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15/09/2018 17h36

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Brasil vacila e perde para a Holanda pela primeira vez em 52 anos num Mundial

Após vencer a França, equipe não repete a boa atuação e complica seu caminho no torneio disputado na Itália e na Bulgária. Próximo desafio será contra o Canadá, na segunda-feira

"A gente conversou muito sobre não cair na armadilha. Principalmente depois da partida contra a França. Sabíamos que uma vitória hoje nos ajudaria demais a sair da primeira fase com a liderança. Mas jogamos no lixo". O desabafo do ponteiro Lipe ao fim da derrota por 3 sets a 1 diante da Holanda descreve o sentimento da equipe brasileira em Ruse, na Bulgária.

A armadilha a que Lipe se refere tem vários significados. O principal deles é que Brasil e Holanda fizeram três amistosos no período que precedeu o Mundial. Um em Brasília (DF), outro em Manaus (AM) e um terceiro em Belém (PA). Nos três, vitórias consistentes da equipe nacional.

Jovem equipe holandesa celebra após a vitória sobre os atuais campeões olímpicos. Foto: FIVB
"Parece que a gente gosta do caminho difícil. Logo depois de criarmos a chance de seguir adiante com tranquilidade, jogamos no lixo"
Lipe, ponteiro da Seleção Brasileira 

Além disso, historicamente a Holanda era freguesa do Brasil em Mundiais. A última vez que a seleção havia experimentado um revés tinha sido em 1966, na Tchecoslováquia. Outro sentido vinha da rodada anterior. A equipe nacional vinha de importante vitória sobre a França, vencedora da Liga Mundial em 2015 e 2017, na segunda rodada.

E há, ainda, um problema prático. Pelo regulamento do Mundial, os resultados da primeira fase valem para os emparceiramentos e se acumulam na sequência do torneio, na segunda fase. Assim, a campanha atual do Brasil, com duas vitórias e uma derrota, ligou o sinal de alerta. Com três rodadas disputadas, o Brasil ocupa a incômoda quarta posição no Grupo B, atrás de Canadá, França e Holanda.

"Parece que a gente gosta do caminho difícil. Logo depois de criarmos a chance de seguir adiante com tranquilidade, desperdiçamos. Mas temos de dar o mérito. Eles tiveram um dia inspirado. Talvez tenham feito a melhor partida deles. Mas agora é trabalhar e seguir o caminho mais difícil", afirmou Lipe.

A próxima chance de recuperação da equipe nacional será na segunda-feira (17.09), diante do líder do grupo, o Canadá. A partida será a partir das 14h30 (de Brasília). O Brasil encerra a participação na primeira fase na terça-feira, diante da China, a partir das 11h. Ao fim do turno, os quatro melhores do grupo seguem adiante. Dois são eliminados.

Bloqueio brasileiro, que havia feito 18 pontos contra a França, não achou o ataque holandês. Foto: FIVB

"Não achou"

Um dos fundamentos que mais faltou ao Brasil neste sábado foi o bloqueio. Se na vitória sobre a França a equipe anotou 18 pontos no fundamento, contra a Holanda foram apenas sete, contra 11 dos europeus. Com uma recepção precisa e uma variação grande de jogadas, os holandeses encontraram muitas brechas para explorar no sistema defensivo nacional.

"Principalmente a partir do segundo set, nossa defesa não estava tocando na bola. Não estava achando o ataque deles. Muitas bolas bobas caíram. Faltou um pouco de intensidade, de posicionamento, e de fato tudo deu certo para eles também", avaliou o levantador Bruninho, capitão da equipe. Quem mais se beneficiou do jogo aberto foi o oposto Ter Maat, da Holanda, com 16 pontos, dois deles em saques no fim da partida. Pelo lado brasileiro, o maior pontuador foi o central Lucão, também com 16 pontos.

Num breve resumo do jogo, o Brasil encaixou um primeiro set digno dos atuais campeões olímpicos e venceu por 25/21. Na sequência, contudo, a equipe não lembrou em nada o histórico de um time tricampeão mundial e que esteve nas últimas quatro finais. O jovem time holandês tomou conta da partida. Com saques bem encaixados, bloqueios efetivos e contra-ataques precisos, viraram e fecharam o jogo com parciais de 25/20, 25/20 e 25/21.

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Classificação provisória, com o Brasil na quarta posição no Grupo B. Faltam duas rodada.

Gustavo Cunha, rededoesporte.gov.br