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20/01/2020 13h57

Tênis de Mesa

Calderano tem retorno gradativo e mira Aberto da Alemanha e Mundial de Equipes

Brasileiro se recupera de inflamação no músculo Psoas e busca retomada da forma técnica para estar em ação no fim do mês, no primeiro "Grand Slam" da modalidade, na Alemanha

Foram quase dez dias em que Hugo Calderano trocou treinos intensivos por fisioterapia, ultrasom e atividades leves para se recuperar de uma lesão no músculo Psoas, que faz a ligação entre a coluna vertebral e os membros inferiores. Dez dias que, no espectro de quem tem como horizonte a preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, geram ansiedade e mexem com o cronograma organizado entre o atleta e o treinador, o francês Jean-René Mounie.

O brasileiro sentiu dores fortes na semifinal da Copa da Alemanha de clubes, em 4 de janeiro, quando atuava pelo seu time, o Ochsenhausen, numa partida contra o alemão Timo Boll, e teve de abandonar o jogo. Passado o período de tratamento mais intensivo, Hugo retomou os treinos de forma gradual. No fim da semana passada, o número sete do mundo no ranking da Federação Internacional de Tênis de Mesa postou em suas redes sociais imagens de treinamentos de perna de forehand e backhand. Ele mesmo definia a cena como um retorno "lento, mas seguro".

Calderano é o número sete do mundo e número 5 do ranking olímpico. Foto: Abelardo Mendes Jr./ rededoesporte.gov.br

"Basicamente, tive uma inflamação no Psoas, na região do adutor. Tive bastante dor no dia. E aí, com fisioterapia e o passar do tempo, fui melhorando, sentindo cada vez menos dores e foi possível aumentar a carga de treinos aos poucos", disse o atleta, em uma entrevista ao podcast do Globoesporte.com.

"Perdemos quase 10 dias de treinos intensivos, mas a saúde do Hugo vem melhorando. Se a recuperação continuar assim, ele vai ter condições de disputar o Aberto da Alemanha. Vamos avaliar esse processo diariamente. Temos de cuidar para não forçarmos demais nessa retomada"

Jean-René Mounie, técnico de Hugo Calderano

Na avaliação da comissão técnica, saber medir com precisão a dosagem desse processo de retomada é o desafio mais estratégico nesse estágio. "Perdemos quase 10 dias de treinos intensivos, mas a saúde do Hugo vem melhorando. Se a recuperação continuar assim, ele vai ter condições de disputar o Aberto da Alemanha. Vamos avaliar esse processo diariamente. Temos de cuidar para não forçarmos demais nessa retomada. Precisa ser progressivo", afirmou Jean-René.

Primeiro Grand Slam

Assim, se tudo caminhar como previsto, Hugo estará em ação no primeiro compromisso importante da temporada. O Aberto da Alemanha será de 28 de janeiro a 2 de fevereiro. O torneio tem como sede a cidade de Magdeburgo, e tem caráter estratégico por ser da categoria Platinum, que reserva um alto número de pontos no ranking internacional.

Hugo atualmente é o número cinco do ranking olímpico (como há limitação de dois atletas por país nos Jogos, dois chineses à frente do brasileiro saem dessa conta). Uma das metas do atleta carioca e do treinador é chegar ao fim de junho, quando será definido o chaveamento de Tóquio, entre os quatro melhores. Assim, o brasileiro teria mais chances de evitar um confronto contra atletas chineses, considerados os melhores do mundo, antes de uma hipotética semifinal.

Jean-René tem como prioridade dosar os treinos para garantir a recuperação 100% do brasileiro. Foto: Abelardo Mendes Jr./ rededoesporte.gov.br

"Como os chineses são mais fortes, todos querem evitar pegá-los antes da semifinal. Essa seria a vantagem de ficar entre os quatro no ranking olímpico. No momento, sou o número cinco e tem três ou quatro atletas na briga por esse lugar. Claro que isso é só um detalhe, que pode me ajudar um pouco, mas o importante é focar na preparação e chegar a Tóquio no auge. Não dá para pensar muito no ranking. Até porque, mesmo ficando do cinco ao oito, a chance de pegar um chinês antes da semifinal, nas quartas, é de 50%. Como falei, o importante é focar na preparação e tentar chegar lá pronto para ganhar de todo mundo, inclusive dos chineses", afirmou ao podcast do Globoesporte.com.

"Não é absurdo. Tenho chances de medalha, sim. É claro que os chineses são muito favoritos. O histórico é favorável a eles, que quase sempre chegam na final com dois atletas. Os estrangeiros normalmente disputam o bronze, mas já ganhei da maioria dos principais adversários do Top Ten, inclusive do Fan Zhendong, que deve ser um dos chineses que deve participar das Olimpíadas"
Hugo Calderano

Presente de forma consistente entre os dez melhores do mundo no ciclo para Tóquio e com diversas aparições em quartas de final e semifinais de etapas do circuito mundial, Hugo avalia que não é fora da realidade pensar em medalhas nos Jogos Olímpicos.

"Não é absurdo. Tenho chances de medalha, sim. É claro que os chineses são muito favoritos. O histórico é favorável a eles, que quase sempre chegam na final com dois atletas. Os estrangeiros normalmente disputam o bronze, mas já ganhei da maioria dos principais adversários do Top Ten, inclusive do Fan Zhendong, que deve ser um dos chineses que deve participar das Olimpíadas", afirmou Calderano, em referência ao atual número 1 do mundo.

Mundial por equipes

Antes dos Jogos Olímpicos e da consolidação do ranking para a competição, há um outro torneio de grande relevância no calendário da modalidade programado para março. Trata-se do Mundial por equipes, em Busan, na Coreia do Sul. Na última edição da competição, em 2018, o Brasil conquistou uma inédita vaga entre os oito melhores do mundo. Puxado por boas performances de Hugo e com auxílio de partidas eficientes de Gustavo Tsuboi e Eric Jouti, o Brasil chegou a incomodar a Alemanha na disputa por uma vaga na semifinal.

Agora com cinco atletas entre os Top 100 do mundo, o Brasil tentará novamente chegar à façanha de se colocar entre os oito melhores. O técnico da equipe, Francisco Arado, o Paco, prevê a convocação do grupo para o fim de fevereiro. A intenção dele é levar quatro mesatenistas. "Acredito que depois dos abertos de fevereiro teremos uma definição. Normalmente levamos quatro atletas", afirmou Paco.

Além de Calderano, nome certo na lista, Jouti e Tsuboi  estão na briga pelas outras vagas com Vitor Ishiy e Thiago Monteiro. Os cinco são integrantes do Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. Calderano faz parte da categoria Pódio, a principal do programa, voltada para atletas que estão no Top 20 Mundial e que tenham chances reais de pódio olímpico. 

Atual campeã e franca favorita ao ouro, a China divulgou nesta segunda-feira sua lista de atletas para o Mundial de equipes: o país vai levar o tricampeão mundial e campeão olímpico Ma Long, o atual número 1 do mundo( Fan Zhendong), o número dois do mundo (Xu Xin), o número nove do mundo (Liang Jingkun), além do jovem Wang Chuqin, de 18 anos. O atleta foi campeão dos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires, na Argentina, em 2018, e conquistou o título mundial de duplas ao lado de Ma Long em 2019, em Budapeste, na Hungria. A tradição e a hegemonia chinesa são tão impressionantes que o país optou por deixar de fora da lista o atual número quatro do mundo, Lin Gaoyuan. 

O chinês Ma Long: campeão olímpico e tricampeão mundial. Foto: Abelardo Mendes Jr./ rededoesporte.gov.br

Hegemonia incontestável

Desde que entrou no programa olímpico, em 1988, o tênis de mesa distribuiu 32 medalhas de ouro. A China ficou com nada menos que 28 delas, um aproveitamento de mais de 87%. Além dos chineses, apenas outros dois países subiram ao lugar mais alto do pódio: Coreia do Sul (três vezes) e Suécia.

Desde que entrou no programa olímpico, em 1988, o tênis de mesa distribuiu 32 medalhas de ouro. A China ficou com nada menos que 28 delas, um aproveitamento de mais de 87%

A última vez que um não chinês ficou com o ouro em um torneio olímpico de tênis de mesa foi em Atenas, nos Jogos de 2004, na Grécia. Na ocasião, o sul-coreano Ryu Seungmin levou a melhor sobre o chinês Wang Hao na final de simples. Outro feito impressionante dos chineses é o domínio completo dos ouros masculinos e femininos em três edições consecutivas dos Jogos. Isso ocorreu em Pequim-2008, Londres-2012 e Rio-2016.

O atual campeão olímpico no individual masculino é o chinês Ma Long, um dos grandes nomes da história da modalidade. Em 2019, ele chegou ao tricampeonato mundial em sequência, no evento disputado em Budapeste, na Hungria. No caminho, inclusive, bateu o brasileiro Hugo Calderano, nas oitavas de final, por 4 sets a 1. 

"Acho que o Ma Long é diferente até dos outros chineses. É especial. O jeito que ele joga nas competições importantes e a face mental dele são muito boas. Ele ficou machucado muito tempo e jogou o Mundial naquele nível. Quando ele está preparado, é muito difícil ganhar dele. Mesmo os chineses tendo um outro nível, é difícil comparar o Ma Long com os outros chineses", avaliou Calderano no podcast do Globoesporte.com. 

Programação para Tóquio

Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o tênis de mesa terá disputas individuais, por equipes e nas duplas mistas. Ao todo, são 15 medalhas em disputa. As partidas serão no Ginásio Metropolitano de Tóquio, entre 25 de julho e 7 de agosto.

Gustavo Cunha, rededoesporte.gov.br