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Tenis de mesa

28/10/2019 03h13

Tênis de mesa

Brasil vence pré-olímpicos e terá equipes masculina e feminina de tênis de mesa em Tóquio

Meninas bateram Porto Rico e deixaram para trás a frustração da final do Pan. Rapazes tiveram trabalho para confirmar a vaga contra a Argentina

Uma das cenas marcantes do Pan de Lima, em agosto, foi a foto do pódio da disputa por equipes do tênis de mesa feminino. O semblante de choro do trio brasileiro composto por Jessica Yamada, Caroline Kumahara e Bruna Takahashi era espelho de uma prata após derrota dolorida. Não era para menos. No quinto e último jogo da final contra as porto-riquenhas, Bruna abriu 2 sets a 0 com autoridade e teve quatro match points contra Melanie Diaz na terceira parcial. Não fechou e ainda sofreu a virada.

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Equipes masculina e feminina e comissões técnicas da seleção: passaporte carimbado. Foto: Divulgação

Menos de três meses depois, contudo, o trio teve chance de viver a melhor das redenções. No mesmo Centro Esportivo de Videna, na capital peruana, o trio brasileiro superou a mesma equipe de Porto Rico por 3 x 0 no Pré-Olímpico Latino-Americano. A vitória garantiu que o Brasil terá uma equipe completa nos Jogos de Tóquio, em 2020, e duas atletas na chave individual. O mesmo feito foi conquistado, de forma mais complicada, pela seleção masculina, que superou a Argentina por 3 x 2 e também carimbou o passaporte para a capital japonesa.

"Para a gente foi emocionante demais, principalmente porque no Pan a gente tinha perdido daquela maneira. Dessa vez conseguimos matar em 3 x 0. Fiquei orgulhosa das meninas, do time, todo mundo fez muito bem seu trabalho"
Jessica Yamada

"Para a gente foi emocionante demais, principalmente porque no Pan a gente tinha perdido o jogo daquela maneira. Ficou aquele gosto amargo, de que poderíamos ter ganhado. Ficamos bem chateadas. Dessa vez conseguimos matar em 3 x 0. Fiquei orgulhosa das meninas, do time, todo mundo fez muito bem seu trabalho. Lutamos juntas cada ponto. Para mim é ainda mais especial porque sou a mais velha do time e nunca pude jogar uma Olimpíada. Dá alegria demais ter essa oportunidade. Tomara que a gente consiga aproveitar da melhor forma", afirmou Jessica, de 30 anos e 144ª do ranking mundial.

O primeiro jogo foi o de duplas, considerado o mais estratégico pelo técnico Hugo Hoyama. Caroline e Jessica entraram atentas e foram precisas nos momentos mais importantes dos sets contra Melanie Diaz e Daniely Rios. Com isso, vitória por 3 sets a 1 (12/10, 8/11, 12/10 e 11/9) e 1 x 0 no placar.

A partida seguinte era cercada de expectativa, por se tratar do duelo entre as duas melhores atletas da América Latina. Bruna Takahashi, 53ª no ranking mundial, não deu brechas a Adriana Diaz, 27ª do mundo. Uma vitória por 3 sets a 0 (11/8, 11/8 e 12/10), numa repetição da final por equipes no Pan, quando Bruna também venceu Diaz, naquela ocasião por 3 x 1.

As voltas que o mundo esportivo dá: a frustração de Bruna, Jessica e Carol com um ouro que virou prata dolorida no Pan e a redenção menos de três meses depois com a vaga olímpica sobre as mesmas rivais, no mesmo lugar

"Eu estava totalmente focada, não ia deixar qualquer fato externo me afetar. Estava determinada. A Adriana estava cansada, porque acabou de voltar da Copa do Mundo na China, ainda no jetlag. Ela não teve tempo de se ajustar ao fuso. A situação estava favorável a mim e ela teve problemas com meu saque, o que me permitiu tirar vantagem", disse Bruna Takahashi.

Na sequência, Caroline Kumahara tinha a missão de carimbar a classificação. Perdeu o primeiro set para Melanie Diaz, por 11 x 7 e venceu o segundo na marra, pela diferença mínima: 12 x 10. No terceiro, cravou um impressionante 11 x 1 no placar e, mostrando consistência, continuou agressiva no quarto set e venceu por 11 x 9, fechando a partida em 3 x 0 e garantindo a vaga olímpica. "Eu me sinto muito feliz. Sabíamos que a partida de duplas era muito importante e conseguimos a vitória. A Bruna entrou firme, venceu e me deu ainda mais confiança para esse último jogo", ressaltou Caroline Kumahara.

Hugo Hoyama vai para a sua oitava edição de Jogos Olímpicos. Seis como atleta e agora tem a chance da segunda como treinador. Foto: Abelardo Mendes Jr./ rededoesporte.gov.br
"Mérito delas, que estavam confiantes e bem preparadas. Não tem forma melhor de esquecer aquela derrota dolorida no Pan do que com uma vaga em Tóquio"
Hugo Hoyama, técnico da seleção feminina

Oitava Olimpíada de Hoyama

Para o técnico Hugo Hoyama, a preparação, a raça e o discernimento da equipe foram essenciais para essa volta por cima. "Foi lindo. Vencer Porto Rico por 3 x 0, aproveitando todas as chances, conseguindo segurar as reações das adversárias, tanto na dupla quanto no jogo da Bruna, foi importante. Mérito delas, que estavam confiantes e bem preparadas. Não tem forma melhor de esquecer aquela derrota dolorida no Pan do que com uma vaga em Tóquio", afirmou.

O treinador tem ciência de que brigar pelo pódio olímpico ainda é uma meta distante, mas já começa a pensar desde já na preparação para que todas desempenhem seu melhor no principal palco do esporte mundial. "A gente tem os pés no chão de que lutar por medalha é muito difícil, mas obter um bom resultado não está longe do nosso horizonte. Vamos brigar bastante para fazer uma boa preparação para que isso aconteça", disse.

Hoyama terá em Tóquio uma oportunidade rara. Vai disputar a oitava edição de Jogos Olímpicos consecutiva. Foram seis vezes como atleta, desde Barcelona, em 1992, passando por Atlanta (1996), Sydney (2000), Atenas (2004), Pequim (2008) e Londres (2012) como atleta. Nos Jogos Rio 2016 e agora, para Tóquio, como treinador do time feminino. Perguntado se a experiência olímpica ainda era um desafio ou se o ambiente de megaeventos já tinha se tornado uma espécie de quintal de sua casa, Hugo foi enfático.

"Nossa, claro que tem graça. Não virou meu quintal de casa não", brincou. "Para mim é a oitava, mas, se tudo der certo e eu estiver lá mesmo, será como se fosse a primeira. Todas são uma experiência inesquecível, bonita. Sou privilegiado porque sei que há atletas que foram só uma ou duas vezes, e muitos que tentaram e não conseguiram. Por isso tenho de aproveitar a oportunidade, e vou te dizer: chegar numa Olimpíada e pegar crachá, pegar uniforme, entrar na Vila, não tem coisa melhor não", comentou.

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Calderano, o técnico Paco, Jouti, Tsuboi e Ishiy: favoritismo do time confirmado

Aperto no masculino

Apontada como franca favorita à vaga olímpica, a seleção masculina encontrou uma pedreira pela frente para também carimbar o passaporte para Tóquio. O time formado por Gustavo Tsuboi, Vitor Ishiy e Hugo Calderano precisou de cinco partidas para superar Gaston Alto, Horacio Cifuentes e Pablo Tabachnik.

Na partida de duplas, que abriu o confronto, Tsuboi e Ishiy se esforçaram, mas caíram diante do melhor entrosamento da parceria entre Alto e Cifuentes, que venceram por 3 sets a 2, com parciais de 6/11, 18/16, 11/9, 9/11 e 5/11.

Na sequência, Hugo Calderano mostrou que está num patamar bem acima dos adversários do continente americano. Melhor atleta não asiático do ranking mundial, na sexta posição, o brasileiro de 23 anos bateu Pablo Tabachnik por 3 sets a 0, em parciais rápidas de 11/7, 11/4 e 11/7.

"Não foi um campeonato fácil. A Argentina mostrou que pode brigar com muitas potências. O importante é que agora podemos treinar bastante para chegar em Tóquio no melhor nível”
Hugo Calderano

O terceiro jogo reuniu Gustavo Tsuboi, atual número 28 do mundo, e o talentoso argentino Horacio Cifuentes, 83º da listagem da Federação Internacional (ITTF). Assim como já havia ocorrido no Pan, a capital peruana não fez bem para a performance do brasileiro, que não conseguiu impor o melhor de sua técnica e acabou superado por 3 sets a 1 pelo jovem talento argentino de 21 anos, com parciais de 7/11, 13/11, 8/11 e 9/11.

Com o placar desfavorável em 1 x 2, Calderano voltou à ação e, como já havia feito antes, atropelou o adversário, desta vez Gaston Alto, número 108 do ranking mundial: 11/3, 11/7 e 12/10 para o brasileiro, e confronto igualado em 2 x 2.

Com o empate, coube a Vitor Ishiy fechar a disputa contra a Tabachnik. Mostrando que o título do Campeonato Pan-Americano e a terceira posição no Aberto do Paraguai, ambos disputados em Assunção, em setembro, não vieram à toa, Vitor foi imensamente superior, fechou a partida e decretou a vaga para o Brasil em Tóquio com 3 sets a 0, parciais de 11/6, 11/4 e 11/6. Vitor apareceu pela primeira vez entre os 100 melhores do ranking mundial em outubro, e ocupa atualmente a 64ª posição.

“Estou muito feliz de fazer parte dessa equipe e de fazer um jogo tão emocionante como este, para uma classificação aos Jogos Olímpicos, que era um sonho meu. Sabia que ia ser bem difícil, porque eles têm atletas fortes e experientes, mas estava preparado”, disse Ishiy.

"Não foi um campeonato fácil. A Argentina mostrou que pode brigar com muitas potências. Estou feliz pela equipe. A gente não entra com expectativas. Não tem nada fácil. O importante é que agora podemos treinar bastante para chegar em Tóquio no melhor nível”, projetou Hugo Calderano.

Gustavo Cunha, rededoesporte.gov.br, com informações da ITTF e da CBTM