Lutas
Lima 2019
Aline Silva leva a prata e se torna a brasileira com mais medalhas do wrestling no Pan
Com três participações em Jogos Pan-Americanos, a lutadora Aline Silva se despede de Lima com o título de recordista nacional de medalhas do wrestling na maior competição das Américas. No histórico, a atleta de 32 anos coleciona um bronze e duas pratas, uma delas conquistada nesta sexta-feira (09.08), no ginásio do Coliseu de Callao.
Numa luta final difícil, a brasileira caiu diante da canadense Justina Di Stasio e ficou com a prata na categoria até 76 kg. “Foi quase. Um dia a gente chega lá. Vamos continuar lutando”, destacou a atleta, que foi prata em Guadalajara (2011) e bronze em Toronto (2015).
A luta decisiva acabou em empate por 1 x 1 e foi decidida após os técnicos brasileiros pedirem uma revisão. A estratégia era comprovar a virada da atleta canadense. “Toda vez que peço vídeo, se eu estiver errada perco um ponto. Perder um ponto já não importava mais porque o último ponto tinha sido dela”, explicou. Para enfrentar a canadense, Aline venceu nas quartas de final a atleta da casa, Diana Cruz, por 7 x 0, e superou a cubana Mabelkis Capote na semifinal, por 2 x 1.
“Estou buscando alguns treinos diferentes porque minhas adversárias têm me estudado muito. Vou para Montreal antes do Mundial. Eles têm um estilo totalmente diferente. Estou com boas expectativas”
Aline Silva, medalha de prata na categoria -76kg
Longe das lonas por cerca de dez meses para se recuperar de uma cirurgia no joelho e de uma trombose no início do ano, a atleta celebrou o desempenho nos Jogos Pan-Americanos de Lima. “Eu estava super receosa para voltar e meu retorno acabou sendo melhor do que eu esperava”, contou Aline, que foi prata no Mundial de 2014.
País do wrestling
De olho em Tóquio, Aline viajará neste mês para um camping no Canadá. A ideia, segundo ela, é se preparar para o Mundial que será realizado em setembro no Cazaquistão – primeira seletiva para os Jogos Olímpicos, em que os cinco primeiros colocados se classificam. “É o tipo de trabalho que a gente tem que buscar. Tóquio está aí”.
O objetivo do treino fora do país é renovar a estratégia. “Eu estou buscando alguns treinos diferentes porque minhas adversárias têm me estudado muito. Exemplo é a canadense de hoje. Eu não quero que isso aconteça. Eu vou para Montreal antes do Mundial. Estive lá em julho. Eles têm um estilo totalmente diferente. Estou com boas expectativas”.
Confiante, ela garante que o país tem condição de sair com a vaga antecipada para os Jogos. “A gente está criando a nossa tradição. Já não é como antes que a gente chegava nesses campeonatos desacreditados. Agora respeitam a gente. Principalmente o feminino. Sabem que não estamos lá de brincadeira. Estamos lá para buscar”, disse. “Quantas vezes eu já cheguei em campeonato internacional e tive que ouvir que Brasil é o país do carnaval, do samba e futebol, mas não do wrestling. Então, cada vez que bato numa atleta de países tradicionais, me lembro disso”, brincou.
Estreia com bronze
Em sua primeira participação em Jogos Pan-Americanos, Laís Nunes conquistou o bronze na luta contra a venezuelana Nathali Griman, na categoria até 62kg, por 4 x 1. O segundo bronze da prova ficou com a atleta de Porto Rico Abnelis Yambo, que enfrentou a equatoriana Mayara Antes. A campeã pan-americana foi a americana Kayla Miracle, que derrotou a colombiana Jackeline Renteria por 12 x 0. “Eu vim procurando e esperando a de ouro. Trabalhei muito duro. Eu também estava no jogo e saí daqui com uma das melhores da América”, comemorou a campeã dos Jogos Sul-americanos Cochabamba 2018. Nas quartas de final, a brasileira foi derrotada pela americana por 8 x 1.
“Infelizmente na primeira luta eu tive revés, ela passou e eu consegui ir pra disputa de bronze. Estou feliz pela medalha. Estou no meu primeiro Jogos Pan-Americanos, único que faltava na minha carreira. Então ter saído com uma medalha foi satisfatório, apesar de não ser a que eu queria”, completou.
Oito dos nove lutadores da seleção de wrestling em Lima são contemplados pelo Bolsa Atleta, do Ministério da Cidadania, num investimento anual de R$ 425,7 mil
Também estreante no Pan, o lutador Daniel Nascimento perdeu para o cubano Reineri Andreu, na repescagem pelo bronze na categoria até 57kg, por 10 x 0. Nas quarta de final, ele também perdeu com o mesmo placar para o americano Dalton Fix. Daniel, que completa 21 anos na próxima semana, foi bronze no Pan-Americano júnior de 2017.
Investimento e pódio
Com nove atletas em Lima, a modalidade soma três medalhas. Além das conquistas de Aline e de Laís, Giullia Penalber foi bronze na categoria até 57kg na quinta-feira (08.08). A brasileira venceu por encostamento a nicaraguense Paula Ramirez na decisão de um dos terceiros lugares da divisão de peso.
Todos os pódios foram conquistados por atletas apoiados pelo Bolsa Atleta. Oito dos lutadores da seleção em Lima são contemplados pelo programa do Ministério da Cidadania, num investimento anual da ordem de R$ 425,7 mil. Cinco também fazem parte do Programa de Atleta de Alto Rendimento das Forças Armadas. Atualmente, 155 atletas da modalidade são apoiados pelo Bolsa Atleta, o que representa um aporte de R$ 2,4 milhões ao ano.
Programação
A última competição da modalidade será nesta sábado (10.08), a partir das 12h (de Brasília), com o brasileiro Antoine Jaoude, na categoria até 125kg. Esta é a quinta participação do atleta em Jogos Pan-americanos, aos 42 anos. Jaoude conquistou a prata em Santo Domingo (2003).
Cynthia Ribeiro, de Lima, no Peru – rededoesporte.gov.br