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Atletismo

22/09/2015 19h02

Abertura e encerramento

Cerimônias Rio 2016: baixo orçamento será compensado com ousadia e criatividade, afirmam diretores

Estrutura do Maracanã também forçou a busca de soluções criativas. Desfile dos atletas terá grande surpresa, segundo Andrucha Waddington

Contra o orçamento limitado, ousadia, criatividade e muita entrega da equipe artística envolvida na preparação das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Em encontro com jornalistas nesta terça-feira (22.09), os diretores dos espetáculos, Fernando Meirelles, Daniela Thomas, Andrucha Waddington (os três para abertura) e a carnavalesca Rosa Magalhães (encerramento), comentaram os desafios na concepção das cerimônias que devem ser vistas por bilhões de pessoas.

“É difícil você tentar mostrar o Brasil, certamente alguém se sentirá não representado. Antes de começarmos, fizemos várias rodadas de conversas com várias cabeças que achamos que compreendem o Brasil, para discutir como contar o Brasil. Digerimos isso, foram muitas horas, e chegamos a uma síntese que é a base do nosso conceito”, explicou Fernando Meirelles. 

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Responsáveis pelas cerimônias concederam coletiva de imprensa nesta terça-feira (22.09). Foto: Getty Images
Essa fase de pesquisa conceitual envolveu nomes como Caetano Veloso, João Moreira Salles, Max Viana, Gilberto Gil, entre outros, em meados de 2013. De acordo com o diretor de Cerimônias do Comitê Organizador Rio 2016, Leonardo Caetano, oito grupos de dez pessoas discutiram o tema por quatro horas cada, durante um mês e meio. A partir daí, passou-se para a fase de detalhamento:  quais são os segmentos, o que ocorre em cada segmento, e quanto tempo dura. Tudo com dois limites claros: orçamento e espaço.

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Fernando Meireles: os limites logísticos te obrigam a criar soluções e estou muito feliz com elas. Foto: Getty Images
“Não temos os números oficiais do preço das cerimônias nem de Londres nem de Pequim, mas as pessoas do mercado que lidam com isso têm estimativas. E seria mais ou menos dez vezes menos o orçamento de Londres e vinte vezes menos o de Pequim. Isso é um dado chutado. Não é um drama, porque não faz sentido usar um orçamento espalhafatoso em um país que não tem saneamento em muitos lugares. É sensato usar bom conceito, bom gosto. Não é high tech, é high concept”, afirmou Meirelles. 

“Como fazer algo criativo dentro dessas condições? Gerou a necessidade de se apoiar num conceito que se bastasse. O conceito, para nós, é mais poderoso”, acrescentou Andrucha Waddington. “Não vamos competir na categoria luxo, vamos competir na categoria originalidade”, brincou Leonardo Caetano.

Driblando o Maracanã

A questão de espaço tem relação com os acessos limitados para o campo do Maracanã, sede das cerimônias. Segundo Meirelles, uma reforma estava prevista para depois da Copa, mas por questões de custo e pelo fato de o estádio já ter ficado fechado para a reforma do Mundial, optou-se por não mexer mais no Maracanã. Outros locais chegaram a ser cogitados, como o Sambódromo, mas a ideia original foi mantida. Coube à equipe artística o desafio de driblar as limitações do palco de futebol brasileiro mais famoso.

“O Maracanã tem poucas portas de acesso e elas são pequenas. Você não consegue entrar com muita gente. Se você tem 800 pessoas lá, não consegue tirá-las. E as cadeiras são baixas. Se colocar muita coisa, você atrapalha a visão das pessoas. Além disso, como vai ter jogo de futebol, não pode fazer piso elevado. E como colocar tudo? É complicado. Mas esses limites logísticos te obrigam a criar soluções e  estou muito feliz com elas”, afirmou Fernando Meirelles. 

Foto: Getty Images

Vários Pauls  

Sobre  a seleção de artistas que se apresentarão na cerimônia de abertura, Leonardo Caetano disse que haverá referências de peso da música brasileira, mas não somente eles. “Nós teremos grandes nomes da música, mas esses grandes nomes vão generosamente dividir palco com pessoas não tão famosas. Pessoas de outras manifestações culturais para estar junto, este é o grande barato”, disse.

Daniela Thomas afirmou que teremos vários “Pauls McCartneys”, referindo-se ao ex-beatle e ícone da música britânica que se apresentou na cerimônia de abertura de Londres em 2012. “Nossa responsabilidade também é trazer Pauls fantásticos de vinte e poucos anos de lugares pouco óbvios”, disse. A cineasta aposta na sedução do público “com charme e com graça”, para mostrar um Brasil em transformação, que vai além de uma imagem que, segundo ela, aprende-se na escola e é viciada em certas datas e temas.

“Buscamos uma maneira um pouco diferente. Todo mundo vai se reconhecer, mas não da maneira tradicional. É traduzir o que a gente acha bacana a respeito do que é ser brasileiro, do tamanho desse país”, explicou. “Se você pegar as cerimônias de Atenas, Pequim ou Londres, esses países falaram de qual o legado deles para o mundo. O Brasil não vai focar numa conquista, num legado. Vamos nos mostrar através de nós mesmos. As pessoas no mundo se impressionam com o espírito brasileiro. Talvez isso seja a chave” complementou Fernando Meirelles.

Surpresa no desfile dos atletas

Os diretores de cerimônias deram uma pista sobre a cerimônia de abertura: o desfile dos mais de 10 mil atletas, que deve durar em torno de 2h30, não será feito de forma usual. “Essa será uma surpresa muito legal. Talvez seja o momento que tenha o maior recado ali dentro”, disse Andrucha Waddington. “Os atletas vão ficar surpresos, emocionados e, acima de tudo, vão querer levantar para fazer a festa”, disse Leonardo Caetano.

“A gente quer que os atletas sejam recebidos pelo Brasil. Não estão chegando a um estádio, estão chegando ao Brasil. A festa é para eles. E o mundo vai se divertir”, finalizou Daniela. A abertura dos Jogos Olímpicos será realizada em 5 de agosto de 2016 e o encerramento está marcado para 21 de agosto. Serão selecionados 12 mil voluntários para as quatro cerimônias (além das duas dos Jogos Olímpicos, também para as duas dos Jogos Paralímpicos, em 7 e 18 de setembro de 2016, respectivamente). As inscrições vão até o dia 30 de setembro no site rio2016.com/elencodecerimonias. Não é necessário ter habilidades artísticas. As audições terão início em novembro.

Carol Delmazo, brasil2016.gov.br