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23/09/2020 11h36

Paradesporto

Atletas e dirigentes celebram poder de transformação do esporte e debatem banalização da “superação”

Discussões fizeram parte das comemorações do Dia Nacional do Atleta Paralímpico
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O esporte como ferramenta de transformação e a banalização da palavra superação foram os temas de lives comemorativas do Dia Nacional do Atleta Paralímpico, realizadas nesta terça (22.09) pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB)  

Participaram dos bate-papos a parataekwondista Débora Menezes, os velocistas Fabrício Ferreira, Verônica Hipólito e Yohansson Nascimento, além da nadadora Susana Schnarndorf, do youtuber Fred, do presidente do CPB, Mizael Conrado  e do apresentador e ex-judoca Flávio Canto.

O diretor técnico do CPB, Alberto Martins, fez uma participação especial breve para convidar todas as pessoas com deficiência a experimentarem o esporte paralímpico. “Hoje, o esporte paralímpico tem espaço para diversas deficiências, incluindo as severas e, com certeza, os técnicos e os classificadores poderão indicar a melhor modalidade e provas para cada um. Busquem o esporte porque realmente é a transformação e a ferramenta para a inclusão social”, disse Martins.  

Débora Menezes transpôs a fala de Martins para sua experiência pessoal. “O esporte foi transformador para mim desde a infância. Eu era uma garotinha que não sabia lidar com a deficiência e encontrei no esporte um aliado para me socializar. Abriu muitas portas. Foi uma segunda mãe. Foi tão importante para a minha vida que me formei em educação física para transformar a vida de outras pessoas. Foi só na faculdade que eu conheci o Movimento Paralímpico e hoje sou honrada por representar o meu país em uma modalidade nova nos Jogos Paralímpicos”, completou a paulistana Débora Menezes, campeã mundial de parataekwondo em 2019.  

A gaúcha Susana Schnarndorf disputou 13 provas do Ironman (uma das modalidades mais famosas do triatlo), antes de descobrir que tem a doença MSA (múltipla falência dos sistemas), que afeta a mobilidade, em 2005. Cinco anos depois, conheceu o paradesporto. Ela relatou que o esporte deu sentido a sua vida e ajudou a superar os desafios impostos pela doença degenerativa.  

“Como eu já vivi os dois lados, sei que a gente treina tanto quando os atletas convencionais. a gente tem os mesmos objetivos: subir ao pódio, melhorar nossos índices. Nadamos na mesma piscina, raia e mesmo pódios. Todo mundo quer treinar para melhorar o seu tempo”, apontou a nadadora.  

 

Superar a “superação”

Outro tema abordado por atletas e dirigentes foi a banalização do termo superação. Para o presidente do CPB e ex-jogador de futebol de 5, Mizael Conrado, o termo precisa de nova abordagem.  “A palavra superação foi muito banalizada. A superação de obstáculos acontece diariamente, mas a superação de limites é mais complexa. Eu acho que ainda não superei o meu limite até hoje, acho que ainda tenho muito a avançar, a crescer. Só porque você tem uma limitação, acham que você está superando tudo. Em outras palavras, estão dizendo que você é limitado”, disse Mizael.  

O medalhista paralímpico e mundial na classe T47 Yohansson Nascimento admitiu que o termo “ainda chateia um pouco por colocarem primeiro a deficiência na frente das conquistas”. Para ele, é “como se tivesse ganhado a medalha por não ter as duas mãos e não por ter treinado e se dedicado”.   

A velocista e medalhista paralímpica Verônica enfatizou a importância de a mídia ajudar as pessoas com deficiência. “As pessoas com deficiência precisam de referências. Os atletas são e pessoas que não são atletas e tem deficiência também são. A mídia precisa mostrar mais essas referências”, sugeriu.  

“Ainda há o estereótipo de que as pessoas com deficiência sejam fofinhas, doces, abertas para conversar sempre. A gente tem personalidade, também somos ácidos às vezes. Queremos ser vistos além da deficiência”, completou a influenciadora digital Isa, que também participou do evento.  

Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro