Tiro com arco
Buenos Aires 2018
Ao lado de parceiro belga, Ana Luiza cai nas oitavas do tiro com arco
Quando era velejadora, ainda na infância, pela classe Optimist, Ana Luiza Sliachticas certamente via no vento um aliado. Ao decidir migrar para o tiro com arco, aos 12 anos e por influência do irmão, contudo, o vento passou a ser um potencial adversário para a precisão das flechas. Na manhã deste domingo (14.10), a despeito do sol que abriu na capital Buenos Aires, o rival estava presente para desafiar os tiros da carioca de 15 anos, que acabou eliminada nas oitavas de final por equipes mistas dos Jogos Olímpicos da Juventude, ao lado do belga Senna Roos.
“Quando chegamos aqui, o vento estava bem tranquilo. Vir para cá, para a área de competição, e ver que estava ventando foi estranho e difícil de atirar, porque ele está mudando muito”, conta a adolescente, que chegou a fazer bons tiros, no centro do alvo, durante o primeiro set, fechando a etapa inicial da competição em 38 x 36 em cima da francesa Kyla Touraine-Helias e do espanhol Jose Manuel Solera. Nas demais parciais, no entanto, Ana e Roos não conseguiram manter a vantagem e passaram a errar mais, perdendo o confronto por 6 x 2 (146 x 131 na pontuação total).
- Ana Luiza precisou enfrentar mudanças na direção do vento durante confronto válido pelas oitavas de final. Foto: Ana Cláudia Felizola/Rededoesporte.gov.br
Competir ao lado de um atleta de outro país foi uma novidade para a brasileira. “Foi muito diferente, foi a primeira vez que atirei com alguém que não conhecia, nunca tinha visto na vida nem escutado falar”, brinca. “A gente fez um bom time, estávamos bem fortes ontem. Hoje não foi um bom dia”, lamenta a atleta. No sábado (13), a dupla superou, na primeira rodada da competição, a equipe formada por Jil Walter, de Samoa, e Hao Feng, da China, também por 6 x 2 (139 a 135). “A gente sempre quer ganhar, mas hoje não foi o dia. Agora o foco é para amanhã”, adianta Ana Luiza.
Nesta segunda-feira (15), a partir das 16h06, a brasileira ainda compete no individual, mas não deve encontrar um caminho tranquilo pela frente. Classificada em 25º lugar, com 625 pontos, na rodada inicial, a arqueira vai enfrentar, ainda pelas eliminatórias, a russa Viktoria Kharitonova, que somou 658 pontos e avançou em oitavo lugar. “Pretendo dar o meu melhor”, resume Ana Luiza, campeã por equipes nos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba, neste ano, e ouro no torneio de ranking mundial da Guatemala, que valeu a vaga olímpica.
O Brasil conta ainda com Mateus Almeida, de 17 anos, que somou 662 pontos e ficou em 18º lugar na classificatória. Ele enfrentará o americano Trenton Cowles, 15º na etapa inicial, com 665 pontos, também nesta segunda, a partir das 15h24. A competição de tiro com arco é realizada no Parque Sarmiento, palco também do tiro esportivo e do handebol de praia.
“Surreal”
Ana Luiza é de Maricá (RJ) e parceira de treinos de Marcus Vinícius D’Almeida, dono de três ouros nos Jogos Sul-Americanos de Santiago 2014 e de um bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015. Na última edição da Olimpíada juvenil, há quatro anos, em Nanquim, D’Almeida faturou a medalha de prata no individual.
Depois que fechar sua participação em Buenos Aires, Ana Luiza não terá mais competições internacionais neste ano. Será, então, o momento de descansar. “O plano é voltar para casa e relaxar um pouco, colocar a cabeça no lugar e depois voltar a treinar bastante porque no ano que vem tem Mundial Júnior”, projeta a carioca.
Da mente dela, no entanto, provavelmente nunca será apagada a experiência de disputar uma edição olímpica. “É surreal ir no refeitório e ter quatro mil pessoas, de esportes diferentes”, conta, empolgada, mas também notando as diferenças culturais. “No Brasil a gente abraça muito as pessoas. Aqui tem gente que eu vou abraçar e a pessoa recua. É estranho”, comenta.
Assim, ainda que a medalha não seja possível, a bagagem da brasileira voltará mais cheia para casa. “Vim para aprender o máximo possível. Claro que o objetivo é levar a medalha, mas o principal é crescer como atleta e isso está sendo muito bom”, comemora Ana Luiza.
Ana Cláudia Felizola, de Buenos Aires, na Argentina – Rededoesporte.gov.br