Tenis de mesa
LIMA 2019
Calderano e Tsuboi conquistam o ouro das duplas masculinas no tênis de mesa
Hugo Calderano deixou a Vila dos Atletas às 9h13 da manhã, nesta terça-feira (06.08). Com duas malas nas mãos, foi para o ginásio localizado na Villa Desportiva Nacional (Videna) pronto para passar longas horas ali dentro. O dia reservava para ele as disputas individuais e, apenas às 20h (22h em Brasília), a grande final das duplas masculinas ao lado de Gustavo Tsuboi. Administrando cansaço, alimentação e a pressão pelo título, os brasileiros superaram os argentinos Gaston Alto e Horacio Cifuentes em uma partida acirrada por 4 x 2 (11/6, 12/14, 8/11, 11/6, 12/10, 12/10) para, enfim, comemorarem a conquista do ouro.
“Foi muito bom conseguir o primeiro ouro do tênis de mesa para o Brasil. Acho que jogamos muito bem nessa final. A gente sabia que não ia ser fácil, os argentinos lutaram muito até o fim. Acho que foi decisivo nos pontos importantes a gente conseguir jogar um pouco melhor”, avaliou Calderano.
De fato, houve luta dos dois lados, embalada por torcidas igualmente intensas, em uma partida com 1h05min de duração. Depois de vencerem um primeiro set tranquilo em 11/6, os brasileiros foram surpreendidos na parcial seguinte por impressionantes 9/0 dos rivais. Calderano e Tsuboi conseguiram a inacreditável reação para empatar e virar a parcial em 11/10. Ainda assim, os argentinos confirmaram a vitória do árduo set em 14/12.
“Quando isso acontece, é importante manter a calma. Ainda estava 1 x 1. A gente sentiu o 2 x 0 escapar pela mão, mas não adiantava ficar pensando no set que já tinha passado. Era focar no próximo”, explicou Calderano.
Confiantes, Gaston Alto e Horacio Cifuentes ainda levaram a parcial seguinte em 11/8 para passar na frente no placar. Calderano e Tsuboi tiveram trabalho para empatar e virar novamente. Com a calma e a agressividade igualmente necessárias, conseguiram 11/6 e, em seguida, dois duros sets em 12/10 para confirmar o título.
“Hoje finalizei o dia com uma história melhor. Ontem o ouro acabou escapando, mas hoje a gente conseguiu essa medalha para o Brasil”, comemorou Tsuboi, que na última segunda-feira (5) ficou com a prata na dupla mista ao lado de Bruna Takahashi. “Acho que foi uma ótima campanha. Começamos perdendo por 3 x 0 para a dupla de Cuba e conseguimos a virada. Com Porto Rico poderia ser um pouco mais tranquilo, mas sofremos para vencer. Hoje não foi diferente contra a Argentina, eles jogaram muito bem”, analisou o experiente atleta, que agora soma quatro ouros e três pratas em Jogos Pan-Americanos. Nos próximos dias, ainda pode acrescentar ao currículo mais um título por equipes.
Dois bronzes garantidos
Nesta terça-feira (6), o Brasil ainda assegurou outras duas medalhas no tênis de mesa. Depois de vencerem as partidas das oitavas e das quartas de final, Bruna Takahashi e Hugo Calderano avançaram nas disputas individuais e já têm no mínimo o bronze nas mãos.
Número 6 do mundo, Calderano estreou direto nas oitavas de final com vitória diante do chileno Juan Lamadrid, por 4 x 1 (11/6, 11/7, 7/11, 11/9, 11/1). Horas depois, voltou à mesa para comprovar uma incontestável superioridade, vencendo o mexicano Marcos Madrid por 4 x 0 (11/8, 11/5, 11/8, 11/5), em uma partida de apenas 27 minutos de duração.
“O jogo anterior foi um pouquinho inconstante. Eu comecei bem, depois o chileno começou a voltar no jogo. No final joguei muito bem, ganhei o último set por 11/1. Agora acho que estou evoluindo conforme a competição vai se desenrolando. Espero que continue assim”, deseja o carioca de 23 anos, que amanhã encontra o canadense Eugene Wang, às 15h (horário de Brasília), por um lugar na grande final.
O título no individual masculino e feminino garante vaga antecipada para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Calderano, no entanto, prefere deixar esse benefício em segundo plano. “Acho que isso dá um pouquinho mais de importância para o Pan, mas para mim o principal é conseguir esse título. No tênis de mesa há muitos atletas participando das Olimpíadas, então com certeza eu vou conseguir essa vaga olímpica eventualmente, mas claro que é sempre bom classificar desde cedo”, pondera.
A brasileira Bruna Takahashi concorda. “Pode ser até um parasita você pensar que é uma vaga para os Jogos Olímpicos. Você tem outras chances de se classificar. Eu tento deletar essa parte, só jogar e dar o meu máximo”, afirma. Nesta terça, Bruna venceu Yasiris Ortiz, da República Dominicana, por 4 x 0, nas oitavas de final. Em seguida, encarou um árduo duelo com a norte-americana Lily Zhang.
Número 69 do ranking mundial, a brasileira encontrou a rival de número 66 em uma luta de 58 minutos de muita igualdade técnica. Nos dois primeiros sets, Bruna não conseguiu acertar o jogo e saiu perdendo com os largos placares de 11/6 e 11/5. Dali em diante, a brasileira mudou de postura: começou a gritar a cada ponto obtido e, crescendo no jogo, fechou as duas parciais seguintes em 11/9 para empatar o duelo em 2 x 2. Dona de quatro medalhas em Jogos Pan-Americanos, Lily Zhang ainda daria mais trabalho. A americana fechou o disputado quinto set em 11/8 e retomou a frente do placar.
A sexta parcial foi um pouco mais tranquila. Bruna conseguiu se impor, virar o placar em 7/6 e, com mais quatro pontos na sequência, fechou os 11/6 para empatar, mais uma vez, o jogo. Restava o sétimo e decisivo set. Disputado ponto a ponto, com as jogadoras muito niveladas, a parcial chegou a nervosos 9/9, antes que Bruna conseguisse confirmar a vitória em 11/9 e o jogo em 4 x 3.
“Como ela começou com 2 x 0, tive que mudar taticamente, os saques, a recepção, para ficar melhor na minha parte e mais agressiva. Encostei 2 x 2, mas, quando ela fez 3 x 2, tive que mudar de novo”, explicou a brasileira. “Consegui empatar e no último set não tinha mais o que mudar, as duas estavam acertando bastante. Acho que o que pecou mais foi a cabeça no 9/9. Em momentos de pressão, é muito difícil lidar com isso. Graças a Deus deu tudo certo e estou muito feliz de ter garantido o bronze. Agora a nova meta é conseguir o ouro”, adiantou.
Nesta quarta-feira (7), a jogadora encara Adriana Diaz na semifinal, a mesma que a superou na noite passada, durante a semifinal de duplas femininas, e acabou com o ouro da categoria ao lado da irmã Melanie. A atleta de Porto Rico figura em 30o lugar no ranking mundial. “Eu vou tentar levar de igual para igual. Sei que a Adriana é uma das favoritas, mas vou tentar deletar o nome dela e dar o meu máximo. Conheço o estilo de jogo dela, ela conhece o meu”, contou Bruna.
Além de já ter garantido um lugar no pódio individual, a brasileira também foi bronze das duplas femininas, com Jéssica Yamada, e levou a prata nas duplas mistas, ao lado de Gustavo Tsuboi. Em Lima, ainda vai representar o Brasil no evento por equipes.
Já Gustavo Tsuboi e Jéssica Yamada caíram nas oitavas de final e estão fora das disputas individuais. Tsuboi foi eliminado por Jiaji Wu, da República Dominicana, por 4 x 2 (11/5, 5/11, 11/7, 9/11, 11/9, 11/9). Jéssica perdeu para a americana Yue Wu, por 4 x 3 (5/11, 5/11, 6/11, 11/3, 15/13, 11/7, 8/11).
Investimentos
Cinco dos seis atletas da delegação brasileira no tênis de mesa são integrantes do Bolsa Atleta, programa da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. Hugo Calderano faz parte da categoria pódio, a mais alta, enquanto Bruna Takahashi, Caroline Kumahara e Gustavo Tsuboi integram a categoria olímpica, e Eric Jouti, a Internacional. O investimento federal no quinteto é de R$ 230 mil anuais.
No tênis de mesa como um todo, atualmente há 126 atletas incluídos entre os bolsistas federais, num investimento anual de R$ 1,74 milhão. A ampla maioria é da faixa Nacional (92).
Ana Cláudia Felizola, de Lima, no Peru – rededoesporte.gov.br