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17/03/2018 10h19

Jogos Paralímpicos de Inverno

Curling em cadeira de rodas dá o primeiro ouro paralímpico de inverno para a China

Equipe asiática venceu a Noruega por 6 x 5 na final. Medalha de bronze ficou com o Canadá, que superou a Coreia do Sul por 5 x 3

Sede das próximas Paralimpíadas de Inverno, a China vivia um desconforto em PyeongChang. O quadro de medalhas dos Jogos de 2018 insistia em ficar com números zeros ao lado da bandeira do país asiático. A mudança veio no penúltimo dia de competições na Coreia do Sul. A vitória da equipe mista da China no curling em cadeira de rodas, no Parque Olímpico de Gangneung, veio com um leque de simbologias.

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Chineses comemoram o ouro inédito na modalidade e no país. Foto: Joel Marklund/OIS/IOC

A primeira nasceu na véspera. Para chegar à final, os chineses superaram os poderosos canadanenses, hegemônicos no curling, por 4 x 3. A jogada de Wang Haitao para selar o triunfo viralizou nas redes sociais ligadas ao esporte adaptado, de tão precisa e sensacional. Desde que a modalidade passou a integrar o programa paralímpico, nos Jogos de Torino, na Itália, em 2006, todos os ouros haviam sido conquistados pela equipe da América do Norte.

"No início, eu confesso que estava nervoso. Senti a pressão. Estava cometendo erros. Agora posso relaxar e ficar feliz"
Wang Haitao

Na final, os adversários eram os noruegueses, campeões mundiais. O jogo teve muitos ingredientes de tensão. Nenhuma das equipes conseguiu abrir mais de dois pontos. O equilíbrio foi a tônica até o último end (na modalidade, os sets são batizados de ends) e a partida terminou 5 x 5. Nessas situações, um end extra é realizado. De pedra em pedra posicionada e tirada pelo adversário, restou uma chinesa no alvo, para dar aos asiáticos o ouro pela diferença mínima.

"No início, confesso que estava muito nervoso. Senti a pressão do jogo. Cometi muitos erros", afirmou Wang Haitao, capitão do time. "Agora posso relaxar e ficar feliz. Sei que todos os meus amigos e familiares estavam assistindo ao jogo pela televisão. Agora posso celebrar com eles", afirmou o atleta, um dos cinco integrantes do time, ao lado de Chen Jianxin, Liu Wei, Wang Meng e Zhang Qiang.

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Final foi um jogo de estratégia definido no end extra por apenas um ponto de vantagem. Foto: Joel Marklund/OIS/IOC

A medalha é a primeira da China no curling. Mais do que isso, é a primeira da China na história dos Jogos Paralímpicos de Inverno. A campanha foi incontestável. Na fase de classificação, os 12 times jogaram entre si. A China venceu nove dos 11 compromissos, mesma campanha de Canadá e Coreia do Sul. Com as vitórias na semi e na decisão, foram 13 sucessos e dois tropeços, aproveitamento de 84% dos jogos.

A Noruega, por sua vez, chegou à decisão com um histórico de instabilidade. Perdeu quatro das 11 partidas na fase de classificação. Até por isso, os atletas valorizaram a prata. "Acho que fizemos uma ótima final", afirmou o capitão norueguês, Rune Lorentsen. "Tivemos alguns erros bobos em alguns ends, o que foi uma pena, porque tivemos várias chances de abrir vantagem, mas está de ótimo tamanho".

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Coreanos até tentaram, mas não conseguiram o bronze contra o canadenses. Foto: Joel Marklund/OIS/IOC

Bronze canadense

Na disputa do bronze, um anticlima para a torcida local que encheu o ginásio. Os coreanos lutaram bastante, mas acabaram superados pelo Canadá por 5 x 3. "Eu até me emocionei ao fim porque meus filhos, minha mulher e meus pais estão aqui", afirmou o capitão do time canadense, Mark Ideson.

Quadro de medalhas de PyeongChang tem 26 países, sendo que 20 conquistaram pelo menos um ouro 

"Em 2007, depois de meu acidente, eu jamais poderia imaginar que estaria nessa posição", afirmou o atleta, em referência a um grave acidente de helicóptero que sofreu. Ele era piloto estava testando a aeronave quando houve uma pane e ela caiu de uma altura de 700 metros em um campo congelado numa fazenda. Ideson quebrou 29 ossos, incluindo dois no pescoço que causaram lesão cervical.

Quadro inclusivo

Com o resultado no curling, o quadro de medalhas dos Jogos Paralímpicos de PyeongChang já abriga 26 países, sendo que 20 conquistaram pelo menos um ouro. É a edição com maior quantidade de nações contempladas com pódios. A liderança folgada é dos Estados Unidos, que soma 35 medalhas (12 ouros, 15 pratas e 8 ouros). Em segundo lugar aparecem os atletas que competem por bandeira neutra, em geral os russos, com 24 medalhas, sendo oito de ouro, 10 de prata e seis de bronze. O Canadá é o terceiro, também com 24 medalhas e oito de ouro, mas apenas uma prata.

Regras do jogo

No curling paralímpico, as equipes são mistas, formadas por homens e mulheres. Cada jogo tem oito ends. Quando um jogador lança a pedra, outros integrantes do time costumam segurar a cadeira de rodas para garantir que ela fique firme. Os pés do jogador não podem tocar na superfície do gelo durante o lançamento. Na hora do arremesso, os atletas podem usar mãos e braços ou uma vara de lançamento. O que não pode é alternar entre os métodos durante uma mesma partida. 

Campanha campeã

Fase da classificação
China 9 x 4 Suécia
China 10 x 1 Noruega
China 7 x 3 Alemanha
China 6 x 4 Finlândia
China 8 x 2 Suíça
China 5 x 8 Canadá
China 6 x 4 EUA
China 9 x 2 Eslováquia
China 10 x 4 Atletas Russos
China 6 x 7 Coreia do Sul
China 9 x 3 Grã-Bretanha

Semifinal
China 4 x 3 Canadá

Final
China 6 x 5 Noruega

Gustavo Cunha, de PyeongChang, na Coreia do Sul - rededoesporte.gov.br