e o australiano Liam Park, 52º.
Depois das estreias de Moura e Baby, as mulheres do Brasil entram em ação. A primeira a se apresentar será Maria Suelen Altheman, 4ª do ranking mundial, que enfrenta, na segunda rodada, a francesa Anne Fatoumata Bairo, 17ª do ranking e que este ano foi bronze no Grand Prix de Tbilisi, na Geórgia.
Por fim, Beatriz Souza, 8ª do ranking, que este ano faz sua estreia em um Mundial sênior na chave individual, enfrenta na segunda rodada a húngara Mercedesz Szigetvari, 44ª do ranking.
Galeria de fotos (imagens disponíveis em alta resolução. Uso editorial gratuito)
Todos os medalhistas do Brasil no Mundial Sênior
1971 (Ludwigshafen/GER)
Chiaki Ishii (-93kg/bronze)
1979 (Paris/FRA)
Walter Carmona (-86kg/bronze)
1987 (Essen /GER)
Aurélio Miguel (-95kg/bronze)
1993 (Hamilton/CAN)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Rogério Sampaio (leve/bronze)
1995 (Tóquio/JPN)
Danielle Zangrando (-56kg/bronze)
1997 (Paris/FRA)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Edinanci Silva (-72kg/bronze)
Fúlvio Myata (-60kg/bronze)
1999 (Birmingham/GBR)
Sebastian Pereira (-73kg/bronze)
2003 (Osaka/JPN)
Mario Sabino (-100kg/bronze)
Edinanci Silva (-78kg/bronze)
Carlos Honorato (-90kg/bronze)
2005 (Cairo/EGY)
João Derly (-66kg/ouro)
Luciano Corrêa (-100kg/bronze)
2007 (Rio de Janeiro/BRA)
João Derly (-66kg/ouro)
Tiago Camilo (-81kg/ouro)
Luciano Correa (-100kg/ouro)
João Gabriel Schilittler (+100kg/bronze)
2010 (Tóquio/JPN)
Mayra Aguiar (-78kg/prata)
Leandro Guilheiro (-81kg/prata)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
2011 (Paris/FRA)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Rafaela Silva (57kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Leandro Guilheiro (-81kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)
2013 (Rio de Janeiro/BRA)
Rafaela Silva (-57kg/ouro)
Érika Miranda (-52kg/prata)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)
2014 (Chelyabinsk/RUS)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Erika Miranda (-52kg/bronze)
Rafael Silva (+100kg/bronze)
2015 (Astana/CAZ)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Victor Penalber (-81kg/bronze)
2017 (Budapeste/HUN)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
David Moura (+100kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/bronze)
2018 (Baku/Azerbaijão)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Luiz Roberto Magalhães, de Baku, no Azerbaijão - rededoesporte.gov.br