Atletismo
Nápoles 2019
Mesmo com frustração no 4 x 100m, atletismo faz história na Universíade
A despedida não foi do jeito que todos esperavam – um desconforto muscular sofrido por Paulo André de Oliveira tirou as chances de medalha no revezamento 4 x 100m neste sábado (13.07), mas o atletismo brasileiro deixa Nápoles com muitos motivos para comemorar. Com quatro ouros, uma prata e dois bronzes conquistados no Estádio San Paolo, o Brasil fez história na Universíade 2019. É a melhor campanha do atletismo nacional na competição em todos os tempos.
Antes de Nápoles, o melhor desempenho do país no evento havia sido em 2005, com dois ouros - Fabiano Peçanha nos 800m e Matheus Inocêncio nos 110m com barreiras - e um bronze, com Sandro Viana nos 100m.
“Viemos com um grupo fortalecido não somente em relação a resultados, mas unidos. Saímos daqui com o dever cumprido”
Fernando de Oliveira, técnico da equipe de atletismo
O desempenho do atletismo na Itália também impulsionou o Brasil para a conquista de sua melhor campanha na história da Universíade. Foram cinco ouros (o atletismo foi responsável por 80% e a outra medalha dourada veio da natação, com Jhennifer Alves nos 50m peito) e mais três pratas e nove bronzes. A delegação terminou em 13º lugar no quadro de medalhas. O Japão, primeiro lugar, levou 33 ouros.
“Nós viemos com uma equipe muito boa e um grupo fortalecido não somente em relação a resultados, mas unidos. Saímos daqui com o dever cumprido”, disse o treinador Fernando de Oliveira.
Para o grande nome brasileiro da competição, a Universíade teve um gosto agridoce. Primeiro, vieram duas medalhas de ouro nos 100m e 200m, mas o último dia reservou certa frustração e preocupação. Último na escala da equipe brasileira para correr o revezamento 4 x 100m, Paulo André sentiu um desconforto muscular durante a corrida e acabou terminando a prova caminhando. Com isso, o Brasil ficou em sétimo lugar, com 1min23s05. O vencedor foi o Japão, que marcou 38s92. A China ficou com a prata, com 39s01. O bronze foi para a Coreia do Sul, com 39s31. O Brasil só ficou à frente de Gana, que foi desclassificada.
Após a prova, a sensação de Paulo André era de frustração por não ter conseguido a medalha, mas sua avaliação era de que não se tratava de lesão grave. “Foi só o susto. Acontece, né? Uma pena que foi em grupo, a galera estava na expectativa de medalha. Mas o atletismo fez história aqui e vamos voltar na próxima para buscar essa medalha que faltou”, prometeu.
A preocupação de seu pai e treinador, Carlos José de Oliveira, era avaliar o quadro o mais rápido possível para iniciar a recuperação. “A gente vai para Madri amanhã (domingo), tratar lá, porque lá tem um fisioterapeuta e um médico”, disse, em referência à comissão técnica da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), que está na Espanha.
Pela programação normal, Paulo teria uma etapa da Liga Diamante de Atletismo em Londres, na Inglaterra, nos dias 20 e 21 de julho. Mas agora o foco é recuperá-lo para os Jogos Pan-Americanos, de Lima. As competições de atletismo em Lima, no Peru, começam no dia 28 de julho.
Força nas provas com barreiras
Além do brilho de Paulo André, o Brasil mostrou força em provas com barreiras. Alison Santos venceu os 400m com obstáculos na quinta (11) e Gabriel Constantino foi ouro nos 110m com barreiras na sexta (12). Para Alison, de apenas 19 anos, a conquista mostrou que ele tem uma carreira brilhante pela frente. Para Gabriel, de 24 anos, além de comprovar a boa fase do atleta, que recentemente bateu o recorde sul-americano da prova (13s18), foi também uma volta por cima. “Fiquei realmente emocionado, porque na última edição eu caí na final e fui eliminado da prova. Nada como o tempo para a gente poder dar a volta por cima. Este ano fui campeão”, comemorou.
As outras medalhas do atletismo vieram com Rodrigo Nascimento (bronze nos 100m), Alexsandro Melo (bronze no salto triplo) e Mateus Sá (prata no salto triplo).
Prata no futebol
Na última competição da Universíade, o Brasil ainda garantiu mais uma medalha. Na final do futebol masculino, disputada na noite de sábado no Estádio Aranchi, em Salerno, o Brasil enfrentou o Japão, mas não conseguiu segurar o time asiático e acabou perdendo por 4 x 1. Ayase Ueda marcou três gols para os japoneses, o primeiro deles de pênalti, já no segundo tempo, quando o placar ainda estava 0 x 0.
No lance do pênalti, o zagueiro brasileiro Ramon Rezende levou o segundo cartão amarelo e acabou expulso. O Japão, que já tinha mais volume de jogo, intensificou as ações ofensivas e acabou abrindo 3 x 0 na sequência, com Ueda e Reo Hatate. O Brasil ainda conseguiu diminuir, com Luiz Eduardo. Mas Ueda estava impossível. Aos 36 da segunda etapa, fez mais um, seu terceiro no jogo, e decretou o placar.
Mesmo com a derrota, o Brasil comemorou bastante a medalha de prata. Foi a primeira vez que a equipe masculina conseguiu chegar a uma final da Universíade. “A gente na final é um feito que ninguém tinha conseguido antes, então com certeza estamos felizes com a prata", disse o capitão do time, o goleiro Matheus Kayser. O bronze ficou com a Itália, que superou a Rússia nos pênaltis após empate em 2 x 2 no tempo normal.
Mateus Baeta, de Nápoles, na Itália - rededoesporte.gov.br