Judô
Baku 2018
Brasil não passa das oitavas de final no quarto dia do Mundial de Judô em Baku
O Brasil não conseguiu ir muito longe no quarto dia de disputas do Campeonato Mundial de Judô, disputado em Baku, capital do Azerbaijão. O país iniciou o dia no National Gymnastics Arena com três atletas na disputa da categoria meio-médio (-81kg para os homens e -63kg para as mulheres): a medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 Ketleyn Quadros, Eduardo Yudy e Victor Penalber.
O trio conquistou boas vitórias na primeira rodada, com Ketleyn, 24ª do ranking mundial, passando pela norte-americana Hannah Martin, 29ª, e Victor Penalber triunfando sobre o marroquino Achraf Moutii. O destaque foi Eduardo Yudy, que pegou o adversário mais complicado na primeira fase e conseguiu uma bela vitória diante de Uuganbaatar Otgonbaatar, da Mongólia, número 5 do ranking mundial.
"Acho que eu deixei de finalizar, então acho que ficou meio em dúvida. Quando voltar eu preciso treinar essa parte de finalização para não ter dúvida na próxima vez"
Eduardo Yudy, judoca brasileiro
Na rodada seguinte, entretanto, o Brasil não conseguiu o mesmo desempenho e dois atletas acabaram eliminados. Ketleyn perdeu para a eslovena Andreja Leski, 5ª do ranking mundial, enquanto Penalber foi superado pelo marroquino Achraf Moutii, 26º.
"É difícil fazer uma análise de uma luta que você acabou de sair assim", lamentou Ketleyn, que perdeu depois de ser punida com dois shidos (infrações) e sofreu um wazari.
"O judô vem mudando muito e as faltas vêm fazendo diferença. Eu treinei para pegar e atacar, pegar e atacar, botar volume, mas infelizmente tomei dois shidos, um pisando fora e outro estourando a pegada (quando a judoca usa uma forma irregular para tirar a mão da rival do quimono) e isso dificultou a luta, porque eu tinha que abrir ou acabava a luta com o terceiro shido", analisou a brasileira.
» Confira a cobertura completa do Mundial de Judô - Baku 2018
Já Victor Penalber recordou a temporada atípica que teve em 2018 por conta de uma lesão que afetou sua mão direita e reconheceu que agora é ter paciência e trabalhar por melhores resultados. "Eu não conhecia esse adversário, estudei por vídeo e tive dificuldade na pegada. Mas a luta estava equilibrada. Errei no final e faltavam cinco segundos. Não tinha muito o que fazer", lamentou o judoca.
Assista à luta de Eduardo Yudy contra o campeão mundial, o alemão Alexander Wieczerzak
O Mundial de Baku foi apenas a segunda competição de Penalber na temporada. O atleta foi obrigado a ficar de fora dos tatames devido a uma lesão sofrida em Paris. "No início do ano, em Paris, tive uma lesão na cervical e aí afetou a passagem do nervo. Comecei a perder o movimento da mão (direita) e então não estava conseguindo fazer a pegada. Tinha dificuldade inclusive para comer. Estava esquisito. Aí tive que parar um tempo. Nesse período, procurei investir bastante em estratégia e treino técnico. Eu sinto que a minha cabeça melhorou, mas ainda não consegui traduzir isso para a competição, ainda mais em um Mundial. Acho que agora é ter um pouco de paciência, apesar de toda a cobrança que a gente tem de todo mundo e principalmente de mim mesmo", encerrou Penalber.
Com Ketleyn e Victor eliminados, Yudy tornou-se o único judoca a chegar às oitavas de final, após superar o grego Alexios Ntadatsidis, 57º do ranking, na segunda rodada. A vitória o colocou em rota de colisão com o alemão Alexander Wieczerzak, atual campeão mundial, com quem travou uma luta muito dura.
"Eu treinei para pegar e atacar, botar volume, mas infelizmente eu tomei dois shidos e isso dificultou muito luta, porque eu tinha que abrir ou acabava a luta com o terceiro shido"
Ketleyn Quadros, judoca brasileira
Os dois adotaram, desde o início, uma postura bastante ofensiva e o brasileiro saiu na frente ao encaixar um wazari. O campeão mundial empatou e, depois de um lance controverso, no qual a arbitragem teve que consultar o árbitro de vídeo para decidir se Yudy tinha ou não encaixado um novo wazari (o que daria a vitória ao brasileiro), lance que não foi validado, o adversário acabou aplicando um wazari e tirou de Yudy as chances de tentar chegar ao pódio na capital do Azerbaijão.
"Acho que deixei de finalizar, então acho que ficou meio em dúvida. Quando voltar preciso treinar essa parte de finalização para não deixar dúvida na próxima vez", afirmou Yudy. "Eu vim bem preparado. Estava confiante, mas acho que faltou treinar, trabalhar mais a parte psicológica. Esse nível de campeonato eu acho que o que decide é detalhe. E o que está faltando para mim é isso", encerrou o judoca.
Galeria de fotos do Mundial de Judô (imagens disponíveis para download em alta resolução e uso editorial gratuito. Crédito obrigatório: Rodolfo Vilela/ rededoesporte.gov.br)
Número 1 do mundo em ação
Nesta segunda-feira (24.09), o Brasil terá dois representantes na disputa do peso médio (-90kg para os homens e -70kg para as mulheres). No masculino, Rafael Macedo, número 19 do ranking mundial e campeão mundial júnior em 2014, enfrenta o grego Theodoros Gretselidis, 38º do ranking, que este ano faturou o bronze no Grand Prix de Hohhot, na China, e no Campeonato Europeu.
Já pela chave feminina, Maria Portela, atual número 1 do ranking mundial, que este ano foi campeã do Grand Slam de Acaterimburgo, na Rússia, estreia contra a vencedora do confronto entre Shokhista Nazarova, do Uzbequistão, número 260 do ranking mundial, e a polonesa Daria Pogorzelec, 67ª do ranking
Até aqui, o Brasil conquistou uma medalha no Mundial de Baku, com o bronze da brasiliense Érika Miranda, pela categoria meio-leve (-52kg). Com o resultado, a judoca chegou ao quinto pódio seguido em Mundiais e agora soma uma prata (em 2013, no Rio) e quatro bronzes (Chelyabinsk 2014, Astana 2015, Budapeste 2017 e Baku 2018). Além disso, Érika ainda conquistou a prata por equipe em 2013, no Rio.
Todos os medalhistas do Brasil no Mundial Sênior
1971 (Ludwigshafen/GER)
Chiaki Ishii (-93kg/bronze)
1979 (Paris/FRA)
Walter Carmona (-86kg/bronze)
1987 (Essen /GER)
Aurélio Miguel (-95kg/bronze)
1993 (Hamilton/CAN)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Rogério Sampaio (leve/bronze)
1995 (Tóquio/JPN)
Danielle Zangrando (-56kg/bronze)
1997 (Paris/FRA)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Edinanci Silva (-72kg/bronze)
Fúlvio Myata (-60kg/bronze)
1999 (Birmingham/GBR)
Sebastian Pereira (-73kg/bronze)
2003 (Osaka/JPN)
Mario Sabino (-100kg/bronze)
Edinanci Silva (-78kg/bronze)
Carlos Honorato (-90kg/bronze)
2005 (Cairo/EGY)
João Derly (-66kg/ouro)
Luciano Corrêa (-100kg/bronze)
2007 (Rio de Janeiro/BRA)
João Derly (-66kg/ouro)
Tiago Camilo (-81kg/ouro)
Luciano Correa (-100kg/ouro)
João Gabriel Schilittler (+100kg/bronze)
2010 (Tóquio/JPN)
Mayra Aguiar (-78kg/prata)
Leandro Guilheiro (-81kg/prata)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
2011 (Paris/FRA)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Rafaela Silva (57kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Leandro Guilheiro (-81kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)
2013 (Rio de Janeiro/BRA)
Rafaela Silva (-57kg/ouro)
Érika Miranda (-52kg/prata)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)
2014 (Chelyabinsk/RUS)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Erika Miranda (-52kg/bronze)
Rafael Silva (+100kg/bronze)
2015 (Astana/CAZ)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Victor Penalber (-81kg/bronze)
2017 (Budapeste/HUN)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
David Moura (+100kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/bronze)
Luiz Roberto Magalhães, de Baku, no Azerbaijão - rededoesporte.gov.br