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Ginastica artística

30/07/2019 01h59

LIMA 2019

Ouro e prata: Caio Souza e Arthur Nory fazem dobradinha inédita no individual geral

País não tinha medalha na prova masculina da ginástica artística em edições anteriores dos Jogos Pan-Americanos

Jogos Pan-Americanos Lima 2019

O Brasil chegou à Villa El Salvador de Lima nesta segunda-feira (29.07) com a bagagem de 21 medalhas conquistadas pela ginástica artística masculina em Jogos Pan-Americanos. Nenhuma delas, contudo, era fruto de um pódio no individual geral. A prova que soma os seis aparelhos e elege o ginasta mais completo das Américas tem agora não apenas um, mas dois brasileiros no topo. Caio Souza, com o ouro, e Arthur Nory, com a prata, foram os responsáveis pela dobradinha inédita para o Brasil.

Classificado apenas com a quinta melhor nota (81.550) no último domingo (28), Caio não tinha o posto de favorito ao título. O ginasta superou o norte-americano Robert Neff, primeiro colocado na qualificatória (82.350), e o próprio colega de time, medalhista olímpico e segundo colocado na véspera (82.200), Arthur Nory, para somar 83.500 pontos. Nory veio logo depois, com 82.950, enquanto o bronze ficou com o canadense Cory Paterson (82.200).

Nory e Caio: pela primeira vez o Brasil tem ginasta no pódio do Pan no individual geral, que define o atleta mais completo da competição. Foto: Claudio Cruz / Lima 2019

Há até poucos dias, Caio não sabia nem se estaria no elenco de Lima. O atleta passou por uma cirurgia no tornozelo esquerdo em maio, e precisou se recuperar a tempo de estar entre os convocados. “Passei por um processo cirúrgico e estava na incerteza se daria tempo, se faria quatro ou seis aparelhos. A cada dia que foi passando, trabalhando firme, eu consegui estar na equipe para representar os seis aparelhos. A cada aparelho foi saindo um pouco o peso dessa cirurgia”, contou Caio, que chorou muito diante da confirmação do ouro.

“Eu chorei por conta do Pan de Toronto. Lá fiquei em quarto, muito próximo do terceiro. Aqui mostra a minha evolução”, avaliou o atleta, que no Canadá também levou o bronze na final do salto. Ainda engasgado com a medalha que escapou há quatro anos, Caio veio ao Pan de Lima para reescrever a própria história. “Eu vim muito focado. Saí do Brasil falando para o pessoal: ‘eu vou fazer história nesse Pan’. Eu consegui, nós conseguimos duas medalhas nos lugares mais altos do pódio”, comemorou.

Amigos de longa data, Caio e Nory celebraram a companhia um do outro também no pódio pan-americano, depois de se ajudarem e de vibrarem juntos durante a disputa. “A gente se conhece muito bem, desde pequenos. Sabemos o que o outro precisa ouvir, em que precisa de ajuda. Isso é o trabalho em equipe que a gente tem sempre. Quando viajamos, estamos sempre no mesmo quarto, estamos juntos como equipe, como amigos, como família”, definiu Nory, com a prata pendurada no peito.

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No cavalo com alças e na barra fixa, Caio e Nory alcançaram as mesmas notas. Foto: Pedro Ramos/ rededoesporte.gov.br

A prova

Nesta segunda-feira, a evolução de Caio Souza, melhorando a nota em praticamente todos os aparelhos em relação à classificatória, foi fundamental para a conquista do ouro. O caminho dos brasileiros teve início no solo. Caio abriu a prova com 13.600, bem superior aos 12.700 da véspera. Nory foi ainda melhor e marcou 14.050, também superando os 13.750 anteriores. Em seguida, passaram pelo cavalo com alças, aparelho que tem complicado a vida dos brasileiros: 12.950 para cada um.

Foi nas argolas que Caio conseguiu a nota que o colocaria na liderança para toda a segunda metade da disputa: 14.250. Nory somou 13.050 e aparecia, então, apenas em sexto lugar. O salto foi decisivo para abrir espaço para a dobradinha brasileira. Nory marcou 14.650, e Caio conseguiu 14.600. 

Nos dois últimos aparelhos, bastava manter o desempenho para confirmar o resultado inédito. Caio ainda teve uma falha nas paralelas e fez 13.700, enquanto Nory marcou 13.850. A disputa foi encerrada com apresentações praticamente perfeitas na barra fixa. Ao cravar a série, Caio gritou, pulou, chamou a torcida, ajoelhou-se no chão. Os 14.400 de cada um – mais uma vez a mesma nota – confirmaram o ouro, a prata e a execução do Hino Nacional.

Em apenas três dias de provas, a ginástica artística brasileira já conquistou o ouro com a equipe masculina, o bronze com a equipe feminina, outro bronze com Flávia Saraiva no individual geral feminino e, agora, o ouro e a prata no masculino. E há várias finais pela frente. Entre os homens, Arthur Nory ainda disputa as finais do solo, ao lado de Zanetti, da barra fixa, com Francisco Barreto, e das paralelas, com Caio. Barreto está também na final do cavalo, enquanto Zanetti e Caio Souza competem ainda nas argolas. O estreante Luís Porto disputa a final do salto.

Investimento 

Dos 10 atletas brasileiros da ginástica artística que estão em Lima, nove são contemplados pelo Bolsa Atleta, num investimento de R$ 728,7 mil ao ano. Atualmente, 71 atletas da modalidade são apoiados pelo programa, com um investimento anual de R$ 1,9 milhão.

Programação 

30.07
15h – Final por aparelho – solo (masculino)
15h40 – Final por aparelho – salto (feminino)
15h40 – Final por aparelho – cavalo com alças (masculino)
17h10 – Final por aparelho – assimétricas (feminino)
18h – Final por aparelho – argolas (masculino)

31.07
15h – Final por aparelho – trave (feminino)
15h – Final por aparelho – salto (masculino)
16h20 – Final por aparelho – solo (feminino)
16h20 – Final por aparelho – paralelas (masculino)
17h10 – Final por aparelho – barra fixa (masculino) 

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Ana Cláudia Felizola, de Lima, no Peru – rededoesporte.gov.br