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Tenis de mesa

27/05/2019 11h25

Tênis de mesa

Calderano reina como 'raquete 1' do melhor clube da Liga mais forte da Europa

Atleta brasileiro foi protagonista na conquista do título do Campeonato Alemão no último sábado. Resultado tirou o Ochsenhausen de uma fila de 15 anos

Hugo Calderano meio que já se habituou a uma rotina de ineditismos. Atleta com melhores resultados do tênis de mesa latino-americano em todos os tempos, o carioca de 22 anos ganhou mais um item para destacar com negrito em seu currículo no último sábado (25.05). O brasileiro, atual número oito do ranking mundial, foi protagonista no título de seu clube, o Ochsenhausen, da mais competitiva Liga Nacional da Europa, a Bundesliga.

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Calderano e sua equipe comemoram o título da Liga Alemã 2018/2019. Foto: Divulgação

O Campeonato Alemão reúne dezenas de atletas do top 100 mundial. Uma babel que inclui suecos, eslovenos, sul-coreanos, japoneses, taiwaneses, ingleses, espanhóis, franceses, poloneses, portugueses, austríacos. Ah, e alemães, claro. É uma liga multicultural e de altíssimo nível. O próprio time de Calderano é retrato dessa pluralidade. Ao lado do atleta brasileiro estão o francês Simon Gauzy (27º do mundo), o polonês Jakub Dyjas (70º), o sul-coreano Jang Woojin (9º) e o austríaco Stefan Fegerl (66º). O técnico é um russo, Dimitrij Mazunov.

A final foi disputada contra o Saarbrücken, em território neutro, na cidade de Frankfurt, diante de mais de nove mil torcedores. As disputas são em melhor de cinco partidas. Ou seja, quem vencer três jogos primeiro garante o título. Quando há empate em 2 x 2, a decisão é numa partida de duplas. Como ocorreu em praticamente todos os momentos das últimas temporadas, Hugo atuou como "Raquete 1", ou o atleta considerado mais forte pelo treinador.

"Esse time é sensacional. Fico feliz de jogar na Liga mais forte da Europa e numa equipe como o Ochsenhausen, onde a concorrência interna é alta. É muito bom para treinarmos e crescermos juntos"
Hugo Calderano

O Ochsenhausen venceu a decisão por 3 x 0 e encerrou um jejum de 15 anos na competição. O placar, no entanto, foi longe de retratar o equilíbrio dos confrontos. No primeiro duelo, Gauzy bateu o alemão Patrick Franziska, numa partida definida por 3 sets a 2 (10/12, 11/8, 11/8, 9/11 e 11/8) e nos detalhes. O francês veio especialmente confiante pelo passado recente. No Campeonato Mundial disputado em Budapeste, na Hungria, em abril, ele chegou às quartas de final da competição, com direito a eliminar nas oitavas o chinês Xu Xin, número dois do mundo,

Hugo Calderano fez o segundo confronto da decisão, contra o taiwanês Liao Cheng-Ting (110º do mundo). Uma partida milimétrica, de altos e baixos para os dois atletas. Hugo venceu a primeira parcial por impressionantes 11/3 e parecia que viria um "atropelamento". Longe disso. O segundo set, o mais parelho, foi definido pela vantagem mínima a favor de Cheng-Ting, por 15/13. No terceiro, Calderano perdeu intensidade e viu o adversário virar: 11/6. Nas duas últimas parciais, contudo, o brasileiro mostrou que não está no Top Ten por acaso. Ajustou vários dos fundamentos, em especial a recepção e a precisão nos contra-ataques de forehand e backhand, e selou a vitória: 11/8 e 11/7.

O austríaco Stefan Fegerl entrou para garantir o título, mas não sem antes passar por uma maratona física e mental. Ele chegou a estar perdendo por 2 sets a 0 para o esloveno Darko Jorgic. No primeiro set, amargou uma parcial de 11/1. Mas, em uma reação impressionante, conseguiu a virada e decretou o título por 3 sets a 2 (1/11, 11/13, 11/9, 13/11 e 11/8).

"Esse time é sensacional. Fico muito feliz de jogar na Liga mais forte da Europa e numa equipe como o Ochsenhausen, onde a concorrência interna é alta. É muito bom para treinarmos e crescermos juntos", afirmou Calderano, primeiro brasileiro a ter o título alemão no currículo e beneficiário da Bolsa Pódio, categoria mais alta do programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania.

"Acho que ter um brasileiro campeão da Bundesliga (uma das ligas mais fortes do mundo ) é motivo de orgulho para o tênis de mesa brasileiro e um sinal de que o trabalho que está sendo feito com Hugo, especialmente pelo Jean René-Mounie (técnico de Hugo) e pela equipe de Ochsenhausen, está no caminho certo", afirmou o técnico da seleção brasileira, Francisco Arado, o Paco.

Calderano jogando pelo Ochsenhausen: 10 vitórias e uma derrota na Liga Alemã em 2019. Foto: Divulgação

Campanha superlativa

No somatório, a temporada do Ochsenhausen foi superlativa. Foram 16 vitórias e apenas quatro derrotas na fase de classificação da Bundesliga. Na semifinal, mais duas vitórias sobre o Schwalbe Bergneustadt.

Individualmente, Calderano teve performance de destaque. Foi o quarto jogador mais consistente de toda a liga, com 16 vitórias e seis derrotas desde 31 de agosto de 2018, diante de atletas de 12 países. Hugo venceu 53 sets e perdeu 32. Mas o que mais impressiona no atleta carioca é a performance mais recente, na reta final da competição. Foram dez vitórias e apenas uma derrota nas partidas disputadas em 2019.

Ao título da Bundesliga, o Ochsenhausen somou em 2019 a conquista da Copa da Alemanha, também sob comando de Hugo, em janeiro. Fazia 16 anos que o clube da cidade de apenas nove mil habitantes, mas com intensa tradição no tênis de mesa, não vencia também essa competição.

Na temporada 2017/2018, o título alemão escapou na decisão, contra o Borussia Düsseldorf. Neste ano, os pentacampeões foram eliminados na semifinal pelo Saarbrücken. "Foi muito bom para o nosso clube conquistar o título da Copa da Alemanha e estarmos na final da Bundesliga pelo segundo ano consecutivo. É muito importante para o Ochsenhausen", afirmou Hugo Calderano.

 

 

Toca para a China

Sem nem mesmo abrir brecha para celebrar a conquista em sua cidade, Hugo Calderano já zarpou para um novo e difícil compromisso. Ele é um dos cinco brasileiros inscritos no Aberto da China, certamente o evento de maior nível técnico do circuito internacional do tênis de mesa.

Para se ter uma ideia da dimensão do evento, apenas quatro atletas do Top 50 masculino não estão listados entre os 153 confirmados na competição. Isso faz com que 45 atletas presentes à cidade de Shenzhen acumulem um total de 171 títulos conquistados. Além de Hugo Calderano, o Brasil estará representado na competição por Thiago Monteiro, Vitor Ishiy, Bruna Takahashi e Lin Gui.

Gustavo Cunha - rededoesporte.gov.br