Alemanha é eliminada na primeira fase pela primeira vez em 80 anos

Faz tempo, muito tempo. Era apenas a terceira edição da Copa do Mundo, em 1938. A Segunda Guerra Mundial nem havia começado. Pois foi há 80 anos, na edição do torneio disputado na França, a última vez que a Alemanha se despediu de uma Copa do Mundo na primeira fase. O episódio se repetiu novamente nesta quarta-feira (27.06), em Kazan, na Rússia. Num placar difícil de prever em qualquer bolão, a Coreia do Sul bateu os atuais campeões por 2 x 0.

"Nesse momento é difícil dizer porque fomos eliminados. O desapontamento é grande, mas a verdade é que não merecemos vencer a Copa de novo e não merecemos nos classificar para as oitavas. Nosso time, nesse jogo, perdeu a facilidade de jogar e a classe que normalmente apresentamos. O dinamismo que nos leva a criar oportunidades de gol também não estava lá. Merecemos ser eliminados"

Joachim Löw, técnico da Alemanha

Com o resultado, a equipe comandada pelo técnico Joaquim Joachim Löw acumulou duas derrotas e uma vitória no Grupo F, e acabou amargando a última posição. "Nesse momento é difícil dizer porque nós fomos eliminados. O desapontamento é muito grande, mas a verdade é que nós não merecemos vencer a Copa de novo e não merecemos nos classificar para as oitavas. Nosso time, nesse jogo, perdeu a facilidade de jogar e a classe que normalmente apresentamos. O dinamismo que nos leva a criar oportunidades de gol também não estava lá. Assim, merecemos ser eliminados", afirmou o treinador Joachim Löw.

A Suécia, que venceu o México por 3 x 0, acabou em primeiro lugar, com os mesmos seis pontos da equipe da América do Norte. A Coreia do Sul somou três pontos e superou a Alemanha nos critérios de desempate, mas ainda assim acabou eliminada.

"Eu me sinto ótimo mas ao mesmo tempo um pouco vazio, então há uma ambivalência. Ontem eu falei para os jogadores que havia apenas um por cento de chance, mas ainda assim valia o esforço final e falei para eles lutarem até o fim", afirmou o técnico da Coreia do Sul, Shin Taeyong. "A Alemanha defendia o título e é a número um no ranking da FIFA, então eu pensei que erros a Alemanha poderia fazer, porque eles provavelmente pensariam que poderia nos vencer. Todo mundo pensava. Eu pensei que a gente poderia usar isso como uma estratégia reversa", completou.

Apenas seis vezes na história o campeão de uma edição da Copa do Mundo foi eliminado na primeira fase do torneio seguinte. O fato curioso é que quatro dessas seis vezes ocorreram nas edições mais recentes. Com exceção do Brasil, que sobreviveu à fase de grupos em 2006 após vencer a Copa em 2002, França (campeã em 1998), Itália (campeã em 2006), Espanha (2010) e, agora, a Alemanha (2014), caíram na preliminar na oportunidade de defender o título conquistado.

Mesmo sem fazer uma partida inspirada, a Alemanha esteve no campo da Coreia o tempo inteiro, mas não criou tantas chances perigosas quanto o torcedor estava acostumado a ver. Além disso, as que chegaram ao gol pararam nas mãos seguras do goleiro Jo Hyeonwoo, eleito pela FIFA o melhor em campo. "Eu nunca tive um jogo tão perfeito quando esse em minha carreira inteira. Todos os jogadores e o técnico estavam jogando pelo povo da Coreia, nós nos tornamos um só pelo povo coreano. Só depois do jogo que nós percebemos que o placar não foi suficiente para a classificação, e é por isso que alguns de nós ficamos desapontados e choramos", afirmou o goleiro.

Os coreanos tinham o contra-ataque à disposição, mas esbarravam em questões técnicas para resolver o jogo. O primeiro gol do jogo, como tem sido comum nesse Mundial, saiu nos acréscimos, aos 48 minutos do segundo tempo. Após confusão na área, a bola sobrou limpa com Kim Younggwon, que tirou do alcance de Neuer. Num primeiro instante, o gol foi anulado, sob indicação de impedimento. A decisão foi revista após consulta ao árbitro de vídeo.

Já no fim dos acréscimos, e no desespero, Neuer partiu para reforçar o ataque aos 51 minutos, perdeu a bola próxima à área coreana e Ju Sejong deu um chutão que virou uma assistência para Son Heungmin, sem goleiro, apenas empurrar para o fundo do gol e decretar o placar final.

Resumo da aflição mexicana: um olho no gramado e outro no celular para conferir o resultado do jogo da Alemanha. Foto: Getty Images

Desespero e alívio mexicanos

A equipe mexicana era vista, até rolar a bola nesta quarta em Ekaterimburgo, como uma das boas surpresas da Copa. Estreou vencendo a Alemanha por 1 x 0 numa partida heroica, e chegou aos seis pontos ao superar a Coreia do Sul por 2 x 1 na segunda rodada. Dependia de um empate diante da Suécia para se classificar como líder do grupo, com tranquilidade. O que se viu em campo, contudo, fez com que muitos dos torcedores mexicanos ficassem à beira de um colapso nervoso.

Após uma primeira etapa igual e sem gols, a Suécia transformou o volume de jogo em gols. Em três, para ser preciso. Três gols que deixavam o México perigosamente próximo da eliminação. Bastava a Alemanha fazer um gol no outro jogo e a sina de eterna promessa potencial se transformar em realidade mais uma vez. Os gols foram marcados por Augustinsson, aos 5 minutos, Granqvist, de pênalti, aos 17, e Alvarez (contra), aos 29.

No fim, a aflição no estádio de Ekaterimburgo se transformou em festa para os 33.061 torcedores com os gols sul-coreanos em Kazan. A Suécia se classificou em primeiro e o México, em segundo. Os torcedores mexicanos saíram do estádio entoando cânticos de apoio à Coreia do Sul.

"Nós realmente trabalhamos como time, o time todo. Nós sempre queremos fazer tudo para dar aos jogadores a chance de ter sucesso no campo. Eu estou incrivelmente orgulhoso e tocado de pensar em como jogamos a partida inteira", afirmou o técnico da Suécia, Janne Andersson. 

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