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Natacao paralímpica

18/09/2016 21h27

Natação

Multimedalhistas, Daniel Dias e Clodoaldo Silva comentam resultados na Paralímpiada

Dono de nove medalhas no Rio e agora do maior número de pódios da natação nos Jogos entre os homens, Daniel analisa o sucesso em casa. Já Clodoaldo faz piada ao anunciar a aposentadoria das piscinas

Os dois principais nomes da natação paralímpica brasileira, Daniel Dias e Clodoaldo Silva, se reuniram, neste domingo (18.09), no Estádio Aquático do Parque Olímpico para concederem entrevista coletiva. Juntos, os atletas, que somam 38 medalhas paralímpicas – 14 conquistadas por Clodoaldo e 24 por Daniel – analisaram o desempenho da modalidade nos Jogos do Rio de Janeiro.

Clodoaldo e Daniel: clima de festa na conversa com os jornalistas. Foto: Washington Alves/MPIX/CPB

Daniel Dias foi o esportista mais premiado na competição. O nadador conquistou nove medalhas. Foram quatro ouros (100m livre S5, 50 livre S5, 50m costas S5 e 200m livre S5), três pratas (4 x 100m livre 34P, 100m peito SB4 e 4 x 50m livre 20p) e dois bronzes (50m borboleta S5).

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“Nem nos melhores sonhos imaginava isso. Tinha objetivo de nadar seis provas individuais e conquistar medalhas em todas elas e, no revezamento, dar o melhor e ajudar meus companheiros a conquistar medalhas. Ganhar nove medalhas é sensacional! A ficha ainda não caiu”, afirmou o atleta, que foi além e extrapolou as fronteiras do Brasil ao se tornar o maior medalhista da história da natação paraolímpica, superando a marca do australiano Matthew Cowdrey, que era o recordista com 23 medalhas.

“Nem nos melhores sonhos imaginava isso. Tinha objetivo de nadar seis provas individuais e conquistar medalhas em todas elas e, no revezamento, dar o melhor e ajudar meus companheiros a conquistar medalhas. Ganhar nove medalhas é sensacional! A ficha ainda não caiu”
Daniel Dias

“Realmente não estava fazendo essa conta. Procurei viver a cada dia, acabou dando nove medalhas, me tornei o maior medalhista masculino da natação, mas tem uma mulher que está muito longe, acho que não chego lá”, brincou o atleta fazendo referência à americana Trischa Zorn, que subiu 55 vezes ao pódio paraolímpico.

Daniel também comentou sobre o surgimento de atletas chineses e ucranianos, até então eram desconhecidos, mas que abocanharam medalhas que poderiam ser brasileiras. “Temos que fazer o nosso trabalho, que é nadar e dar o nosso máximo. Assim como surgiu Daniel Dias e André Brasil, surgiram esses caras. Isso mostra que o esporte paralímpico está em alto nível”, analisou.

Tubarão aposenta a touca

Fã declarado de Clodoaldo Silva, Daniel Dias assistiu ao “tubarão” anunciar oficialmente sua aposentadoria das piscinas na tarde deste domingo. No Rio de Janeiro, Clodoaldo conquistou uma medalha de prata quando nadou ao lado de Daniel no revezamento misto 4 x 50m.

Sempre sorrindo, Clodoaldo anunciou a aposentadoria fazendo piada: “Não vou pendurar mais a minha sunga porque meus colegas me convenceram que é obsceno. Vou pendurar os óculos e a touca”, disse.

Daniel Dias e Clodoaldo Silva em ação e no pódio do Rio 2016. Fotos: CPB

O atleta também brincou com a própria idade, 37 anos, “São cinco Paralimpíadas. Estou velho pra caramba!”. Multipremiado, Clodoaldo afirmou que sua meta no esporte nunca foi conquistar medalhas. “Nossa maior missão não é estar no lugar mais alto do pódio. Nossa maior missão é incentivar pessoas, seja no esporte, seja na vida”.

“Não vou pendurar mais a minha sunga porque meus colegas me convenceram que é obsceno. Vou pendurar os óculos e a touca”
Clodoaldo Silva

As primeiras medalhas paralímpicas conquistadas por Clodoaldo vieram em Sydney 2000, quando o atleta trouxe para o Brasil quatro premiações. A partir daí, o nadador foi ganhando notoriedade e subiu ao pódio em todas as edições das paralímpiadas seguintes.

A aposentadoria, segundo Clodoaldo, estava prevista para acontecer depois Londres 2012. Mas o atleta voltou atrás por conta da filha.

“Em Londres estava tudo programado para eu parar, mas uma das principais coisas que me fizeram continuar foi o nascimento da minha filha. Eu queria que ela me visse não em imagens, com alguém contando para ela. Queria vê-la na arquibancada, torcendo e dizendo: 'vai papai, vai papai'. Ela já sabe nadar e me incentiva pra caramba. Ela tinha que assistir tudo aquilo", contou.

Muito amigos, Clodoaldo e Daniel brincavam um com o outro durante toda a coletiva. “É um cara sensacional, sempre me apoiou. Passamos por grandes momentos juntos, rimos e choramos muito”, disse Daniel.

“Agora é descansar, curtir a família, o momento e depois pensar no que vou fazer. Vou tocar minha vida. Sou padrinho de projetos de apoio a atletas e vou pensar em coisas novas” avisou Clodoaldo, que certamente como atleta vai deixar saudades.

João Paulo Machado – brasil2016.gov.br