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Hipismo

06/08/2016 03h36

HIPISMO

Brasil tenta, a partir de hoje, medalha inédita no hipismo CCE

A modalidade de concurso completo de equitação (CCE) abre, neste sábado, as provas hípicas nos Jogos Olímpicos Rio 2016

No universo de disputas olímpicas de altíssimo nível que se inicia neste sábado (6.8), um esporte merece destaque por possuir uma característica que, de tão singular, o difere de todos os demais no programa dos Jogos: apenas no hipismo os homens e as mulheres se enfrentam em condições de igualdade.

Por ser dividido em três modalidades – concurso completo de equitação (CCE), adestramento e saltos – e por incluir competições individuais e por equipes, o hipismo é uma das disputas que mais se alongam nos Jogos Olímpicos. A partir de hoje serão 12 dias de provas que só terminam em 19 de agosto, dois dias antes da cerimônia de encerramento das Olimpíadas no Rio.

Na história olimpismo brasileiro, o hipismo é um dos nove esportes que deram ao país pelo menos uma medalha de ouro. O Brasil tem três medalhas nos Jogos, todas conquistadas na modalidade de saltos.

A equipe do Brasil de CCE nos Jogos Olímpicos Rio 2016, com Marcio Jorge, Carlos Parro, Nilson Leite, Marcio Appel e Ruy Fonseca. Foto: CBH

Rodrigo Pessoa, no salto individual, foi ouro Jogos de Atenas 2004 e ainda integrou as duas equipes de saltos que conquistaram as medalhas de bronze em Atlanta 1996 e Sydney 2000. O cavaleiro, entretanto, não aceitou o posto de reserva da equipe de saltos do Brasil e desistiu da participar do Rio 2016.

As competições de hipismo no Rio terão equipes formadas por quatro conjuntos (atleta e cavalo ou égua) e um reserva. O Brasil competirá nas três modalidades e as provas do concurso completo de equitação (CCE) abrem as disputas a partir deste sábado (6.8), às 10h, no Centro Olímpico de Hipismo, em Deodoro. As provas de CCE prosseguem até a próxima terça-feira (9.8), quando os medalhistas da modalidade serão conhecidos.

A equipe de CCE do Brasil é composta por Carlos Parro, que montará Summon Up The Blood; Márcio Appel, com Ibero Jmen; Márcio Carvalho Jorge e Lissy Mac Wayer; e Ruy Fonseca com Tom Bombadill. Nilson Moreira e o cavalo Muggle é o reserva.

Na história das Olimpíadas, o melhor resultado do Brasil no CCE foi obtido na edição de Sydney 2000, quando o país terminou na sexta colocação. Segundo a chefe da equipe nacional, Julie Purgy, o objetivo para o Rio é superar o desempenho da Austrália.

“Nossa perspectiva é conquistar uma medalha. Mas se chegarmos no top 6 já teremos apresentado um rendimento muito bom”, adianta Julie. “Nós evoluímos muito nos últimos três anos com o trabalho do técnico Mark Todd e da Anna Louise Ross”, elogia, referindo-se à britânica especialista na modalidade e ao neozelandês e bicampeão olímpico no CCE (Los Angeles 1984 e Seul 1988, ambas no individual) e dono de outras três outras medalhas olímpicas (prata por equipe em Barcelona 1992 e bronze por equipe em Seul 1988 e Londres 2012). Mark Todd foi eleito, pela Federação Equestre Internacional (FEI, em inglês) o cavaleiro do século XX.

Triatlo equestre

O concurso completo de equitação seria o equivalente, no hipismo, ao triatlo, uma vez que é composto por três categorias de prova: adestramento, cross-country (um percurso de 30 a 40 saltos sobre obstáculos de diversos tipos, como pequenos lagos e barreiras de pedra, com limite máximo de tempo) e saltos. Vence o atleta ou a equipe que acumular menos faltas ao fim das três etapas da competição.

As equipes da Alemanha, Grã-Bretanha e Nova Zelândia são cotadas como as favoritas para o ouro no CCE no Rio, mas os times da França, Estados Unidos e Suíça podem surpreender. O time brasileiro se preparou nos últimos meses fora do Brasil, a maior parte do tempo em solo inglês, e, segundo Julie Purgy, os treinos foram muito produtivos.

“Eles viajaram em fevereiro, cumpriram uma quarentena nos Estados Unidos, onde competiram, e depois foram para a Inglaterra onde se prepararam até o embarque para o Brasil para as Olimpíadas (os atletas chegaram à capital fluminense no final de julho)”, detalha Julie.

Como no hipismo o resultado final depende não só da qualidade técnica do atleta mas também da performance dos animais cavalo ou égua, Julie ressalta que a qualidade dos animais do time brasileiro é um dos pontos fortes na briga por uma inédita medalha no Rio.

“Acho que temos uma das equipes mais bem preparadas de todas no cenário internacional, pelo fato de termos competido os últimos meses na Inglaterra e conquistado bons resultados em quase todas as provas”, reforça.

Domínio alemão

O hipismo entrou pela primeira vez no programa olímpico na edição de Paris 1900, apenas com provas de salto. Depois disso, o esporte foi retirado da competição, retornado nos Jogos de Estocolmo 1912. Aa partir daí, tem se mantido nos Jogos com grande regularidade.

Até 1948, apenas os homens competiam no hipismo e os cavaleiros tinham que ser oficiais militares. Essa restrição foi suspensa em 1951 e, desde os Jogos de Helsinque 1952, as mulheres passaram a competir ao lado dos homens, inicialmente nas provas de adestramento e, depois, nas outras duas provas.

Os Estados Unidos são o país que mais conquistou medalhas olímpicas no hipismo, com 49 pódios. Entretanto, se for aplicado o critério de número de ouros arrebatados, a Alemanha é a nação que mais brilhou no esporte, com 46 medalhas, das quais 23 são de ouro, 11 de prata e 12 de bronze. Os alemães são seguidos pelos suecos, com 42 pódios (17 ouros, 11 pratas e 14 bronzes). Os norte-americanos têm 11 ouros, 20 pratas e 18 bronzes.

Luiz Roberto Magalhães – brasil2016.gov.br